Por Flávio Rezende *
A humanidade atravessa diversos
momentos difíceis, muitos dos quais diante de catástrofes naturais, golpes
políticos com aparato militar, crises,
depressões econômicas e tantas outras agruras mais.
Além dos citados na introdução do
presente escrito, um dos grandes problemas enfrentados pela maioria dos seres,
são os embates pessoais que acontecem cotidianamente entre todos nós, muitos
dos quais, no seio familiar.
Esses confrontos são de toda ordem,
fruto do envolvimento de alguns com drogas, com comportamentos inadequados, em
decorrência do desemprego, traição, religião, futebol, política, cor,
sexualidade e diferença econômica.
Por causa disso, as discussões entre os
seres fazem parte da rotina humana e, é comum, ouvir alguns familiares
afirmando para outros, que a pessoa não tem paciência, se irritando facilmente
diante de algumas questões e, sendo mais condescendente com o povo da rua do
que com os de casa, exigindo do mesmo mais compreensão no lar.
É comum também que alguns, diante
dos debates, peçam a outra parte, que seja mais compreensivo com o
comportamento exibido, alegando as diferenças e trazendo a tona outros
argumentos que amenizem as faltas.
O que é preciso lembrar é que nos
problemas envolvendo as pessoas da rua, as rusgas são menores, acontecem
esporadicamente, são pontuais na maioria dos casos, dando margem para que o
perdão e a compreensão sejam exercidos de maneira mais fácil. Já as questões
caseiras, pela própria dinâmica do ser humano de viver em ajuntamentos
consangüíneos, são repetitivos, constantes, chegando a alguns casos a ocorrerem
diversas vezes num mesmo dia, provocando a irritação, a desesperança de uma das
partes no conserto ou no aprendizado da outra parte e inviabilizando
enormemente o andamento normal dos procedimentos pacíficos.
As partes errantes cobram
constantemente das partes cobrantes, paciência, compreensão, querendo assim
perpetuar esses valores, mas, por sua vez, não compreendem que tudo se
resolveria, se esse comportamento que causa os atritos fosse eliminado, ou
diminuído. Isso torna as pessoas que tem razão nos embates, tristes e
infelizes, pois, além de sofrerem com os problemas decorrentes da má vontade,
da ruindade ou da incompetência dos outros, ainda são cobradas de uma santa
paciência e de uma eterna benevolência, não refletindo o “barra pesada” que ele
sim é que tem que entrar nos eixos e deixar de fazer o que faz, para que a
harmonia se restabeleça.
O que acontece em resumo é que as
pessoas que causam desarmonias, atraindo inevitavelmente problemas diversos de
relacionamento, agregando a isso discussões, estresses, palavrões, gritaria,
acalorados debates, querem ser compreendidos eternamente, enquanto eles mesmos,
em muitos casos, não fazem nenhum esforço para compreender que o lado certo no
embate, não tem obrigação de aceitar eternamente tudo, tendo razão em mandar a
paciência para a PQP e tomar providências para que o quadro negativo mude ou
chegue a um fim, pois, do contrário, esse ser humano que está com suas razões,
terá sua saúde debilitada, seu astral arruinado e sua vida desperdiçada com
brigas e brigas sem fim, com pessoas que só querem mesmo é o eterno habeas
corpus para seus deslizes, não movendo palha para uma real mudança de
comportamento que faria bem a ambas as partes.
Claro e desnecessário dizer que todo caso é um
caso, que nem sempre um lado só tem razão em tudo e que apesar da repetição dos
erros por muitos e muitos momentos, a paciência, o perdão e o entendimento
precisam ser exercitados permanentemente, afinal, isso é o que nos diferencia
dos demais seres.
· * É escritor, jornalista e ativista
social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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