Valério Mesquita
O agravamento dos
problemas de saúde, segurança e desemprego no mundo e, particularmente, no
Brasil, tem a sua raiz na explosão populacional. Não precisa ser cientista
social, sociólogo, socialista ou qualquer profissional especializado para
chegar às conclusões. Há cinquenta anos as entidades de planejamento familiar
no Brasil não foram bem recebidas pela igreja, partidos políticos, governos
estaduais e sociedade civil. Velhos tabus se interpuseram e malograram os
propósitos da diminuição da natalidade que poderia ter atenuado hoje o
crescimento geométrico da população e da demanda de saúde, de alimento, de
emprego, de violência e tantas outras mazelas. O homem continua predador do
globo terrestre e da sua própria vida quando, a cada dia, gera competitividade
a si mesmo.
Observem o continente
africano, com uma gama imensa de pobreza e de carências de todo o tipo. Ali a
raça humana se acha em processo de extermínio mesmo, pela fome e pela doença. E
os países ainda promovem guerras brutais numa verdadeira e escandalosa
carnificina. E qual o divertimento dessa superpopulação oprimida e atrasada: o
sexo, a procriação, que substituem ilusoriamente a falta de sustento, de
assistência, de remédio, todos subjugados ao talante político de golpistas e
demagogos corruptos. Mas, as nações do Novo Mundo, de idiomas espanhol e
português, enfrentam as mesmas sobrecargas, migrando para a Europa que já
fechou, por sua vez, as porteiras alfandegárias e diplomáticas. Para africanos
e asiáticos, idem. As razões defensórias são as mesmas: os estrangeiros solapam
e rivalizam o acesso à saúde, ao emprego e ao alimento com os nacionais, além
de promoverem tumultos pela conquista de direitos sociais iguais.
O Brasil já supera os
duzentos milhões de habitantes. É uma população que já ultrapassa a grandeza da
sua dimensão territorial. Isso, por conta dos bolsões de pobreza, de
desemprego, criminalidade e saúde pública (federal e estadual) sucateadas.
Outro ponto concorrente reside na migração do homem do campo para as áreas
metropolitanas. Aí se instala a desordem social, onde tudo que é excesso se
transforma em coisa demasiadamente ruim. Quer um exemplo: a quantidade de
veículos motorizados, o número crescente de assaltos, rios poluídos, água
potável contaminada, escassez de moradias, e por aí vai. Tudo por quê? Porque
existe gente demais. O país ignorante e analfabeto não elegeu uma política
educacional de controle da natalidade para um desenvolvimento sustentável.
E daí? Tome improvisação e
choque de gestão! Medidas oficiais somente paliativas e projetos
megalomaníacos. O brasileiro espera sempre pelo milagre da terra, sem
prepará-la, contudo, adequadamente, para produzir alimentos. No Rio Grande do
Norte, quem está no campo produzindo? Quem deseja mais manter propriedade rural
para ser tomada por bandos organizados e oficializados? A economia mundial
sofre a pior crise da sua história, face à concentração de riquezas dos que
aplicam dinheiro no arriscado mercado de capitais, em detrimento de bilhões de
indivíduos marginalizados. Com efeito, levam os governos ao “salvamento” de
bancos e empresas gigantescas, tirando das populações empobrecidas o direito ao
pão, à saúde e ao teto. O “crescei e multiplicai-vos” foi levado muito ao pé da
letra. Como diria um padre amigo meu, “isso aí é uma alegoria...”. Sou a favor
da vida, mas é preciso ensinar o povo que botar gente no mundo sem condições de
criar, hoje, é burrice e dor.
(*) Escritor.
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