4 de dezembro de 2018

Sinfonia inacabada


              Maior cajueiro do mundo na praia de Pirangi RN  - Foto: divulgação

Verailton Alves
          
         Ele é do tamanho de um campo de futebol, encanta milhares de turistas e provoca discussões até na Justiça. É o cajueiro de Pirangi, considerado o maior do mundo. A árvore está localizada na praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim, a doze quilômetros ao sul de Natal. Os números são gigantescos como a árvore. A área de cobertura é de aproximadamente 8.500 metros quadrados, com um perímetro de aproximadamente 500 metros. Na safra, chega a produzir até 80 mil cajus. Equivale a duas toneladas e meia. Tem o tamanho equivalente a 70 cajueiros.
          E quando tudo isso começou? O cajueiro teria sido plantado em 1888 por um pescador chamado Luís Inácio de Oliveira. Ele morreu aos 93 anos de idade, sob as sombras do cajueiro. E qual a explicação para o crescimento da árvore? Segundo os botânicos, trata-se de uma conjunção de duas anomalias genéticas. De acordo com a teoria, os galhos, que Vista panorâmica da árvore, cobrindo 8.500 m². Sinfonia inacabada deveriam crescer para cima, crescem para os lados.
          E com o passar do tempo, por causa do próprio peso, eles tendem a se curvar para baixo, até alcançar o solo. Essa seria a primeira anomalia. Na segunda anomalia, ao tocar o solo os galhos começam a criar raízes, e daí passam a crescer novamente. É como se fossem troncos de uma outra árvore. Esse processo, repetido, dá a impressão de que existem vários cajueiros. Na verdade, são dois cajueiros.
      O maior, que sofre da mencionada anomalia, cobre aproximadamente 95% da área do parque; existe também um outro cajueiro, plantado alguns poucos anos antes, que não sofreu tal anomalia. “SALÁRIO MÍNIMO” - O tronco principal está dividido em cinco galhos; quatro deles sofreram a alteração genética, e criaram raízes e troncos que deram origem ao gigantismo da árvore. Apenas um dos galhos teve comportamento normal, e parou de crescer após alcançar o solo; os habitantes do local então apelidaram esse galho de “Salário Mínimo”.
        As raízes do cajueiro podem chegar a 10m de profundidade. “O POLVO” – O cajueiro ganhou projeção nacional e internacional. A histórica revista O Cruzeiro, em uma de suas publicações de 1955, batizou a árvore de “O Polvo”. Segundo a reportagem, o fenômeno foi denifido como uma “sinfonia inacabada” de “galhos lançados em progressão geométrica”. Nessa época, a planta tinha dois mil metros quadrados.
        Em 1994, o cajueiro entrou para o Guiness Book, o livro dos recordes. Existe um mirante no próprio cajueiro que é muito frequentado por turistas. Dele, se tem uma visão panorâmica do cajueiro e da praia de Pirangi do Norte. Ao mesmo tempo em que encanta os turistas, o cajueiro também provoca polêmica. Tudo por causa da poda. Quem mora próximo é a favor dela. O argumento? Se for feita a poda o trânsito na Rota do Sol, um dos acessos ao litoral sul, vai melhorar.
      Os galhos do cajueiro estão invadindo a pista, causando congestionamento em horário de maior movimento. Quem tem casa próxima à árvore tem medo que os galhos avancem em direção às residências. Quem é contra a poda, como os comerciantes, defende que o cajueiro poderá ter comportamento inesperado com o corte dos galhos e até morrer, causando prejuízos à natureza e ao turismo do Rio Grande do Norte. Uma discussão que sempre acaba na Justiça.
      A beleza é tanta que ganhou até letra na música O Cajueiro de Pirangi, na voz do saudoso Elino Julião: “Mamãe eu quero ir Mamãe eu quero ir Passar o dia inteiro No cajueiro de Pirangi Não tem outro cajueiro No mundo só tem esse aqui O maior cajueiro Do mundo é o de Pirangi”.

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