Luciano
Capistrano
Historiador:
Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
Professor:
Escola Estadual Myriam Coeli
Um olhar sobre a cidade
Uns ventos do além-mar
Sopram vozes do poeta lusitano
“Navegar é preciso, viver não é
preciso”.
E o rio de minha aldeia
Corre ao mar
Levando vidas e sonhos
Das comunidades ribeirinhas
Barquinhos a navegar
Passo da Pátria, Cais da Tavares de Lyra
Portos de uma cidade
A olhar o Alto da Torre
Testemunha ocular de uma expansão urbana
E seus conflitos
Em uma urbe viva
Onde não existe neutralidade
Entre o mar, dunas e o rio
Planos tradutores da cidade que temos
E da cidade que queremos
Desejos.
(Luciano Capistrano)
A
Fortaleza dos Reis Magos, construção símbolo do domínio Ibérico, erguida em
1598, exerceu papel fundamental na conquista do norte do território, que veio a
ser o Brasil, como nos lembra o pesquisador Hélio Galvão: “A conquista e
integração do norte do Brasil só se tornou possível a partir do instante em que
a Fortaleza dos Reis Magos, ‘posta em defesa’, pode servir de apoio às jornadas
organizadas naquela direção. É a expansão para além de São Roque, na expressão
de Capistrano de Abreu”(GALVÃO, Hélio. História da Fortaleza da Barra do Rio
Grande. Rio de Janeiro: MEC, 1979, p. 57).
A
relação da identidade do povo brasileiro com a edificação de pedras a embelezar
a paisagem da entrada da barra do rio Potengi, é ponto pacifico entre os
historiadores, não tem como falar da nossa história da formação do povo
brasileiro, sem se fazer uma referência ao domínio lusitano e, evidente, o
papel da Fortaleza dos Reis Magos.
Faço
esse preambulo, insistindo na contribuição da edificação em tela, para a
formação da identidade do povo Potiguar/Brasileiro, como indicação dos caminhos
a serem percorridos nessa escrita. Uma reflexão nascida das minhas visitas a
este que é sem dúvidas o maior centro de visitação turística da cidade de
Natal, lugar de muitas memórias/histórias do hoje natalense.
Nestas
andanças, dialogando sobre os descaminhos da urbe, tenho percebido ao longo do
tempo um descaso, infelizmente, crescente, com a preservação da Fortaleza,
inserida na Zona de Proteção Ambiental 7, sua importância se dar como Patrimônio
Histórico e Ambiental, sem falar do ponto de vista da Indústria do Turismo,
nota-se deste modo como este sitio histórico/cultural, necessita ter um olhar
diferenciado por parte do poder público, e, aqui, me permitam, me refiro as
três instancias da federação: Federal, Estadual e Municipal.
Em
abril de 2013, amigo velho, a administração da Fortaleza dos Reis Magos passou
do governo estadual, Fundação José Augusto, para o governo federal,
Superintendência do IPHAN. Nesta época a cidade de Natal tinha sido contemplada
pelo PAC das Cidades Históricas, o que incluía recursos para restauração de
diversos patrimônios culturais da cidade, inclusive a Fortaleza.
Ventos
alvissareiros sopravam sobre as terras de Câmara Cascudo. Políticas de preservação
patrimonial, contariam com grande aporte financeiro com a chancela do governo
federal através do Ministério da Cultura, a frente a senadora Marta Suplicy.
Tempos bons, é o que todos esperávamos, afinal, Natal sediaria a Copa do Mundo
de 2014, então, nada mais oportuno de termos revitalizados nossos “lugares de
memórias”. Bem, a Copa passou, o tempo passou e chegamos a 2017 com as obras de
restauração da Fortaleza dos Reis Magos, paralisadas, e, a tão propagada verba
do PAC das Cidades Históricas contingenciadas.
Reconhecido
como Patrimônio Histórico, protegido pela Lei do Tombamento, desde 1949, hoje o
maior Patrimônio Cultural do Rio Grande do Norte, passa por serias dificuldades
em sua preservação e como local de visitação turística e de educação patrimonial
deixa muito a desejar aqueles que fazem uma visita ou uma aula de campo naquele
lugar repleto de história, cultura e natureza.
Memórias:
preservadas/esquecidas
Abandono de memórias esquecidas
Desejo de restaurar histórias da urbe
inexistente
Cidade respirando identidades mortas.
Paisagens silenciosas dizem muito de
Trajetórias de “gentes”, aflições,
conflitos de “eus”,
Marcas construídas por gerações
inteiras,
Erguidas, demolidas, ao longo do tempo.
Preservar significados cheios de
testemunhos
Ver o cotidiano ser construído nas
esquinas
Entre alegrias, tristezas, construções
oportunas/oportunistas
Erguem muros de exclusões
Em vias contrarias nascem utopias
Erguem pontes de inclusão,
Caminha a urbe deixando pegadas
Preservadas ou esquecidas!!
(Luciano Capistrano)
Faz
necessário, diante do quadro a cheirar abandono, que os órgãos responsáveis
pelas políticas preservacionistas se articulem com o objetivo de desenvolverem
esforços conjuntos, na perspectiva de realizar intervenções em três linhas
especificas: Patrimônio, Educação e Turismo. Deste modo, garantindo aos
visitantes e aos habitantes de Natal a utilização da Fortaleza dos Reis Magos,
para fins de preservação patrimonial, de educação e do turismo.
As
ações passadas devem servir de parâmetros educativos, não podemos improvisar na
formatação e execução de projetos de revitalização de sitio
histórico/ambiental, tão importante como é a Fortaleza dos Reis Magos, neste
sentido, nos valemos do conselho do historiador Carlos Lemos:
A
nosso ver, o ‘como” preservar o Patrimônio Ambiental Urbano depende de
providencias em dois campos. O primeiro deles é ligado ao planejamento, ao
projeto de recuperação, ou revitalização de núcleos de interesse documental ou
artístico, somente possível após exaustivos levantamentos de natureza variada.
O segundo campo é aquele decorrente da implantação do projeto e tem
fundamentalmente um interesse social já que, ao se intervir num imóvel, se está
intervindo na vida de seu ocupante. (LEMOS, Carlos A. C. O que é patrimônio
histórico. São Paulo: Editora brasiliense, 2008, p.95)
O
improviso em políticas preservacionistas podem trazerem danos irreparáveis ao
patrimônio histórico, assim, desejo que os entes federativos, UNIÃO, ESTADO e
MUNICIPIO, juntem forças para fazer da ZPA – 07 , um lugar de encontro do rio
Potengi com o oceano Atlântico, com suas belezas naturais e culturais, a
despontar o moderno a Ponte Newton Navarro e o antigo, a Fortaleza dos Reis
Magos, como lugar de nossa história, a ser visitado, a ser apreendido, através
dos Guias de Turismos e dos Professores,
ao dialogarem em visitas de lazer ou nas aulas de campo, sobre os construtores
do povo Potiguar. Fica o desafio posto, este é o objetivo primeiro deste artigo.Uma
Fortaleza, um Patrimônio Histórico: muitas reflexões!!
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