Jurandyr
Navarro
Natural
do município rio-grandense-do-norte de "Augusto Severo", da chamada tromba do elefante, fez os seus estudos iniciais
em ambiente social modesto; continuando, depois, na progressiva cidade
de Mossoró, deste Estado.
Desde
cedo ostentou capacidade intelectual, aprendendo com relativa facilidade as disciplinas dos cursos primário e ginasial. Esse aprendizado capacitou-o a
sua habilitação ao
vestibular em Medicina, na velha Faculdade do Derby, no Recife.
Esta foi a prova de fogo, como se chama, de Máximo Medeiros Filho, o potiguar de origem modesta que saiu do seu
Estado para enfrentar os formidáveis
desafios da Ciência!
E saiu bem neste primeiro teste, estágio limiar para atingir outros, no Brasil e foradele.
O vestibular enfrentado por Máximo
Medeiros foi o mais difícil até então
realizado em Medicina,
na Mauricéia. Apenas dez por cento dos candidatos foi aprovado. E, mesmo assim,
enfrentando uma Banca com Bezerra Coutinho, examinando Biologia, ele, o humilde
potiguar, foi aprovado em oitavo lugar.
Daí em diante a vida de Máximo foi uma verdadeira odisseia, transpondo
obstáculos os mais difíceis, numa jornada longa, perlustrando uma estrada juncada de espinhos.
Sintetizamo-la,
através de algumas
passagens do livro intitulado: "Lembrando Máximo Medeiros
Filho",do autor Carlos Ernani Rosado Soares, o seu "amigo há quarenta anos".
Com a palavra, o erudito
autor:
"O campo dos radioisótopos lhe daria o
renome internacional".
(...) “Tinha pendor pela Matemática e a Física". (...) A lição que Máximo Medeiros nos
deu em vida continua após a sua morte. Lição de capacidade profissional, de cultura geral; porém, mais que tudo, lição de
humanidade: honestidade, caráter, bondade, simplicidade, calor humano, tudo era transmitido
por sua encantadora personalidade que se impunha sem se fazer notar".
(...)
Máximo veio
para Natal, prosseguir seus estudos, e o fez de modo caracteristicamente
brilhante. Eu me lembrava de tê-lo visto em uma fotografia, dessa época, ao
lado de José Eufrânio, Moacyr de Góes, Ubiratan Galvão e outros. E foi a Ubiratan que recorri, em função da amizade e parentesco afim, obtendo dele o seguinte comentário:
'Máximo é um gênio”.
Em 1962, conseguiu uma bolsa
em Radiobiologia na Universidade da Califórnia, através da Comissão Nacional
de Energia Nuclear. Ficaria no Donner Laboratory of Biophisics, de setembro deste ano a junho do seguinte. Foram propostos
sete candidatos e apenas três aceitos, tendo Máximo ficado em primeiro lugar
(...) Insistia em receber velhos livros do Cônego Luiz Monte, de quem era
grande admirador, incluindo um que ele sabia ter existência, de
Biologia, e que teria sido publicado para uso nos Seminários.( ... ) Enviava-me o Jornal
Brasileiro de Medicina Nuclear onde ele tinha trabalho publicado, bem como
Separata da Ata Hematológica, idem,idem. ( ... ) Em 1967 representou o Brasil em Viena, num
Simpósio
Internacional sobre Dinâmica de Proteínas Marcadas, e que em carta ressaltou: - 'Foi
uma reunião de alto nível de "set" internacional que
trabalha atualmente em D. de P. M., se você me permite falar assim. Basta dizer que estavam presentes McFarlane (inglês, considerado presentemente a
maior autoridade mundial em gamaglobulina); Waterlow (um inglês extraordinário, de cachimbo na boca, daquele jeito que você bem conhece), Jeejeebhoy, indiano, autoridade
internacional em assuntos relacionados com perda proteica por via
gastrointestinal..."
São tópicos, apenas, desse grande livro de Ernani
Rosado que retrata o cientista Máximo Medeiros, seu amigo e nosso conterrâneo, para orgulho do Rio
Grande do Norte.
Ernani Rosado, para quem não sabe, é um dos valores mais destacados da Medicina
Brasileira, sendo Membro Titular do Colégio
Brasileiro de Cirurgiões; autor do Trabalho, dentre outros, "Pós-operatório sem
Antibioticoterapia Profilática".
O Doutor Ernani Rosado foi aprovado em primeiro lugar no vestibular de
Medicina, sendo o melhor aluno da sua Turma e escolhido o seu Orador, na sua
Diplomação como Médico, em Recife.
Ele e
Vingt-Un Rosado são os dois biógrafos do cientista Máximo Medeiros Filho.
Como frisou Ernani Rosado e adiante se verá nas paginas de Vingt-Un Rosado, o que imortalizou o nome de Máximo Medeiros, na Comunidade
Científica
Internacional, foi o de ter tomado parte integrante da Reunião, em Viena,
da Agência de
Energia Atômica, em
outubro de 1967, aos trinta e seis anos de idade. Foi ele o único representante do Brasil e um dos dois da América Latina.
A sua escolha foi feita, pessoalmente, pelo Professor Ernest Belcher,
então Dire-tor daquela Agência científica
internacional.
Conheci
Máximo
Medeiros no Recife. Foi meu contemporâneo de Universidade. Ele, fazendo Medicina, e eu, Direito. Terminamos o Curso no mesmo ano:
1956. O seu nome despontou, para nós, do Rio Grande do Norte, desde o vestibular:
havia a curiosidade de se
saber os aprovados de Natal. E Máximo estava na lista dos aprovados da famosa
Faculdade do Derby, no exame vestibular mais apertado da sua história, até então.
Passou-se o tempo. No início do
ano de 1980, recebo dele, uma carta atenciosa, do Rio de Janeiro, adiante transcrita, sobre um
assunto científico estudado pelo Padre Luiz Monte, inserido na Antologia por mim
organizada, cujo teor se vê em sequência, uma espécie de depoimento expressado
por Máximo
Medeiros em relação ao saber científico do mencionado sacerdote, pertinente à Fisiologia.
Mesmo
tendo vivido apenas quarenta e nove anos de idade, Máximo Medeiros Filho armazenou acentuado cabedal de conhecimentos
em matéria científica, galgando, pelo estudo, tenacidade e inteligência um
lugar de destaque dentre os vultos Notáveis do Rio Grande do Norte.
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