Valério Mesquita*
De um tempo pra cá tudo
despenca no Rio Grande do Norte. Morreu João Faustino “vítima de uma bala
perdida”. Um ex-governador está preso e pode ir para a colônia penal.
Divertimento não existe mais porque o nosso futebol esfrangalhou-se. Tá na
penúria. No Poder Judiciário, por muito tempo, precatório virou peculato e
pecúlio nas mãos de poucos. O Poder Legislativo chegou a ser fechado. Militares
cercaram o prédio por 48 horas. Foi constrangedor. No sertão tudo está seco. A
barragem, o rio, a lagoa, o bolso e a saliva do agricultor. Tudo no volume
morto.
A droga sim, a droga
existe prolífera. E mata. O homicídio vai de barreira a barreira. Enquanto o
governo desfila em carro alegórico com batalhões de soldados, veículos de
choque de todos os modelos e dizeres, além de armas e chavões assinalados nas
rádios e emissoras de TV, deduz-se que vai “bem”. O povo acredita mais na
segurança do invisível do que na bazófia do palpável. As estatísticas não
mentem jamais.
A credibilidade do
governo cai, devagar, devagarinho, igual ao raciocínio do governante. Se fosse
líder, realmente, sem represar ressentimentos, mostraria sim, que foi eleito
porque teve mais votos e não porque o competidor teve menos. Vimos, no passado,
governador de quem se esperava pouco e, no entanto, fez muito. Seu nome:
Lavoisier Maia Sobrinho. Simplório, médico e sem leitura humanística. Mas, a
saúde melhorou, a segurança, a educação e até, veja bem, a cultura.
Pousar como clichê,
vitrine, saído de salões de beleza, de clínicas e de academias de massagem,
fazem o político perder o foco, o cheiro do povo, o rumo e o prumo. É preciso
ficar atento e forte com as últimas perdas e danos que sacudiram o Rio Grande
do Norte, permanente perdedor das disputas econômicas com o Ceará e Pernambuco.
A invasão do outrora “imexível” Fundo Previdenciário é outro descalabro, sem
retorno e sem volta. Qual a criança de hoje, que se elegerá governador lá em
2040 a fim de devolver aos aposentados essa dinheirama? Cabe perguntar: qual
pacto foi celebrado pelo atual governo com o fito de impor toque de silêncio
sobre o atestado de óbito do governo passado?
Essa foi mais uma tragédia que se abateu sobre a administração pública
sem o sopro da fumaça do bom Direito.
Outros indicadores
negativos se abateram sobre a terra do índio Poti, nesses nove meses sem nada
de bom para celebrar. Em toda a área urbana de Natal está refletida a imagem da
crise. Já ultrapassa a casa de mil o número de imóveis para venda e aluguel. No
comércio e nas indústrias – o desemprego é galopante. E o governo pede aumento
de mais impostos! Se o leitor percorrer (após o último aumento dos
combustíveis) as principais malhas viárias, especialmente as de escoamento,
verá que diminuiu a circulação de veículos. A cidade parece empobrecida. Por
último, há de ser convir, que gestão nenhuma vai pra frente sem diálogo,
debate, etc. Ninguém pode ser auto-suficiente. Na Assembléia Legislativa, ou em
qualquer plenário partidário: quem cala – consente. E o governador dever ser
humano e humilde para ouvir. Descer do palanque. Não mentir pra si mesmo. Muito
menos para o povo.
(*) Escritor.
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