Bené Chaves
Numa fase intermediária de minha adolescência, aí em torno dos catorze aos dezoito anos, comecei uma espécie de informação e conhecimento do sexo em si e a descoberta desse obscuro objeto do desejo e que proporciona momentos agradáveis para todos.
Claro que minha mente começava a fervilhar de
uma curiosidade ímpar. Então andava
junto com os amigos da época nas chamadas ‘zonas’ da cidade, que eram os
cabarés do período, locais onde se podiam visitar as putas e se deliciar naquela
satisfação momentânea e espontânea.
(Gupiara
era pródiga e abastecida nesse
quesito de ‘moças alegres’. Bairros inteiros teriam uma ‘distribuição’ bem ao
gosto do freguês, como o bairro da Ribeira principalmente e suas casas noturnas
a inquietar os meninos atrás de belas mulheres para o seu prazer semanal.
Também o cabaré de ‘Maria Boa’ era freqüentado pela mais fina flor do machismo
gupiarense, bordel este localizado, ironicamente, em uma rua de nome Padre
Pinto, final da Cidade Alta e quase pegando outro bairro, o do Alecrim. A Padre
Pinto ainda permanece lá, porém a chamada ‘casa suspeita’ foi fechada para
desespero de seus antigos clientes.Depois vieram os motéis e o panorama mudou
como da água para o vinho).
Ou uma notável indiscrição em
conhecer as duas facetas, tanto as mulheres de vida mundana, como também os
lugares chulos onde se empenhavam nas suas labutas diárias.
Elas eram tratadas como putas mesmo, visto que somente depois melhoraram a nomenclatura e foram reconhecidas como prostitutas, o que na prática não mudava em nada.
Elas eram tratadas como putas mesmo, visto que somente depois melhoraram a nomenclatura e foram reconhecidas como prostitutas, o que na prática não mudava em nada.
Pois é, as mulheres de vida difícil, que
impropriamente seriam apelidadas de vida fácil, eram obrigadas a vender o corpo
em troca de uma sobrevivência nada exemplar. E a gente, sem querer, contribuía
para que o problema se agravasse, porque só pensava nos impulsos voluntários da
idade e na vontade de apreender e aprender os primeiros passos púberes do sexo
e o seu delicioso prazer.
Nesse ínterim Gupiara queria fazer-se desigual, mas ia crescendo um tantinho aqui e outro acolá. Sempre ajudada de uma habilidade maliciosa neste lugar e também naquele outro. Lógico que com as mesmas pessoas começando a mandar, tanto perto como também ali distante, num total predomínio de uma facção ou grupo.
Nesse ínterim Gupiara queria fazer-se desigual, mas ia crescendo um tantinho aqui e outro acolá. Sempre ajudada de uma habilidade maliciosa neste lugar e também naquele outro. Lógico que com as mesmas pessoas começando a mandar, tanto perto como também ali distante, num total predomínio de uma facção ou grupo.
Era, pois, uma perfeita engrenagem que dariam
à sorte ou azar (que fado, que fado...) da cidade. E, evidentemente, ao futuro
daqueles indivíduos e de quantos desejassem seguir suas pegadas. Assim
caminhava Gupiara... Pra onde, em boa ou má direção, não interessava. Sabia-se
que iria e seria gostosa, apetecível. Para os que quisessem devorá-la e
degustá-la com gulosa fome.
Mas, com o passar do tempo, me preocupava mais e mais aquela sina ajudada e muito pela corruptela insidiosa e mudança de feições. Inclusive, desinclinada (ou inclinada?) para esquivos e sabidos arroubos delituosos. Apre! Irra!...
Mas, com o passar do tempo, me preocupava mais e mais aquela sina ajudada e muito pela corruptela insidiosa e mudança de feições. Inclusive, desinclinada (ou inclinada?) para esquivos e sabidos arroubos delituosos. Apre! Irra!...
E, entre uma coisa e outra, fui deixando de
lado minha disposição para as bisbilhotices, gozos ou prazeres curiosos e
desejando, sobretudo, me apegar também às garotas virgens que certamente
surgiriam.
Portanto, prioridade número um: meninas. Número dois: moças. E número três: donzelas. Quer dizer: todas as precedências tinham um único objetivo: mulheres.
Portanto, prioridade número um: meninas. Número dois: moças. E número três: donzelas. Quer dizer: todas as precedências tinham um único objetivo: mulheres.
Foi daí que vim a conhecer uma garota especial,
ela que seria a primeira menina-moça com quem tivera um contato mais íntimo,
talvez até sonhos de olhos abertos (ou fechados), desses que nos levam às
fronteiras de um êxtase pleno e absoluto. E me lembrei, então, do filme ‘Férias
de Amor’, o encontro fatal e quase carnal entre o William Holden e a Kim Novak em
uma das danças mais românticas e sensuais que vi na tela cinematográfica.
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