E depois botou a culpa em cima de mim,
não foi verdade, sua puta, rapariga sem nome e dono? Esse tempo todo e agora
que vim saber de tudo, depois que você largou lá de casa e deixou meus pais na
mão. E ainda implorou que alugasse um quarto pra cuidar do menino. Também
trepar de vez em quando, né? Você adora ficar deitada numa cama e foder o dia
todo, não é mesmo? Pois aí tem tudo, cama, mesa, cadeira, não venha mais
chatear minha paciência, ouviu? E vê se cala a boca deste pirralho, não deixa a
gente nem falar... Ora bolas! Fecha o bico menino! Sei que você fingiu tudo,
mas fiquei sem saber se ia ou não ia. Numa atrapalhação medonha,
puxa-vida! Parece que não foi criada
venho homem, eu, hein? Depois aquela confusão dos diabos quando meus pais
descobriram sua barriga já volumosa, lembra? Você apertava, apertava, eu vendo quase
estourar tudo. Chegou, inclusive, a botar um prato na frente pra ninguém
perceber, arriscado até a criança nascer doente. Mas, essas coisas não têm
jeito, crescem que é uma beleza. E eu aí me danava a rir, rir, vendo sua cara
de santinha do pau oco, putinha mansa, sonsa, tratante... Pois é, quem faz aqui
paga aqui mesmo, descarada que você era, achava e não achava. Ah!... Não se
admire de me vê assim, apenas estou pagando na mesma moeda. Agora você tem que
cuidar bem desse menino, ele não tem culpa nenhuma do seu erro, de sua vadiagem.
Quero que ele cresça um menino de vergonha e respeito. É por isto que estou
aqui, apenas por ele. Pra todos depois poderem dizer: benza-te Deus! Ouviu só?
Somente pelo meu filho.
“Acho que já vou, não suporto esta criança
chorando sem fim, malcriada, boa de levar uma surra. Se não fosse esta mulher
ter mentido... Não merece mesmo respeito, estou por aqui, oh... Não que não
seja boazuda, gostosa, isso ela sabe ser, deitada numa cama não tem igual. Até
que antes e depois do filho ela se ajeitou, também pudera!, com todo o bucho
por acolá, parecia mais um canguru. Aqui pra nós, acho que, inclusive, ela se
portou boazinha pra mim. Lógico que não vou dizer, ela não vai saber nunca,
Deus me livre, a gente tem de agüentar na sela e não cair feito um sem-vergonha
qualquer. E também ela deve ter aprontado lá das suas... Ora se! Ruinzinha!,
safadinha! Vivia aí sem dinheiro, passando necessidade, não tinha nada pra
comer, se não fosse eu... E quando
acaba fica elogiando os idiotas que não lhe davam nada. Eu sei muito bem o que
é que davam... A gente tem de ter sentimento mulher! Era só o que faltava! Digo
o que não digo, sem pressa, confusão”.
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