A Hungria deu, antes da segunda
guerra mundial, inúmeros artistas, diretores e produtores cinematográficos aos
grandes estúdios da Europa e da América. E talvez por isso mesmo não tenha
conseguido organizar sua própria indústria de filmes. O cosmopolita Alexander
Korda (considerado um dos fundadores do cinema húngaro) foi um dos que deixaram
sua pátria e passou a filmar em diversos países, enquanto o naturalizado
americano Mihaly Kertesz (que mudou o nome para Michael Curtiz) também
abandonava seu solo pátrio. São húngaros Geza von Bolvary, Paul Fejos, Geza
Radvany, Peter Lorre e Frigyes Ban, entre outros.
Em
maio de 1949 a
Hungria perdia um notável teórico do
cinema. Autor de ensaios de fundamental importância sobre a estética em geral,
estabelece que a linguagem se realize pela montagem, enquadramento e grande
plano. Estamos falando de Bela Balázs, que ainda diz: ‘talvez nenhuma outra
arte permita constatar e avaliar o próprio aspecto e alcance social como a arte
do cinema, a ponto de se poder dizer que no cinema a arte não é o mais importante’. Balázs
foi autor de argumentos de fitas célebres, como A ópera de três vinténs
(Pabst, 31), Em qualquer parte da Europa (Radvany, 47), e Pedaços
da terra ( Frigyes Ban).
Aliás,
foi com Radvany e Ban que o cinema húngaro manifestou – no pós-guerra – toda a
sua pujança, projetando-se pela primeira vez no cenário mundial. O tema da
infância abandonada é abordado no filme Em qualquer parte da Europa (que foi
exibido aqui em Natal ainda no tempo do Cine-clube Marista, uma época áurea e
saudosa para quem a vivenciou), que o cineasta Nicolai Ekk já focalizara – mais
de dez anos antes – em Caminho da vida, de 1931, o Vittorio
De Sica em Sciuscià/Vítimas da tormenta, de 1945/46 e o espanhol Luis
Buñuel em Los
Olvidados /Os Esquecidos, que realizou no
México em 1950.
Foram
com estes dois nomes, enfim, (Radvany e Ban) que o cinema na Hungria iniciou
uma sólida confiança nas possibilidades e perspectivas de um futuro para o cinema
do país.
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