Por Marcos Augusto Fernandes*
Atribui-se a Voltaire a frase, “a pena é mais forte que a
espada”. Em poucas pessoas
essa afirmação se adequa tão
fielmente quanto à do
escritor e jornalista Franklin Jorge.
Homem pequeno, de fala
mansa, jeito cordial... Mas quando
de posse de uma “pena” se
agiganta e torna-se um feroz crítico
daquilo que agride sua
sensibilidade de defensor da cultura e
das raízes de nossa
história.
Esse virtuose do uso da
palavra confirma seu talento com uma
vasta obra publicada em
forma de contos, ensaios, crônicas, artigos,
entrevistas em jornais e
livros sobre os mais diversos temas.
Entretanto, nada do que já
foi escrito se aproxima da quantidade
de textos escritos que
estão presentes em sua casa, em inúmeros
cadernos e folhas soltas,
guardadas de forma aleatória. Material
para outras dezenas de
obras! Aliás a visita a sua casa é um evento
em si. Ficamos cercados
por uma vasta biblioteca, paredes que
mais parecem uma galeria
de arte popular e por uma acolhida que
somente aqueles que tem o
coração limpo podem nos propiciar.
Tudo isso regado a
quitutes feitos pelo próprio anfitrião, outra
área em que se mostra
expert.
O Livro dos Afiguraves retrata a história e a
estória não da Luís
Gomes atual, mas
verdadeiramente do povoado de Bom Jesus
da Serra. O livro mostra
através de pesquisa histórica incansável,
auxiliado pela sua fiel
amiga Socorro e pela entrevista com
figuras emblemáticas
daquela cidade, um retrato fiel da vida e
dos costumes do inicio do
século 20.
A Serra de Luis Gomes é
pródiga em figuras que beiram o caricatural.
O título do livro faz
alusão a uma das mais emblemáticas:
Severino Ramos.
Autodidata, mestre dos neologismos e figura
querida por todos.
O livro traça uma visão
dos fatos históricos mais relevantes que
ocorreram no século
passado na cidade, pelos olhos de testemunhas
que os presenciaram. A
Coluna Prestes, o Cangaço e a
chegada das tecnologias
tão estranhas, como rádio, eletricidade
e carros. As entrevistas
mostram o quão interessantes são os entrevistados,
mas também a capacidade do
autor de garimpar essas
pessoas e sintetizar seus
pensamentos, de forma a produzir um
texto tão agradável e por
vezes cômico. Mais uma vez o autor
auxilia no resgate
histórico de figuras e situações que formam
a nossa identidade
cultural. Sendo essa uma de suas maiores
realizações intelectuais
ao longo dos anos.
Agradeço finalmente pelo
convite para prefaciar esse livro e espero
que possam ter o mesmo
prazer que tive ao lê-lo.
Boa leitura!
*Médico, autor da
Apresentação do livro.
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