Por Flávio Rezende*
É fato que a valorização das coisas que tem relação com a vida de cada um de
nós encontra momentos de pico elevado ou de baixa relevância, de acordo com
acontecimentos variados e interesses igualmente múltiplos.
Quando estamos passando por problemas financeiros, de saúde ou nos sentindo
deprimidos, geralmente encontramos na família o melhor porto seguro para jogar
nossas âncoras e buscar amparo para suprir essas necessidades.
Muitos tem a benção de poder contar com irmãos, pais, tios e primos quando a
barra fica pesada, enquanto outros, infelizmente, não tem esse maravilhoso
oceano amoroso, muitas vezes por culpa própria, já que é comum o alheamento de
alguns do seio familiar, buscando guarita neste meio, apenas nos momentos de
dificuldade pessoal.
A obviedade desta introdução termina aqui e, passo a partir deste momento, a
compartilhar minha experiência pessoal, no sentido de relatar o meu crescente
amor por meus familiares, de uma maneira geral.
Com nossos pais já chegando a idades avançadas e a necessidade de comunicações
constantes para tomada de decisões, vou me aproximando cada vez dos manos,
sentindo a cada troca de mensagens pelo WhatsApp um amor brotando e as
lembranças da infância retornando, todas permeadas de carinho e com
reminiscências maravilhosas de um tempo que lançamos esplendoroso olhar.
Começo por Júlio, o mais velho, que influenciou meu destino. Lembro dele
morando num pequeno apartamento na descida da Ladeira do Sol, sob o de Henfil,
curtindo Led Zeppelin, Pink Floyd, Santana, Janis Joplin e me levando para
curtir a Redinha, Mãe Luiza e os jogos do ABC, o que fez com que virasse casaca
pois torcia pelo América. Até hoje meu gosto musical e minha identificação com
o lado mais alternativo da vida, devo a Júlio, sem esquecer a paixão pelo
Flamengo, que ele plantou em meu coração.
Já Leila, tendo ido morar muito jovem em Brasília, guardo a forma sempre
carinhosa de tratar todos os assuntos, sua meiguice, uma espécie de mãe, de
pessoa confiável e de agradável companhia.
Fernandinho era o empreendedor de minha infância. Mantinha uma boutique em seu
quarto e sempre me tratou como um filho. Temos afinidades espirituais e lembro
dele envolvido com o estudo dos extraterrestres, assunto que também me
influenciou bastante. É de uma generosidade incrível, estando imediatamente
pronto para dar sua colaboração quando necessário.
Lila era a estudiosa, quieta e, hoje, um vulcão de energia no sentido de curtir
a vida. Explora todas as possibilidades de diversão e de alegria,
compartilhando largos sorrisos e dando renovado exemplo de maternidade, estando
com as crias sempre sob as asas e conduzindo as princesas Marinna e Marianna
para os quatro cantos da vida. Temos graciosa amizade, sempre pontuada por
risadas e troca de informações.
Jorge, o mais novo, é um ser que gosto muito. Quando menino era uma pilha,
agora mais velho e pai amoroso, é um elogiado profissional da odontologia,
travando com ele constantes diálogos sob questões metafísicas e, tendo a
oportunidade de tê-lo a meu lado em ações da Casa do Bem, seja como
colaborador, seja como eventual voluntário. Gosto muito dele também.
Esse amor que sinto por todos os meus irmãos, aprofundado, renovado e
amplificado cada vez mais, encontra parentesco no mesmo que sinto por minha
esposa, filhos e pais. É na família que devemos cultivar os valores
humanitários, éticos e religiosos que aprendemos na universidade da vida.
Lendo com atenção os ensinamentos do educador e mestre espiritual indiano
Sathya Sai Baba encontro constantes referências a importância da família para o
equilíbrio pessoal e planetário. Sou feliz por ter em todos os quadrantes da
minha, o amparo, o carinho, a mão amiga e a palavra amorosa.
E pela acolhida e companhia constante, agradeço aqui publicamente aos manos,
filhos, esposa, pais e demais familiares, toda essa emanação que me fortalece e
proporciona as bases para que possa desenvolver dentro do meu ser, o amor
necessário para poder fazer parte do mundo, como um ser produtivo e positivo.
* É escritor, jornalista e ativista social em
Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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