Salete Pimenta Tavares
Com a
chegada da televisão no Brasil, os programas de rádio foram enfraquecendo e as
radionovelas, que já eram sucesso na época, desaparecendo para darem lugar aos
programas televisivos. Após o sucesso da radionovela “O Direito de Nascer”, do
escritor cubano Felix Caignet, transmitida através da Rádio Tupi em São Paulo e
da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a televisão brasileira produziu e exibiu
pelas extintas TV-Tupi-SP e TV Rio, “O Direito De Nascer”, telenovela escrita
por Thalma de Oliveira e Teixeira Filho, com Direção de Lima Duarte e José
Parisi, ficando no ar de 07 de dezembro de 1964 a 13 de agosto de 1965, com 160
capítulos. A telenovela era gravada e levada ao ar em São Paulo pela TV Tupi e
retransmitida no Rio de Janeiro pela TV Rio. Essa, foi a primeira das três
adaptações feitas para a televisão brasileira, da radionovela acima citada e o
primeiro grande clássico da teledramaturgia brasileira.
O sucesso da telenovela foi tamanho, que foi organizada
uma festa de encerramento, em São Paulo, na noite de sexta-feira, 13 -08- 1965,
e no dia seguinte, a festa de encerramento foi realizada no Maracanãzinho, com
um estádio superlotado, mostrando assim, o poder da novela sobre as massas.
Também houve uma festa de encerramento da novela no Estádio Mineirão em Belo
Horizonte.
Uma segunda adaptação foi feita em 1978, com Direção
de Antonio Seabra e uma terceira, em 2001, com Direção de Roberto Thalma e
exibida pelo SBT. Entre os
personagens principais dessa novela como Albertinho Limonta, Dom Rafael de
Juncal, Maria Helena, entre outros, a Mamãe Dolores foi o mais lembrado e o
mais forte personagem dessa história. Na radionovela, em São Paulo, a Mamãe
Dolores foi representada pela atriz Guiomar Gonçalves e no Rio de Janeiro pela
atriz Yara Salles. Nessa primeira adaptação da radionovela para a telenovela
(1964), a convidada para interpretar o papel de Mamãe Dolores foi a atriz
Isaura Bruno, que já havia sido convidada para interpretar o personagem de “Tia
Nastácia” na série “O Sítio do Pica-Pau Amarelo” realizada pela TV Cultura.
Em seguida, Isaura Bruno foi escalada para a novela “O
Preço de uma Vida”, escrita por Thalma de Oliveira sob a Direção de Henrique
Martins. Isaura Bruno ainda participou de quatro filmes, entre eles “Luar do
Sertão” e a “Cabana do Pai Tomás”, o seriado “O Sítio do Pica-Pau Amarelo” e
ainda o filme “O Incrível Seguro da Castidade” em 1975, sendo este o último
filme e último trabalho realizado pela atriz.
Os anos 70, foram muito difíceis para personagens de
origem negra e também para outros artistas brasileiros, os quais tiveram seus
trabalhos minguado de um modo geral, tanto na televisão, como no cinema. Sem
trabalho no cinema e na televisão, Isaura Bruno entrou em decadência e, por
certo tempo, passou a viver apenas dos direitos autorais de um livro sobre
culinária que ela havia escrito e publicado. Com o tempo, o dinheiro foi
ficando escasso, e ela, esquecida pelo público e até por amigos, passou a vender
doces nas ruas para sobreviver. Segundo alguns historiadores, os doces eram
vendidos nas ruas de Campinas, interior paulista, e para outros nas praças da
cidade de São Paulo. (v.pesquisa Internet). Isaura Bruno foi a primeira atriz
afro-brasileira a conseguir ser a protagonista principal de uma telenovela
brasileira, a Mamãe Dolores de “O Direito de Nascer”, e, depois do grande
sucesso da novela, com 60 anos de idade, morre, em 03 de maio de 1977, vítima
de enfarte, pobre e esquecida por todos.
Nessa época, a novela não tinha trilha sonora com
várias músicas, como atualmente. Ela se destacava apenas com uma música ou no
máximo duas, como foi o caso de “A Deusa Vencida”, num compacto vinil somente
com duas faixas. A telenovela “Redenção”, exibida na TV Excelsior, teve sua
trilha marcada por apenas uma grande música: “Tema de Lara”. A revolução da
telenovela brasileira, apresentada pela Rede Globo, na virada da década de
1970, foi acompanhada e impulsionada pela trilha sonora, a qual parece ser a
responsável pelo êxito da novela. Foi criado então um slogan; “trilha sonora
original”, dividida entre nacional e internacional. A novela no horário das
18.00 horas, ganha impulso, ao adaptar romances brasileiros para a TV, como foi
o caso de uma das obras de José de Alencar “Senhora” e também das de Jorge
Amado “Tieta do Agreste”.
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