13 de agosto de 2014

Mamãe Dolores na Ficção e na Vida Real

                                                                                      







  Salete Pimenta Tavares

          O Segundo Domingo de Maio é o dia em que se comemora o Dia das Mães. A iniciativa de criar um dia dedicado às mães – muito embora se sabe que todo dia é dia de mãe – foi de uma jovem americana chamada Ana M. Jarvis, em 1908. Na América do Sul, a data foi comemorada, pela primeira vez no dia 12 de maio de 1918 e no Brasil somente em 1932, no Governo de Getúlio Vargas, ficando oficializado o segundo domingo de maio como o dia dedicado às mães.
           Falar de mãe, da verdadeira mãe, não é tão fácil, tendo em vista que, Mãe significa e representa tudo: é carinho, é amor, é alegria, é felicidade, é delicadeza, é cuidado, é orientação, é capacidade de fazer tantas coisas ao mesmo tempo, é força interior capaz de resolver todos os problemas do dia-a-dia e finalmente mostrar aos filhos o quanto eles são importantes para ela.
          Há alguns anos, praticamente só existia a mãe biológica. Com o passar dos tempos, a mãe adotiva foi aparecendo em grande número e denominada “mãe do coração”. Essas mães nos fazem compreender a grandeza do ser humano capaz de se entregar de corpo e alma a crianças, muitas vezes sem ninguém no mundo, oferecendo todo o sentimento maternal possível e verdadeiro da mãe biológica.
          Antes de falar na mãe adotiva, quero lembrar aqui um tempo em que não existia televisão, e isso não faz muito tempo, uma vez que a televisão, no Brasil, foi inaugurada em 18 de setembro de 1950. Nessa época, nós vivíamos a mercê dos aparelhos de rádio, nos contentando em ouvir notícias, alguns programas, geralmente programas musicais, quando finalmente apareceu uma novidade: a novela de rádio. Lembro ainda que, alguns familiares, amigos ou vizinhos (que não possuíam rádio), passaram a frequentar nossa casa, principalmente no horário da novela. E a novela naquele momento era “O Direito de Nascer”, do escritor cubano Felix Caignet, a qual atingiu índices de audiência da ordem de 73%. De acordo com o livro ”A Hollwood Brasileira – Panorama da Telenovela no Brasil”, de Mauro Alencar, Editora SENAC RIO, a radionovela “O Direito de Nascer” transformou-se em delírio nacional. A história se passa na sociedade moralista e conservadora do começo do século XX, numa família de aristocrata de princípios rígidos e intransigentes. A filha do poderoso aristocrata Dom Rafael Zamora de Juncal, Maria Helena, engravida do seu noivo, que não quis assumir o filho, tornando-se mãe solteira e repudiada pelo pai. Ao nascer, a criança tornou-se alvo do ódio do avô Dom Rafael, o qual chegou até a planejar a morte da criança, por não aceitar um neto bastardo. E aqui vem a mãe adotiva da novela, Mamãe Dolores, representada pela atriz Guiomar Gonçalves, a preta velha empregada da família Juncal, que já estava cuidando da criança, ao perceber a intenção do patrão e temendo o que de pior pudesse acontecer, resolveu fugir de casa levando consigo a criança, para desespero, não só da mãe Maria Helena, mas também de alguns outros membros da família que não concordavam com o fato. Desgostosa, Maria Helena se recolhe a um convento e passa a atender por Sóror Helena da Caridade. Sempre fugindo e enfrentando noites escuras e perigos nos caminhos percorridos, Mamãe Dolores encontrou um lugar seguro para se instalar longe daquela família. Trabalhando de sol a sol, enfrentando muitas dificuldades, Mamãe Dolores, com muito sacrifício criou e educou o menino, batizou-o com o nome de Alberto (o Albertinho Limonta da novela) e ele já crescido forma-se em medicina, tornando-se um grande médico. Para desespero de Mamãe Dolores, quis o destino levar Albertinho, como médico, à família Juncal (para ele desconhecida) e o mesmo se apaixona por sua prima Isabel Cristina, e termina salvando a vida do avô que o amaldiçoara no passado. Albertinho se casa com Isabel Cristina, não sem antes saber, claro, que é fruto de um ato impensado de sua mãe biológica Sóror Helena da Caridade. A radionovela “O Direito de Nascer” foi transmitida através da Rádio Tupi em São Paulo, cujos atores principais eram: Heitor de Andrade (Dom Rafael de Juncal), Walter Forster (Albertinho Limonta), Norma Lopes (Isabel Cristina), Yara Lins (Maria Helena) e Guiomar Gonçalves (a Mamãe Dolores). No Rio de Janeiro a radionovela foi transmitida através da Rádio Nacional, com os atores: Saint-Clair Lopes, (Dom Rafael), Paulo Gracindo (Albertinho Limonta), Isis de Oliveira (Maria Helena), Dulce Martins (Isabel Cristina) e Yara Salles (a protagonista Mamãe Dolores).
          Apesar de “Em busca da Felicidade” ter sido a primeira radionovela transmitida no país, através da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi “O Direito de Nascer”, em1951, a principal e mais emocionante, com um índice de audiência elevadíssimo, levando os radiouvintes às lágrimas por tanta emoção, tornando-se, na época, o maior sucesso desse tipo de narrativa,  em todo o país.






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