19 de maio de 2017

AH, AS INQUIETUDES!...


Bené Chaves

                 Gupiara já vivia seu clima de quase insuflação, sendo constantemente abordada para fazerem dela um grande empório. Era o inevitável progresso às portas de uma outrora e pacata cidade, batendo com suficiente força para arrombar suas dependências. Mesmo depois de uma obstinada e perdida luta contra tal conjetura.
                E sabia eu, lógico, que nada poderia deter aquelas mudanças, pois mais cedo ou mais tarde viveria e vivenciaria os acontecimentos. Seria outra batalha ineficaz, desta feita, no âmbito social. Insucessos que só viriam em detrimento de um povo alheio ao andamento do que se sucedia. Era um prognóstico inaceitável. E outra ilusão!
               Contudo, diante dos problemas que começavam a surgir, percebi novos e nobres horizontes, facilitado pela percepção que tinha dos fatos acontecidos ou a ocorrer. Passei anos dedicando-me também a tentar e desejando concluir algum curso superior, era evidente que teria uma vida inteira talvez repleta de inquietações e possíveis hostilidades. Isto é: se nenhum acaso desagradável viesse a interromper aquele trajeto iniciado.
               Namorei pouco ou quase nada neste ínterim, sempre com o cuidado de não ser molestado nas supostas e acho que falsas abordagens. As meninas já estavam bem crescidinhas e muito mais sabidinhas. E, então, as rivalidades ocultas teriam melhores chances de se manifestarem. Sabendo-se que dentro delas mesmas existiam tais desejos nas disputas internas ou externas entre si.
              E em intervalos quase regulares parece que eu não tomava jeito de maneira alguma (ah, as mulheres!). Porque terminei me enrabichando por uma garota chamada Rosilda, detentora, esta sim, de um porte físico que me fez estremecer. Ela tinha uns dezenove anos, por aí ... Aliás, sempre apreciei uma garota com esta suculência. E quem não a apreciaria?
             Quando ia para a praia com a mesma ela colocava um biquíni amarelo que deixava transparecer o belo formato de seu corpo, principalmente se aquela loiríssima saísse de dentro do mar com a peça grudada e visualizando detalhes sensuais, os pêlos do púbis a aparecer como um triângulo apetitoso para minha libido.
             Bom mesmo seria, então, quando a gente adentrava naquele ainda límpido oceano. Ao nadarmos alguns metros e com a água já acima da cintura, eu deixava meu corpo e o dela flutuarem na sutileza das ondas. Ali, na imensidão, a esfriar e ao mesmo tempo esquentar nossas vontades, fazíamos o que fosse preciso. E, logo a seguir, depois de um bom relaxamento, saía eu e Rosilda satisfeitos do intento realizado, o riso a transbordar de contentamento em ambas as faces.
            Sei não... Acho que ainda não tinha praticado um ato que atestasse um sublime prazer como aquele dentro das águas mansas de uma das praias nos arredores de Gupiara. Entramos em uma catarse e chegamos ao êxtase. 

            Era, certamente, uma sobrecarga de exaltação que na idade que eu estava me levou a uma infinda sensação de delírio. E claro que da Rosilda também. Dir-se-ia que teria sido um terno e quase eterno vôo dentro do mar.


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