27 de abril de 2014

OLIGARQUIAS POTIGUARES: O NOVO SEMPRE VEM?

Boanerges Cezário*

Abrindo o Dicionário Didático do Ensino Fundamental aleatoriamente, deparei-me com o vocábulo OLIGARQUIA.
Ali está consignado que se trata de “ 1 um sistema de governo em que um pequeno grupo de pessoas, pertencentes ao mesmo partido, família ou classe, possui o domínio cultural, social e político de um lugar, geralmente apenas visando os benefícios próprios. 2 Estado que tem esse sistema de governo 3 Grupo minoritário de pessoas que dirige e controla uma organização, instituição ou coletividade, geralmente apenas visando os benefícios próprios.”

No Blog do Professor Marcílio Moreira (http://marciliomoreira.blogspot.com/2011/04/oligarquias-no-rn-pode-ate-mudar-um.html) há uma opinião do também professor José Lacerda Alves Felipe, que diz:
as oligarquias do estado dão apenas um “verniz” ao velho modelo de fazer política. “No Rio Grande do Norte, as oligarquias fazem um processo de modernização e renovação sem promover mudanças. A renovação é feita por familiares, o que faz com que as famílias se mantenham no poder. Há uma renovação do quadro político, mas não há mudança”, diz o geógrafo. “O grupo oligárquico permanece, com pessoas mais abertas, o que dá impressão de transformação, mas ela não ocorre”, acrescenta.

Assim, nós eleitores das plagas norteriograndenses estamos sempre pensando que podemos mudar o estado de coisas para melhor. Ledo engano.
O eleitor potiguar, que não é diferente da média nacional em matéria eleitoral, costuma votar sem saber o porquê daquele candidato querer ser eleito, os reais interesses do novo, os reais propósitos de políticos que se propõem à realização de mudanças.
Fantasiados de salvadores da pátria, os descendentes se apresentam como a solução para todas as mazelas do Estado.

Não é necessário citar nomes, basta ler as colunas políticas, para a próxima campanha municipal, ou estadual, para ver nos candidatos a candidatos como seus sobrenomes lembram algum avô, pai, tio, irmão, sobrinho e por ai vai.

Eles têm culpa no cartório? Não, claro que não. Os eleitores é que se inebriam com mensagens de mudança, uns votam pela beleza física do(a) candidato (a) (ugh!). Outros (os espertalhões) votam porque querem auferir alguma vantagem sobre as combalidas contas de governo, alimentadoras de pseudo-empresários. Esses, enriquecem nas licitações fraudulentas e gostam de se vangloriar dizendo que são “empresários”, que “não suportam servidores públicos”, ou seja, pensam que são empreendedores da iniciativa privada, quando na verdade não passam de bibelôs, piores que os barnabés de carreira, pois quando muda a família instalada no poder, curiosamente tais empresas fecham e seus donos também somem do meio empresarial.

Em casos de greve de professores, por exemplo, os governadores, prefeitos e outros parecidos não se comovem muito com um professor ganhando pouco, com as condições precárias das escolas. E faz sentido, porque na verdade essa elite estudou nos melhores colégios daqui, de Recife, do Rio, de Brasília, então para que se preocupar com isso? Alguém já viu os filhos dessas autoridades estudando em colégios públicos estaduais ou municipais?
Em relação à saude, também não se preocupam esses tradicionais políticos, pois quando necessitam vão a São Paulo, Rio ou até o exterior para se cuidarem. Ou alguém já viu um prefeito, Governador na fila do Sus, requerendo na Justiça o Direito de ser atendido, de realizar uma cirurgia?
Belchior em uma de suas músicas diz “que o novo sempre vem”, mas aqui vem de uma forma diferente, vem maquiado, penteado, fabricado pela mídia como a cara da mudança.

Para mudar esse quadro, o eleitor precisa quebrar o paradigma de votar em famílias tradicionais e ter coragem para depositar nas urnas um voto de confiança nas novas caras da mudança (e não nas coroas oligárquicas e suas descendências).
Será que somos um Estado de eleitores incompetentes? Que tal eleger alguém novo de verdade? Que tal quebrar regras e inovar?
Eleição custa caro.



*Blogueiro e Estudante de Geografia

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