28 de dezembro de 2015

ALGUMAS PALAVRAS



Por Marcos Augusto Fernandes*

Atribui-se a Voltaire a frase, “a pena é mais forte que a
espada”. Em poucas pessoas essa afirmação se adequa tão
fielmente quanto à do escritor e jornalista Franklin Jorge.
Homem pequeno, de fala mansa, jeito cordial... Mas quando
de posse de uma “pena” se agiganta e torna-se um feroz crítico
daquilo que agride sua sensibilidade de defensor da cultura e
das raízes de nossa história.
Esse virtuose do uso da palavra confirma seu talento com uma
vasta obra publicada em forma de contos, ensaios, crônicas, artigos,
entrevistas em jornais e livros sobre os mais diversos temas.
Entretanto, nada do que já foi escrito se aproxima da quantidade
de textos escritos que estão presentes em sua casa, em inúmeros
cadernos e folhas soltas, guardadas de forma aleatória. Material
para outras dezenas de obras! Aliás a visita a sua casa é um evento
em si. Ficamos cercados por uma vasta biblioteca, paredes que
mais parecem uma galeria de arte popular e por uma acolhida que
somente aqueles que tem o coração limpo podem nos propiciar.
Tudo isso regado a quitutes feitos pelo próprio anfitrião, outra
área em que se mostra expert.
O Livro dos Afiguraves retrata a história e a estória não da Luís
Gomes atual, mas verdadeiramente do povoado de Bom Jesus
da Serra. O livro mostra através de pesquisa histórica incansável,
auxiliado pela sua fiel amiga Socorro e pela entrevista com
figuras emblemáticas daquela cidade, um retrato fiel da vida e
dos costumes do inicio do século 20.
A Serra de Luis Gomes é pródiga em figuras que beiram o caricatural.
O título do livro faz alusão a uma das mais emblemáticas:
Severino Ramos. Autodidata, mestre dos neologismos e figura
querida por todos.
O livro traça uma visão dos fatos históricos mais relevantes que
ocorreram no século passado na cidade, pelos olhos de testemunhas
que os presenciaram. A Coluna Prestes, o Cangaço e a
chegada das tecnologias tão estranhas, como rádio, eletricidade
e carros. As entrevistas mostram o quão interessantes são os entrevistados,
mas também a capacidade do autor de garimpar essas
pessoas e sintetizar seus pensamentos, de forma a produzir um
texto tão agradável e por vezes cômico. Mais uma vez o autor
auxilia no resgate histórico de figuras e situações que formam
a nossa identidade cultural. Sendo essa uma de suas maiores
realizações intelectuais ao longo dos anos.
Agradeço finalmente pelo convite para prefaciar esse livro e espero
que possam ter o mesmo prazer que tive ao lê-lo.
Boa leitura!


*Médico, autor da Apresentação do livro.

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