Salete Pimenta Tavares
Os historiadores contam que as
comemorações juninas surgiram na época pré-gregoriana, em comemoração à fartura
das colheitas, quando se realizava uma grande festa pagã para agradecer a
fertilidade da terra. Essa festa era realizada no dia 24 de junho. Chegou ao
Brasil através da colonização portuguesa. Outra versão diz que esta festa tem
origem em países católicos da Europa e, portanto, seria homenagem a São João.
No princípio a festa era chamada de Joanina. As festas juninas são conhecidas
como característica da Igreja Católica, por manter culto de veneração a três
santos: São João, Santo Antonio e São Pedro. Essas festas coincidem com a fase
da colheita de alguns produtos, principalmente a do milho. Daí a celebração
animada pela boa safra. Daí a justa alegria de quem lavrou, cuidou e colheu.
Portanto, nessa época o milho está em evidência em nossas plantações, sendo a
base de todos os alimentos consumidos nas festas juninas.
Segundo pesquisas, tudo leva a
crer que o milho é uma planta de origem mexicana. Por isso é que no México o
seu uso é muito importante, sendo à base da alimentação da população. O milho é
cultivado em diversas regiões do mundo, sendo os Estados Unidos, atualmente o
maior produtor mundial. No Brasil, que também é um grande produtor e exportador
do milho, o Paraná é o maior estado produtor seguido de Mato Grosso. Apesar de
o milho ser um dos alimentos mais nutritivos que existem, contendo todos os
aminoácidos conhecidos, além de alimentos minerais como o ferro, o fósforo, o
potássio e o zinco, atualmente somente cerca de cinco por cento da produção
brasileira se destina ao consumo humano. (pesquisa internet). O milho era o
alimento básico de várias civilizações importantes ao longo dos séculos; entre
elas estão os Olmecas, os Maias, os Astecas e os Incas.
As festas dos santos juninos
ganharam grande expressão no Brasil. Dessa cultura religiosa surgiram a
realização das quermesses, barraquinhas com comidas típicas, onde são vendidos
deliciosos alimentos, barraquinhas de pescaria, corrida do saco, pau de sebo,
as danças, principalmente a “Quadrilha”, que como todos sabem (e eu citei no
meu artigo “Quadrilha Junina”, publicado no jornal Zona Sul, do mês de junho de
2006) é característica da França, onde foi dançada nos bailes da corte, e
executada com o rítmo do seu criador Philipp Musard. Atualmente ela se expandiu
e se desenvolveu principalmente no nordeste do Brasil, quando o povo deu
variantes às partes em que ela se divide. E ainda existem as simpatias de
casamento, crendices populares, músicas típicas da época, muitos fogos de
artifício, leilões, bingos e os casamentos caipiras. Os balões também compõem
este cenário, embora cada vez mais raros em função das leis que proíbem esta
prática em virtude dos riscos de incêndio que representam.
A culinária típica das festas
juninas consiste principalmente de pratos a base de milho. Dependendo da região
onde a festa for realizada, a culinária pode ter um caráter peculiar. Como o
mês de junho é a época da colheita do milho, havendo bastante fartura, grande
parte dos doces, bolos e salgados relacionados às festividades são feitos desse
alimento como a canjica, pamonha, curau, pipoca, bolo de milho, bom bocado,
etc. Há algumas outras comidas características dessa festa: Arroz doce, Baba de
moça, Maria mole, Cocada, Pé de moleque, Quindim, etc. E ainda a famosa bebida
“Quentão”, que é feita com gengibre, pinga e canela. Uma coisa também marcante
dessa época junina são as músicas. Geralmente elas são tocadas através dos
seguintes instrumentos: sanfona, zabumba e triângulo. Muitas músicas foram
criadas especificamente para esse período, como por exemplo: “Olha pro Céu Meu
Amor” dos compositores José Fernandes e Luiz Gonzaga; “Capelinha de Melão” de
João de Barro e Adalberto Ribeiro; “Pula a Fogueira” de João de Barro; “São
João no Arraiá” de Zé Dantas; “São João Antigo” de Zé Dantas e Luiz Gonzaga e “São
João do Carneirinho” de Luiz Gonzaga e Guio de Morais. Essa última é uma das
mais cantadas talvez por causa desses versos: “Ai São João / São João do
Carneirinho / Você é tão bonzinho / Fale com São José / Fale lá com São José /
Peça pra ele me ajudar / Peça pra meu milho dá / Vinte espigas em cada pé”.
Por isso, o mês do São João, ou
seja, o mês de junho é um mês delicioso, onde em todos os cantos do Brasil você
encontra ótimas festas juninas, seguindo as muitas tradições que a data propõe.
O mês de junho é marcado também pelas fogueiras, que servem como centro para a
famosa dança da Quadrilha. Na região nordeste a festa dura os 30 dias do mês, e
as cidades de Caruaru localizada em Pernambuco e Campina Grande, na Paraíba,
disputam o título de “Maior São João do Mundo”. Atualmente a cidade de Mossoró,
no Rio Grande do Norte, também está realizando a sua festa junina durante todo
o mês de junho, e o ponto alto da festa é a apresentação da peça “Chuva de Bala
no País de Mossoró”, a qual está sendo bastante divulgada levando ao
crescimento do turismo naquela cidade. Outras cidades como Martins e Portalegre
também estão crescendo na realização de festas juninas, apresentando shows,
danças e demais apresentações típicas da época, e investindo no turismo daquela
região.
Apesar dos 30 dias de festa, as
datas de comemorações oficiais são: 13 de junho, Santo Antonio, 24 de junho,
São João e 29 de junho São Pedro e também São Paulo.
Enfim, a “Festa Junina” é,
portanto, a segunda mais importante festa popular da cultura brasileira,
ficando atrás somente dos festejos carnavalescos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário