Por
Flávio Rezende*
Quem me conhece
sabe que sou um otimista “juramentado”, sempre procurando ver o
lado bom das coisas em tudo, aplicando a lei do contente e seguindo a
vida com renovada alegria e entusiasmo.
Apesar de
incorporar tal modus vivendi por tanto tempo, confesso que
ultimamente ando sofrendo ataques contínuos do vírus do desânimo,
percebendo que várias coisas em que acreditava piamente, já não
correspondem mais a tanta confiança depositada e, pouco a pouco,
começo a pensar que ainda vamos demorar muito tempo para evoluir um
pouco mais e nos livrar de problemas que nos afligem na atualidade.
Vejamos o Partido
dos Trabalhadores do qual fui um entusiasmado componente, tendo
comparecido a uma das sessões de instalação do mesmo em Natal, num
começo cheio de sonhos e de bons pensamentos, que foi indo, indo,
conseguindo lentamente canalizar todo um sentimento de revolta de
diversos segmentos sociais, que admiravam as posições do partido
com relação aos fatos que se apresentavam.
O PT chegou ao
poder e no exercício do mesmo foi mudando, sendo hoje um partido
igual aos que antes combatia, tendo até formado aliança e casado
com velhas raposas da política nacional, sabidamente portadoras de
políticas pessoais e de interesse familiar e corporativista, não
representando hoje o que continuamos precisando e com comportamento
dúbio, retrógrado, canalha e, defensor de corruptos e de marginais
de paletó e gravata.
As tão importantes
autocríticas que as esquerdas deviam estar sempre realizando, não
encontram espaço e o PT segue seu caminho de distanciamento, não
tendo um dia sequer em que possa ouvir de algum ex-petista como eu,
críticas severas e múltiplas decepções com os rumos da política
nacional. Quando vejo alguém defendendo na mídia, me parece ser
sempre um “fake”, aqueles perfis falsos, criados justamente para
enganar os incautos. O PT hoje é isso, um “fake”, tão falso
quanto uma cueca do Paraguai.
E fora do PT parece
não haver tábua de salvação. Confesso simpatia pelo senador
Radolfe Rodrigues, gosto de Marina da Silva e um ou outro inspiram um
pouco mais de confiança, mas, o que está no ar, de fato, é uma
grande energia negativa quanto a política brasileira, com prefeitos,
vereadores, deputados, senadores, e ministros quase que totalmente
corruptos, ministros de tribunais, assessores, cargos de confiança,
parece que o mundo vai acabar e todo mundo quer tirar o seu, um
horror de roubalheira sem fim.
Além da energia
negativa do mundo político circulando e nos roubando a esperança,
vem o baixo-astral da insegurança, da saúde na UTI,
engarrafamentos, educação sem investimentos, o povo em filas e mais
filas mendigando exames, boletins de ocorrência, vagas no mercado de
trabalho, enquanto a classe política com apenas um ou dois meses de
trabalho efetivo após uma eleição, já roda em carros que mais
parecem aviões, viajam para o exterior, comem nos melhores
restaurantes, empregam toda a família e, ao encontrar com qualquer
um de nós, o sorrisão de ponta a ponta, dá uma tapinha nas costas
e diz na maior cara de pau: - amigo, precisando pode contar comigo.
O danado é que
quando realmente precisamos, nunca conseguimos o acesso e ficamos nos
cafezinhos da ante sala e nas secretárias muito bem pagas com suas
agendas sempre lotadas.
O PT se corrompeu,
trata tudo que tratava antes como anormal, como normal, acha que para
governar precisa fechar os olhos e entregar o Brasil para os antigos
desafetos e, assim, enterra nossa esperança, enquanto eles vão
sobrevivendo em seus cargos e luxos.
A única coisa que
interessa a esse povo é continuar lá eternamente, o resto que se
exploda e, os avanços e conquistas sociais obtidas no passado, vão
se diluindo e se perdendo neste mar de corrupção e de malandragem,
chegando ao ponto de ser mais fácil encontrar um torcendo do Bangu
no Rio, do que um antigo petista ainda petista.
Hoje só continua
petista quem tem cargo para sustentar, de minha geração deve ter
ainda um ou outro perdido por ai, o que vejo no cotidiano, quase
todos os dias, são aqueles mais aguerridos e antes muito radicais,
dizendo a pleno pulmões: - Vendidos, bandidos, canalhas...
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