17 de julho de 2014

A alegria e o sabor das festas Juninas


                                                                                     Salete Pimenta Tavares

          Os historiadores contam que as comemorações juninas surgiram na época pré-gregoriana, em comemoração à fartura das colheitas, quando se realizava uma grande festa pagã para agradecer a fertilidade da terra. Essa festa era realizada no dia 24 de junho. Chegou ao Brasil através da colonização portuguesa. Outra versão diz que esta festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seria homenagem a São João. No princípio a festa era chamada de Joanina. As festas juninas são conhecidas como característica da Igreja Católica, por manter culto de veneração a três santos: São João, Santo Antonio e São Pedro. Essas festas coincidem com a fase da colheita de alguns produtos, principalmente a do milho. Daí a celebração animada pela boa safra. Daí a justa alegria de quem lavrou, cuidou e colheu. Portanto, nessa época o milho está em evidência em nossas plantações, sendo a base de todos os alimentos consumidos nas festas juninas.
Segundo pesquisas, tudo leva a crer que o milho é uma planta de origem mexicana. Por isso é que no México o seu uso é muito importante, sendo à base da alimentação da população. O milho é cultivado em diversas regiões do mundo, sendo os Estados Unidos, atualmente o maior produtor mundial. No Brasil, que também é um grande produtor e exportador do milho, o Paraná é o maior estado produtor seguido de Mato Grosso. Apesar de o milho ser um dos alimentos mais nutritivos que existem, contendo todos os aminoácidos conhecidos, além de alimentos minerais como o ferro, o fósforo, o potássio e o zinco, atualmente somente cerca de cinco por cento da produção brasileira se destina ao consumo humano. (pesquisa internet). O milho era o alimento básico de várias civilizações importantes ao longo dos séculos; entre elas estão os Olmecas, os Maias, os Astecas e os Incas.
As festas dos santos juninos ganharam grande expressão no Brasil. Dessa cultura religiosa surgiram a realização das quermesses, barraquinhas com comidas típicas, onde são vendidos deliciosos alimentos, barraquinhas de pescaria, corrida do saco, pau de sebo, as danças, principalmente a “Quadrilha”, que como todos sabem (e eu citei no meu artigo “Quadrilha Junina”, publicado no jornal Zona Sul, do mês de junho de 2006) é característica da França, onde foi dançada nos bailes da corte, e executada com o rítmo do seu criador Philipp Musard. Atualmente ela se expandiu e se desenvolveu principalmente no nordeste do Brasil, quando o povo deu variantes às partes em que ela se divide. E ainda existem as simpatias de casamento, crendices populares, músicas típicas da época, muitos fogos de artifício, leilões, bingos e os casamentos caipiras. Os balões também compõem este cenário, embora cada vez mais raros em função das leis que proíbem esta prática em virtude dos riscos de incêndio que representam.



A culinária típica das festas juninas consiste principalmente de pratos a base de milho. Dependendo da região onde a festa for realizada, a culinária pode ter um caráter peculiar. Como o mês de junho é a época da colheita do milho, havendo bastante fartura, grande parte dos doces, bolos e salgados relacionados às festividades são feitos desse alimento como a canjica, pamonha, curau, pipoca, bolo de milho, bom bocado, etc. Há algumas outras comidas características dessa festa: Arroz doce, Baba de moça, Maria mole, Cocada, Pé de moleque, Quindim, etc. E ainda a famosa bebida “Quentão”, que é feita com gengibre, pinga e canela. Uma coisa também marcante dessa época junina são as músicas. Geralmente elas são tocadas através dos seguintes instrumentos: sanfona, zabumba e triângulo. Muitas músicas foram criadas especificamente para esse período, como por exemplo: “Olha pro Céu Meu Amor” dos compositores José Fernandes e Luiz Gonzaga; “Capelinha de Melão” de João de Barro e Adalberto Ribeiro; “Pula a Fogueira” de João de Barro; “São João no Arraiá” de Zé Dantas; “São João Antigo” de Zé Dantas e Luiz Gonzaga e “São João do Carneirinho” de Luiz Gonzaga e Guio de Morais. Essa última é uma das mais cantadas talvez por causa desses versos: “Ai São João / São João do Carneirinho / Você é tão bonzinho / Fale com São José / Fale lá com São José / Peça pra ele me ajudar / Peça pra meu milho dá / Vinte espigas em cada pé”.
Por isso, o mês do São João, ou seja, o mês de junho é um mês delicioso, onde em todos os cantos do Brasil você encontra ótimas festas juninas, seguindo as muitas tradições que a data propõe. O mês de junho é marcado também pelas fogueiras, que servem como centro para a famosa dança da Quadrilha. Na região nordeste a festa dura os 30 dias do mês, e as cidades de Caruaru localizada em Pernambuco e Campina Grande, na Paraíba, disputam o título de “Maior São João do Mundo”. Atualmente a cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, também está realizando a sua festa junina durante todo o mês de junho, e o ponto alto da festa é a apresentação da peça “Chuva de Bala no País de Mossoró”, a qual está sendo bastante divulgada levando ao crescimento do turismo naquela cidade. Outras cidades como Martins e Portalegre também estão crescendo na realização de festas juninas, apresentando shows, danças e demais apresentações típicas da época, e investindo no turismo daquela região.
Apesar dos 30 dias de festa, as datas de comemorações oficiais são: 13 de junho, Santo Antonio, 24 de junho, São João e 29 de junho São Pedro e também São Paulo.
Enfim, a “Festa Junina” é, portanto, a segunda mais importante festa popular da cultura brasileira, ficando atrás somente dos festejos carnavalescos.


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