Por Flávio Rezende*
Quem acompanha minha
trajetória de escritor, lendo alguns dos meus livros e “escritos” produzidos
constantemente, pode perceber claramente o meu crescente amor pela vida, com
êxtase sempre presente em diversas ocorrências comuns ao cotidiano de muitos
seres.
Além do eterno
casamento com a natureza e suas fantásticas plantas, montanhas, rios e lagos,
temos satisfação em contemplar os animais e os seres humanos em suas
atividades, ficando feliz em ver o tempo passar e a existência se manifestar,
mesmo com suas diferenças e pluralidades, o que pode ser motivo de reflexões e
de atitudes, mas são realidades sempre presentes que não me cabe aqui
filosofar.
E neste fluir
existencial os sentimentos vão se alternando, com mobilidade ininterrupta,
posto que expostos a variadas nuances, seguem navegando entre alegrias e
tristezas, sempre de acordo com o enredo apresentado no aqui e no agora.
Atualmente o Facebook
tem servido como fórum de discussões políticas – o que considero saudável e
interessante, proporcionando a exposição de posições e de opiniões, com o clima
variando do educado para o exacerbado, promovendo consequente fluidez de
sentimentos, que igualmente migram do feliz para o preocupante, passando pelo
neutro e até o chateado.
O problema da questão
política hoje é que os argumentos são sempre os mesmos para ambos os lados e,
venho percebendo que as posições já estão cristalizadas, havendo raríssima
possibilidade de mobilidade, o que torna o clima às vezes pesado, agressivo, e
o papo começa a ficar chato e até perigoso.
Perigoso no sentido de
amizades que vão sendo desfeitas, atitudes tomadas em decorrência dos
posicionamentos como negativas de apoios culturais e sociais, xingamentos e até
brigas físicas.
O sentimento antes
prazeroso em torno da questão política migra lentamente e tende a piorar para o
campo das batalhas verbais e posições radicais, elevando a temperatura e
entristecendo no lugar de alegrar.
Então começo a
arrefecer e a ter preguiça de argumentar e debater, ao mesmo tempo em que
observo minha pequena filha, de apenas quatro anos, brincando com sua cadelinha
chamada de Chica Linda Donzela, visão esta que alquimicamente transmuta
meu sentimento entristecido com o acirrado debate político, fazendo-o migrar
rapidamente para a seara do carinho, o campo do amor, o espaço da beatitude.
Se numa espécie de
mágica pudéssemos transpor o puro amor que sentimos por nossos filhos, para
todos os campos da vida, estaríamos nos aproximando celeremente para o que
chamam por ai de paraíso, posto que esse genuíno sentimento que temos por
nossas crias, carrega em seu DNA, a pureza dos mestres e a postura dos deuses,
encerrando em sua essência, a magnificência da existência.
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