Odúlio Botelho
Medeiros-ex-presidente da OAB/RN
Tive
o prazer e a felicidade de ter conhecido e convivido
com o pintor e
poeta Newton Navarro. Vivenciei, portanto, o seu lado boêmio
e o seu valor
cultural. Quando em estado de "graça",
apesar de não lhe fugir à genialidade, tomava-se
irônico e, de uma certa forma, polêmico. Todavia, esse comportamento diferenciado é próprio dos
poetas, que são
rebeldes
por natureza. E esse conviver esporádico com o grande artista deveu-se à amizade que ele manteve com meu irmão Emanoel
Botelho (Maneco,
que se foi para o Estado do Pará e nunca mais voltou) e com ei Leandro de Castro,
tudo nas décadas de 50/60, nos velhos tempos do Granada Bar, que funcionava
na Avenida Rio
Branco em Natal.
O
Granada era, com toda certeza, o centro cultural da
boêmia natalense. Nos seus corredoresenas
suas mesas não era difícilàqueles da minha
geração encontrar figuras como Câmara
Cascudo, Luís Carlos Guimarães, Nei Leandro, Jurandyr Navarro, Berilo Wanderley, Diógenes da
Cunha Lima, Nilson Patriota, Sanderson
Negreiros, Moacir Cirne.Veríssimo de Melo, o próprio Newton Navarro, talvez o seu mais assíduo freqüentador, Luis Rabelo, que
fez escola na
literatura
norte-riograndense, na opinião dos críticos da época.
A
minha geração, essa geração do pós-guerra, foi muito rica em valores intelectuais
e boêmios famosos, como Roldão Botelho, Luís Tavares, Alexandre
Garcia, Valter Canuto, Nei
Marinho, Antônio Elias França, e seu filho Glicério, Gil Barbosa, Luís Cordeiro, Castilho, Raimundo
do Cartório, Albimar Marinho, a figura mais pitoresca da cidade. Ao
encontrar o advogado João Medeiros Filho,
indagava-lhe cheio de prosopopéia: "e
então, DT. João
Medeiros,
o direito continua líquido
e certo?". Isso era ótimo! Peço venia aos outros que aqui não foram
mencionados. Eram tantos e tantos que os
seus nomes não comportariam nesse pequeno espaço. Natal era uma festa!
Na
verdade, o que me inspira mesmo a escrever
essas reminiscências é a grandiosidade de
Newton Navarro. Entendo que Natal esqueceu muito cedo o seu maior artista, ou melhor, possivelmente um dos mais completos intelectuais na modesta maneira de eu enxergar a cena urbana da cidade. Sendo um intelectual polivalente, Newton foi o mestre maior da pintura nordestina. Além disso, era excelente cronista, com as suas estórias curtas, ricas de beleza e criatividade. E que dizer de sua poesia? Lembro-me que foi ele quem desasnou o grande Nei Leandro para a vocação poética, ao dar-lhe régua e compasso para esse difícil campo das atividades humanas. Além das citadas qualidades, ainda escreveu peçasteatrais, literatura infantil, perfilando no campo da oratória, a meu ver o mais completo orador de sua geração, com atuação em todos os campos do discurso: sacro, popular, em recinto fechado, em palanques públicos, em grandes eventos sociais e, principalmente, nos bares da vida. Nesses é que os homens revelam os seus melhores sentimentos e os seus dotes humanitários.
Newton Navarro. Entendo que Natal esqueceu muito cedo o seu maior artista, ou melhor, possivelmente um dos mais completos intelectuais na modesta maneira de eu enxergar a cena urbana da cidade. Sendo um intelectual polivalente, Newton foi o mestre maior da pintura nordestina. Além disso, era excelente cronista, com as suas estórias curtas, ricas de beleza e criatividade. E que dizer de sua poesia? Lembro-me que foi ele quem desasnou o grande Nei Leandro para a vocação poética, ao dar-lhe régua e compasso para esse difícil campo das atividades humanas. Além das citadas qualidades, ainda escreveu peçasteatrais, literatura infantil, perfilando no campo da oratória, a meu ver o mais completo orador de sua geração, com atuação em todos os campos do discurso: sacro, popular, em recinto fechado, em palanques públicos, em grandes eventos sociais e, principalmente, nos bares da vida. Nesses é que os homens revelam os seus melhores sentimentos e os seus dotes humanitários.
Destacou-se, também, como novelista
... (De Como se Perdeu o Gajeiro Curió). Não se pode
esquecer o Newton folclorista, cultor dos fandangos, chegam as, bumba-meu-boi, lapinhas, pastoris, cocos de roda, maxixes, xotes, e tantas outras manifestações populares atualmente esquecidas e em desuso.
esquecer o Newton folclorista, cultor dos fandangos, chegam as, bumba-meu-boi, lapinhas, pastoris, cocos de roda, maxixes, xotes, e tantas outras manifestações populares atualmente esquecidas e em desuso.
Tudo isso, Djalma Maranhão incentivava na condição
de Prefeito de Natal.
Foi, inegavelmente, o mais lírico e popular prefeito
desta cidade de xarias e canguleiros. A obra deixada
pelo genial escritor é significativa, por ser
variada e múltipla; Poesias: Subúrbio do Silêncio; ABC do Cantador Clarimundo. Crônicas: 30 Crônicas
Não Selecionadas. Contos: O Solitário Vento do Verão; Os Mortos são Estrangeiros (o seu
livro preferido); Do Outro Lado do Rio, Entre os Morros. Novela: De Como se Perdeu o Gajeiro Curió (o escritor
Nilo Pereira afirmou que esta novela deveria ter sido
filmada). Teatro: Um Jardim Chamado
Getsemani; O Caminho da Cruz - uma Via
Sacra encenada ao ar livre, em Natal,
pioneira nesse ramo teatral; Hoje tem Poesia, encenada no TAM; O
Muro, encenada no TAM. Além dessas, existem muitas outras peças inéditas que
sua mulher Salete Navarro esperava que fossem publicadas, por quem de direito.
Salete lutava rdentemente pela criação de uma fundação para que a obra do
grande escritor não viesse a perecer.Morreu sem poder realizar o seu sonho! Inesquecível
Newton Navarro, falecido aos 63 anos de
idade, receba esta crônica pelo menos comouma homenagem da minha geração. Ainda
bem, que agora, o atual
governo prestou-lhe merecidahomenagem ao
denominar Ponte
Newton Navarro, essa grande obra de integração
urbana e social. Somente assim Newton, essa cidade continuará sempre sua.
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