Por Flávio Rezende*
A história do homo sapiens por este lindo planeta azul soma cerca de 200 mil
anos para os considerados anatomicamente modernos. Neste significativo período
de tempo fomos inventando bilhões de coisas para que nossa existência seja mais
confortável, ética e alegre.
No campo dos arranjos coletivos, inventamos a representatividade, para que
enquanto alguns coletem alimentos, organizem tarefas e manufaturem produtos, outros
cuidem de leis e de normas para que possamos ter as coisas em ordem e as obras
feitas dentro de regras que achamos corretas.
Dentro deste sistema todo, decidimos em algum
momento criar os partidos políticos, que segundo texto consolidado no Wikipédia,
está assim anunciado: “na Grécia e Roma antigas, dava-se o nome de partido a um grupo
de seguidores de uma ideia, doutrina ou pessoa,
mas foi só na Inglaterra, no século XVIII, que se criaram pela primeira vez, instituições
de direito privado, com o objetivo de congregar partidários de
uma ideia política: o
partido Whig e o
partido Tory. De fato, a ideia
de organizar e dividir os políticos em partidos se alastrou muito, no mundo todo, a
partir da segunda metade do século XVIII, e, sobretudo, depois da revolução francesa e da independência dos Estados
Unidos. Até porque, a partir daí, a própria percepção da
natureza da comunidade política se transforma dramaticamente.”
A boa ideia serviu no passado e sobrevive até hoje
em praticamente todos os cantos e recantos do planeta, o problema é que a
divisão ideológica da sociedade chegou a um ponto de mutação tão acentuado, que
hoje já não se sabe de fato quem é de direita, de esquerda e de centro,
inviabilizando a divisão por ideias dos representantes da coletividade.
No Brasil, de hoje, por exemplo, os antigos
esquerdistas mais parecem aguerridos liberais, os direitistas incorporam
discursos a esquerda, parecendo que buscam mais alinhamento com o poder,
ficando suas supostas ideologias a reboque de interesses pessoais, tornando
inócuos seus posicionamentos partidários, visto que escancaradamente, não se
identifica verdadeiramente pureza nestes ajuntamentos de políticos vagando a
esmo pelas diversas siglas.
Diante da constatação da falência das ideologias,
proponho o fim dos partidos políticos. Qualquer pessoa, preenchendo os
requisitos eleitorais, poderia se candidatar e os vencedores seriam pela ordem
natural dos votos obtidos. A exposição nas mídias seria de todos, se temos uma
hora, dividia pelo número de candidatos, que apareceriam individualmente
falando sobre seus planos de ação.
Nas casas legislativas não seria preciso votar em
bloco partidário. Os dirigentes das casas seriam escolhidos em eleição direta
dos membros, os votos seguiriam normais, acabando com estes votos de líderes e
as obstruções que os partidos promovem, tornando o rito mais ágil e o perfil
geral da casa mais verdadeiro.
Partidos estão servindo para emparedar governantes
com chantagens e para a busca febril de cargos para a indicação de negociantes
que uma vez instalados em ministérios, órgãos de regulação e estatais, cuidam
de obter fundos para a permanência eterna dos partidos apadrinhados no poder e
a distribuição de “sobras” que tornam os recém eleitos em milionários em menos
de um mandato, viciando os sujeitos e emporcalhando a nação que já carente de
recursos, vê sua riqueza ser compartilhada com uns poucos em detrimento dos
muitos que realmente necessitam.
Hoje percebemos que os partidos políticos se
transformaram em cabides de emprego, balcão de negócios, organizações
criminosas e ajuntamento de ensandecidos seres totalmente cegos pelo capital.
Claro que não podemos generalizar e que existem partidos e seres do bem, ainda
comprometidos com causas boas: amém!
O problema é que a santidade inicial parece só
sobreviver na oposição, longe dos louros do poder e da força da grana que ergue
e constrói obras belas para usufruto das comissões. Temos percebido que ao
beber da fonte governamental, os santos viram pecadores e parece não escapar
quase ninguém neste inferno dantesco consumidor de idealistas e de sonhadores.
Por essas e outras que proponho o fim dos partidos
aqui no Brasil. Conversando por ai ouço todo mundo dizendo que vai votar em
pessoas, muitos não acreditam mais em partidos, que servem a conveniências
pessoais e são portais para a corrupção e a obtenção de vantagens pessoais.
Isso é loucura? Não acho. É perfeitamente viável.
Loucura é continuar abastecendo esses partidos gulosos com verbas, para que
continuem sugando nossa riqueza para usufruto com potentes carros, viagens em
jatinhos, compra de votos nas campanhas eleitorais e o preenchimento de cargos
como o de presidentes, secretários e um monte de galhos que só recebem jabutis
para trabalhar não pelo Brasil e sim pela manutenção de suas próprias
estruturas, alienígenas aos interesses nacionais e totalmente desnecessárias.
Acabar com os partidos resolve alguma coisa? Não
sei, mas como está a coisa só tende a piorar.
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