11 de julho de 2020

A SONORIDADE NO CINEMA ( SOVIÉTICO )

Bené Chaves

O cinema soviético foi um dos últimos a aderir ao período sonoro. O primeiro filme falado ‘Caminho da vida’, dirigido por Nicolai Ekk, data de 1930. Depois tivemos ‘O Desertor’ (1933), do também ator Vsevolod I. Pudovkin e ‘Groza’ (L’Orage, 1934) de Vladimir Petrov. Apesar do advento do som, alguns cineastas ainda fariam filmes mudos e Mikhail Romm realizou Boule de Suif/ Bola de Sebo, em 1934, numa adaptação de um conto de Maupassant. No mesmo ano Sergei Vassiliev fez Tchapaev. E o Dziga Vertov, um dos grandes pioneiros do cinema-documentário e que revolucionou a montagem, realizou também Três canções para Lênin, em 1934.

Alexandre Dovjenko, diretor de origem ucraniana( A Terra, exibido aqui entre nós na época do Cine-Clube Tirol, “quis mostrar o estado de uma aldeia ucraniana em 1929 no momento em que aí se produziam transformações econômicas e, sobretudo, de mentalidade”, segundo as palavras do próprio cineasta), fez em 1935 Aerogrado, em que críticos amadurecidos consideram o melhor filme sonoro do cinema soviético.
Surgem depois Pedro, o Grande(Petrov, 37/39), Alexandre Nevski/ Ivã, o Terrível(Eisenstein, 38/44), O General Suvurov/Guerrilheiros e Heróis(Pudovkin, 41) e A Batalha pela Ucrânia (Dovjenko, 45). São epopéias cinematográficas em que se revivem e atualizam os heróis da libertação popular.

O som para Pudovkin devia ser usado “para calibrar e aumentar a capacidade expressiva do cinema”. Mas, foi com O encouraçado Potemkin (Eisenstein, 25), na fase muda, que o cinema soviético conseguiu projeção e renome no mundo inteiro. É um filme que ficará gravado na memória do povo como um libelo contra as opressões fascistóides. (Vide versos abaixo sobre a bela seqüência nas escadarias de Odessa).

O clima hostil imposto à cinematografia soviética na última guerra mundial resultou na danificação de laboratórios e estúdios, enquanto técnicos e artistas morriam nas mãos dos inimigos. Porém a recuperação se mostrou rápida e febril. Em 1949, no festival de Marianske-Lazni, algumas produções soviéticas arrebataram significativos prêmios. Entre elas o laurel de melhor filme em favor da paz coube a Encontro no Elba(49), de Gregory Alexandrov. E com A batalha de Stalingrado(48/49, duas partes), Petrov conquistou o principal prêmio.

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