Anchieta Fernandes
Embora Natal tenha uma intensa e bonita história da presença da arte cinematográfica na capital, Mossoró também não deixou de marcar sua presença pioneira (v. primeira eleitora no Brasil, libertação dos escravos antes da Lei Áurea da Princesa Isabel) no setor. Veja-se bem: o primeiro cinema a existir no Rio Grande do Norte foi em Mossoró. Muito cedo, aliás, quase na infância da 7ª Arte, em 1908, Francisco Ricarte de Freitas inaugurou naquela cidade seu Cine-Teatro Dr. Almeida Castro.
Quando começavam a espocar foguetões na praça do Almeida Castro, era sinal de que a fita havia chegado de Aracati; à noite haveria sessão de cinema – relembrou Lauro da Escóssia no livro “Memórias de um Jornalista de Província.” O Cine Almeida Castro, aliás, foi o primeiro que exibiu filme falado na capital do Oeste, o que ocorreu a 22 de novembro de 1933, apresentando a película “Ama-me Esta Noite”, com o ator e cantor Maurice Chevalier e a atriz Jeanethe McDonald. Outros cinemas mossoroenses foram:
Cine Ferreira Chaves, inaugurado por J.Soeiros à Rua do Comércio (hoje, Rua Vicente Sabóia). Este cinema passou a ser chamado Cine Politeama quando José Vasconcelos e Antônio Filgueira o adquiriram. Em 1925, Bonifácio Costa e Cornélio Mendes inauguraram à Rua João Pessoa o Cine Glória, cujos proprietários deixaram existir “uma segunda classe, ao relento, por trás de sua tela. O letreiro aparecia pelo avesso”, e então os espectadores (e eram muitos) resolveram contratar um professor para ler as legendas em voz alta.
Depois do Glória, foi a vez do Cine-Teatro Pax, de propriedade da empresa Cine-Teatro Mossoró S/A (Jorge de Albuquerque Pinto), localizado à Praça Rodolfo Fernandes, e inaugurado a 23 de janeiro de 1943 com o filme “A Formosa Bandida”. O Pax foi inaugurado com 1.200 cadeiras. Em entrevista concedida ao suplemento “Domingo”, do Jornal de Fato, edição 225, de 5 de novembro de 2006, o então proprietário do Pax, Luiz Pinto, revelou que os filmes que mais lotaram o cinema foram “Os Dez Mandamentos”, “O Ébrio”, e “Dio Como Te Amo.”
Na reportagem “Decadência do cinema em Mossoró”, publicada no jornal natalense O Poti (edição de domingo, 22 de outubro de 1995), Emery Costa faz o levantamento histórico de todos os cinemas que existiram em Mossoró. Pelo qual, fica-se sabendo que após o Pax, veio o Cine Déa, no ano de 1944, de propriedade de José de Oliveira Costa, e gerenciado por José Moreira. Emery registra: “Em 28 de maio de 1955, o Cine Caiçara, inaugurado por Renato Costa, que dotaria ainda a cidade de um cinema de bairro, o Jandaia, à Avenida Alberto Maranhão.”
Houve ainda o Cine São José, no bairro Paredões, por iniciativa de “José Bedéo”. Segundo o levantamento histórico de Emery, houve ainda o Cinema Rivoli, à Avenida Rio Branco, de propriedade de Lenilton Moreira Maia, e inaugurado em 1962 com o filme “Pecados de Amor”. A 22 de julho de 1964, foi inaugurado o Cine Cid, de um grupo liderado pelo político e empresário Dix-Huit Rosado. O primeiro filme apresentado foi “O Candelabro Italiano”. O Cine Centenário e o Cine Imperial foram os últimos cinemas de rua em Mossoró.
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