Ignoradopelos conterrâneos o norte-rio-grandense Francisco das
Chagas Souza Pinto espera no silêncio do túmulo, o reconhecimentodasua
contribuição as letras e a historiografia brasileiras. Nascido em solo
mossoroense no dia 7 de março de 1848, era filho de Pedro José Pinto e d. Ana
Francisca de Souza Pinto. Ficando órfão muito cedo, muda-se para Fortaleza abraçando a carreira
burocrática, servindo como 3oescriturário da Tesouraria Provincial e
logo depois 2o da Tesouraria Geral da Fazenda, tendo se submetido aos
respectivos concursos para a obtenção
desses cargos.
Republicano convicto fundou o
jornal A Revolução, em 2 de novembro de 1872, com João Cordeiro, Oliveira
Praxedes, Alexandre Gadelha e Frederico Severo, “para propaganda dos princípios
delineados no célebre Manifesto de 1870”. Adepto da campanha abolicionista na
terra de Iracema, Souza Pinto fez parte da benemérita Sociedade Pedro Pereira, ao lado de Clóvis Bevilaqua,
Álvaro de Alencar, Raimundo Ribeiro, Pedro de Queiroz, Alarico Catunda e
outros.
Concluído o curso secundário,
trata da sua transferência da Tesouraria
Geral de Fazenda, em Fortaleza, para a Alfândega de Pernambuco, em cuja capital
se matriculou na Faculdade de Direito, tendo desposado a jovem cearense
Henriqueta Herbster, filha do engenheiro-arquiteto Adolfo Herbster, antes de
partir para Recife, em abril de1876. Em novembro de 1881 concluiu o curso de
Direito, tendo por companheiros de formatura Artur Orlando, César Villaboim,
Urbano Santos, Torreão da Costa, Machado Portela, Clodoaldo Lopes, Góes de
Vasconcelos e outros, doutorando- se no ano seguinte, com brilhantismo.
Abandonando a carreira da Fazenda, regressou
ao Ceará, nomeado secretário do Tribunal da Relação de Fortaleza, por decreto do governo Imperial,
tendo antes recusado o cargo de Inspetor do Tesouro Provincial do Rio Grande do
Norte e, posteriormente, a presidência da província da Paraíba.
Demitiu-se em 1888 do cargo de secretário do Tribunal da Relação e
embarcou para o Amazonas, onde exerceua advocacia e militando na política foi
eleito deputado ao Congresso Amazonense no triênio de 1892-1894, tendo sido um
dos principais colaboradores da constituição promulgada a 23 de julho daquele
ano. Era protetor incansável dos rio-grandenses e cearenses que ali aportavam
em procura de trabalho.
Escreveu Frei
Miguelinho:uma página da revolução de 1817, publicado em 1885 no jornal
cearense Pedro II, de Fortaleza, “
enfeixando - a em seguida numa edição
que ficou circunscrita ao círculo de
amigos e colegas”, tendo o Barão de Studart inserindo-a na Revista Trimensal do Instituto do Ceará
(1917),“como um estudo raro hoje e de poucos conhecido”, antecedida de um
esboço biográfico de sua autoria sobre o autor, tendo ela sido reproduzida posteriormente na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte,
volume XVI, 1918, como um “substancioso estudo”,
acompanhado do mesmo esboço.
A monografia do ilustre potiguar
foi bem acolhida pela crítica, apresentando na 5aedição, prefaciada por
Hugo de Lacerda, juízos críticos do Conde de Afonso Celso, Oliveira Lima, que considerava
o“mais completo publicado sobre o grande mártir”, Carlos D. Fernandes, Rocha
Pombo que “já conhecia esse trabalho, inserto na revista do Instituto do Ceará
em 1917; e tão importante o reconheci que lamentei não o ter podido aproveitar
para a parte da minha “História” relativa a revolução de 1817.”
Colaborou assiduamente na
imprensa do Ceará e do Amazonas, “onde o seu nome deixou a mais honrosa
tradição,” deixando um arquivo valioso com vários estudos inéditos e outros por
concluir, destacando - se Sociologia do
Direito.
Faleceu em Manaus, a 6 de julho
de 1895, aos 47 anos de idade, vitimado por uma congestão cerebral.
Quando em 1913 o Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, atendendo uma solicitação do
escritor catarinense Liberato Bittencourt, elaborou o Livro de Registro dos DadosBiográficos de Brasileiros Ilustres, o
nome do inolvidável potiguar não foi esquecido, ilustrando com outros 111
notáveis a pioneira e inédita antologia de personalidades organizada no Rio
Grande do Norte, que integrará o segundo volume da Coleção Professor Zuza, do periódico
O Potiguar.
Referências
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE. Livro de Registro dosDados Biográficos
deBrasileiros Ilustres. Natal, 1913.
PINTO, F. C. Souza.
Frei Miguelinho: uma página da revolução de 1817.5a edição, Rio de Janeiro,
F. Briguiet& Cia, 1928.
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