Luciano
Capistrano - luciano.capistrano@natal.rn.gov.br
Historiador/Comissão
Municipal da Verdade Luiz Maranhão Filho
“Alecrim, com suas avenidas
retangulares, sua extensão em claridade, sua possibilidades de desdobração, aparece como um milagre de previsão dos
velhos e acusados administradores antigos. O crime, cruel e tenebroso crime da
displicência administrativa, é sujar todo esse cenário luminoso entregando a
terra da gente morar a quem quer apenas vender”. (Luís da Câmara Cascudo)
Caro leitor (a) na década de 1940,
Câmara Cascudo, alertava a sociedade natalense, em sua História da Cidade do
Natal, sobre os perigos da especulação imobiliária. Já naquele tempo, a força
do capital utilizava, conforme Cascudo, terras de morada para especular, para
vender. Defendia o mestre da cultura popular, o sentido social da terra.
Bem, fato é que o Alecrim se
desenvolveu, cresceu e deixou de ser uma terra de sítios e casebres. Hoje faz
parte dos 100 maiores bairros do Brasil em arrecadação de tributos. Este é um
dado importante, um dado relevante, quando pensamos na geração de emprego e
renda, resultado da pujança de uma economia viva, de um bairro centenário.
Alecrim, onde tudo se acha, é o nosso campeão em repasse para os cofres
públicos de ISS e ICMS.
Permita-me dizer, caro leitor, o
Alecrim é a nossa galinha dos ovos de ouro. Há
muito tempo, merecedor de uma atenção especial por parte de nossos gestores.
Ordenamento do comercio de rua, mobilidade, segurança, iluminação, placas
informativas, são alguns dos itens que devem fazer parte da agenda de qualquer
gestor, preocupado com o desenvolvimento de nossa cidade. O crescimento de
Natal, passa pelo Alecrim.
Cenário de intensa atividade
econômica, andar por suas ruas é caminhar por um fervilhar de camelôs,
vendedores, clientes, lojistas, enfim, uma profusão de pessoas vendendo ou
comprando. Fazendo jus ao lema Alecrim, bairro completo.
Lojistas e camelôs, numa relação, às
vezes opostas, com um objetivo comum: fazer do Alecrim, cada vez mais, o lugar
de seu “ganha pão”.
Em tempos de Copa do Mundo, quando a
palavra de ordem é “legado”, faço um convite em forma de provocação, vamos
andar pela história do Alecrim. Sim, o bairro do Alecrim tem História. Uma
história que se confunde com a história da cidade de Natal. Neste sentido,
façamos, então, um Circuito Histórico do Alecrim, atenção agencias de turismo,
professores, gestores culturais, empreendedores, este é o momento de
apresentarmos o antigo Cais do Sertão, como mais uma atração do turismo
histórico/cultural, este pode ser o legado da copa para o bairro. Façamos o
Circuito Histórico do Alecrim.
Iniciemos pela Praça D. Pedro II,
onde encontra-se, o busto do Imperador, obra do escultor Francisco de Andrade;
a igreja São Pedro, construção católica datada de 1919; o Cemitério do Alecrim
lugar de repouso, lugar de muita história sobre o ser potiguar, construção de
1856; Escola Estadual Padre Miguelinho, local da sede do primeiro grupo de
escoteiro de nossa cidade, guarda um memorial do escotismo Norteriograndense; o
Centro de Saúde, lugar do antigo Lazareto da Piedade; Base Naval de Natal,
unidade militar, testemunha do período em que Natal transformou-se em Trampolim
da Vitória; Templo Central da Assembleia de Deus, erguido no mesmo local, que
no ano de 1937, era construído a primeira Assembleia de Deus no Alecrim; Praça
Gentil Ferreira, lugar de memória da cidade, palco das grandes manifestações
políticas e culturais ocorridas no “palco’ palco do antigo Quitandinha; o Relógio
do Alecrim, presente dos Rotaryanos, instalado próximo a Praça, desde 1965 testemunha
do tempo, lugar de referencia a quem vai ao Alecrim.
Alecrim e suas ruas com nomes de
tribos indígenas, homenagem aos antigos habitantes de nossas terras potiguares,
ruas que teimam, apesar dos tempos, a serem chamadas por números, avenida 1,
avenida 2, avenida 3, ... Alecrim dos sábados e sua feira, lugar de
sociabilidade, lugar de ouvir, sentir e degustar os sabores da terra.
Alecrim tem Circuito Histórico, sim senhor!
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