15 de julho de 2014

A SONORIDADE NO CINEMA Húngaro (final)

A Hungria deu, antes da segunda guerra mundial, inúmeros artistas, diretores e produtores cinematográficos aos grandes estúdios da Europa e da América. E talvez por isso mesmo não tenha conseguido organizar sua própria indústria de filmes. O cosmopolita Alexander Korda (considerado um dos fundadores do cinema húngaro) foi um dos que deixaram sua pátria e passou a filmar em diversos países, enquanto o naturalizado americano Mihaly Kertesz (que mudou o nome para Michael Curtiz) também abandonava seu solo pátrio. São húngaros Geza von Bolvary, Paul Fejos, Geza Radvany, Peter Lorre e Frigyes Ban, entre outros.
            Em maio de 1949 a Hungria  perdia um notável teórico do cinema. Autor de ensaios de fundamental importância sobre a estética em geral, estabelece que a linguagem se realize pela montagem, enquadramento e grande plano. Estamos falando de Bela Balázs, que ainda diz: ‘talvez nenhuma outra arte permita constatar e avaliar o próprio aspecto e alcance social como a arte do cinema, a ponto de se poder dizer que no cinema a arte não é o mais importante’. Balázs foi autor de argumentos de fitas célebres, como A ópera de três vinténs (Pabst, 31), Em qualquer parte da Europa (Radvany, 47), e Pedaços da terra ( Frigyes Ban).
            Aliás, foi com Radvany e Ban que o cinema húngaro manifestou – no pós-guerra – toda a sua pujança, projetando-se pela primeira vez no cenário mundial. O tema da infância abandonada é abordado no filme Em qualquer parte da Europa (que foi exibido aqui em Natal ainda no tempo do Cine-clube Marista, uma época áurea e saudosa para quem a vivenciou), que o cineasta Nicolai Ekk já focalizara – mais de dez anos antes – em Caminho da vida, de 1931, o Vittorio De Sica em Sciuscià/Vítimas da tormenta, de 1945/46 e o espanhol Luis Buñuel em Los Olvidados/Os Esquecidos, que realizou no México em 1950.
            Foram com estes dois nomes, enfim, (Radvany e Ban) que o cinema na Hungria iniciou uma sólida confiança nas possibilidades e perspectivas de um futuro para o cinema do país.


Nenhum comentário:

Postar um comentário