Salete
Pimenta Tavares
O Segundo
Domingo de Maio é o dia em que se comemora o Dia das Mães. A iniciativa de
criar um dia dedicado às mães – muito embora se sabe que todo dia é dia de mãe
– foi de uma jovem americana chamada Ana M. Jarvis, em 1908. Na América do Sul,
a data foi comemorada, pela primeira vez no dia 12 de maio de 1918 e no Brasil
somente em 1932, no Governo de Getúlio Vargas, ficando oficializado o segundo
domingo de maio como o dia dedicado às mães.
Falar
de mãe, da verdadeira mãe, não é tão fácil, tendo em vista que, Mãe significa e
representa tudo: é carinho, é amor, é alegria, é felicidade, é delicadeza, é
cuidado, é orientação, é capacidade de fazer tantas coisas ao mesmo tempo, é
força interior capaz de resolver todos os problemas do dia-a-dia e finalmente
mostrar aos filhos o quanto eles são importantes para ela.
Há
alguns anos, praticamente só existia a mãe biológica. Com o passar dos tempos,
a mãe adotiva foi aparecendo em grande número e denominada “mãe do coração”.
Essas mães nos fazem compreender a grandeza do ser humano capaz de se entregar
de corpo e alma a crianças, muitas vezes sem ninguém no mundo, oferecendo todo
o sentimento maternal possível e verdadeiro da mãe biológica.
Antes
de falar na mãe adotiva, quero lembrar aqui um tempo em que não existia
televisão, e isso não faz muito tempo, uma vez que a televisão, no Brasil, foi
inaugurada em 18 de setembro de 1950. Nessa época, nós vivíamos a mercê dos
aparelhos de rádio, nos contentando em ouvir notícias, alguns programas,
geralmente programas musicais, quando finalmente apareceu uma novidade: a
novela de rádio. Lembro ainda que, alguns familiares, amigos ou vizinhos (que
não possuíam rádio), passaram a frequentar nossa casa, principalmente no
horário da novela. E a novela naquele momento era “O Direito de Nascer”, do
escritor cubano Felix Caignet, a qual atingiu índices de audiência da ordem de
73%. De acordo com o livro ”A Hollwood Brasileira – Panorama da Telenovela no
Brasil”, de Mauro Alencar, Editora SENAC RIO, a radionovela “O Direito de
Nascer” transformou-se em delírio nacional. A história se passa na sociedade
moralista e conservadora do começo do século XX, numa família de aristocrata de
princípios rígidos e intransigentes. A filha do poderoso aristocrata Dom Rafael
Zamora de Juncal, Maria Helena, engravida do seu noivo, que não quis assumir o
filho, tornando-se mãe solteira e repudiada pelo pai. Ao nascer, a criança
tornou-se alvo do ódio do avô Dom Rafael, o qual chegou até a planejar a morte
da criança, por não aceitar um neto bastardo. E aqui vem a mãe adotiva da novela, Mamãe
Dolores, representada pela atriz Guiomar Gonçalves, a preta velha empregada
da família Juncal, que já estava cuidando da criança, ao perceber a intenção do
patrão e temendo o que de pior pudesse acontecer, resolveu fugir de casa
levando consigo a criança, para desespero, não só da mãe Maria Helena, mas
também de alguns outros membros da família que não concordavam com o fato.
Desgostosa, Maria Helena se recolhe a um convento e passa a atender por Sóror
Helena da Caridade. Sempre fugindo e enfrentando noites escuras e perigos nos
caminhos percorridos, Mamãe Dolores encontrou um lugar seguro para se instalar
longe daquela família. Trabalhando de sol a sol, enfrentando muitas dificuldades,
Mamãe Dolores, com muito sacrifício criou e educou o menino, batizou-o com o
nome de Alberto (o Albertinho Limonta da novela) e ele já crescido forma-se em
medicina, tornando-se um grande médico. Para desespero de Mamãe Dolores, quis o
destino levar Albertinho, como médico, à família Juncal (para ele desconhecida)
e o mesmo se apaixona por sua prima Isabel Cristina, e termina salvando a vida
do avô que o amaldiçoara no passado. Albertinho se casa com Isabel Cristina,
não sem antes saber, claro, que é fruto de um ato impensado de sua mãe
biológica Sóror Helena da Caridade. A radionovela “O Direito de Nascer” foi
transmitida através da Rádio Tupi em São Paulo, cujos atores principais eram:
Heitor de Andrade (Dom Rafael de Juncal), Walter Forster (Albertinho Limonta),
Norma Lopes (Isabel Cristina), Yara Lins (Maria Helena) e Guiomar Gonçalves (a
Mamãe Dolores). No Rio de Janeiro a radionovela foi transmitida através da
Rádio Nacional, com os atores: Saint-Clair Lopes, (Dom Rafael), Paulo Gracindo
(Albertinho Limonta), Isis de Oliveira (Maria Helena), Dulce Martins (Isabel
Cristina) e Yara Salles (a protagonista Mamãe Dolores).
Apesar
de “Em busca da Felicidade” ter sido a primeira radionovela transmitida no
país, através da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi “O Direito de Nascer”,
em1951, a principal e mais emocionante, com um índice de audiência
elevadíssimo, levando os radiouvintes às lágrimas por tanta emoção,
tornando-se, na época, o maior sucesso desse tipo de narrativa, em todo o país.
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