18 de dezembro de 2012

Caicó e sua herança cultural


Costa Junior

           Caicó, localizado a 256 km distante de Natal é um dos municípios do Rio Grande do Norte que tem o maior legado cultural. Apresenta como uma de suas características a de produzir bons violeiros e sendo  a única cidade do Estado que tem um programa diário voltado para a cantoria e repente, apresentado diariamente pela Rádio Caicó, desde do ano de 1963. No dia 01 de maio deste ano a sociedade seridoense, comemorou o 15º Encontro de Poetas Repentistas. Por sinal, todos os anos, na ocasião da Festa de Sant'Ana, padroeira da cidade, há um Festival de Violeiros num clube local. Nessa  data reúne não só cantadores do município, como de estados vizinhos. Abriga o Festival Nordestino de violeiros, onde são apresentados os melhores repentistas em trovas e rimas.
            Ainda em suas referências culturais a cidade é tema na canção intitulada "A Prosa Impúrpura do Caicó" composta por Chico César, onde ele descreve as contradições, realidades e fantasias existentes na cidade. Se tratando ainda da área musical o município é citado na série de composições de Heitor Villa-Lobos, mais precisamente no terceiro movimento da "Bachianas Brasileiras nº 04", na forma de Cantiga, recolhida do folclore brasileiro por Teca Calazans. Tem os seguintes versos no refrão da música. “Ó mana deixa eu ir, ó mana eu vou só, ó mana deixa eu ir pro sertão de Caicó”. Essa canção também já foi gravada por Milton Nascimento, Alceu Valença, Pena Branca e Xavantinho, Elba Ramalho e Ney Matogrosso. Caicó também é mencionada na música "Forrobodó" de Luiz Fidélis, conhecida pela interpretação da banda de forró Mastruz com Leite.
            Outra expressão cultural caicoense é o artesanato. Em várias partes do município é possível encontrar uma produção artesanal diferenciada, feita com matérias-primas regionais e criada de acordo com a cultura e o modo de vida local. Alguns grupos reúnem diversos artesãos da região, disponibilizando espaço para confecção, exposição e venda dos produtos artesanais. Normalmente essas peças são vendidas em feiras, exposições ou lojas especializadas deste setor.  Na cidade destaca-se a Feira de Artesanato dos Municípios do Seridó, que é realizada desde 1983 e ocorre atualmente no Complexo Turístico Ilha de Santana durante os festejos da padroeira de Caicó.
            A arte do bordado chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses por volta do século XVII e século XVIII, sendo apenas um dos passatempos favoritos das esposas dos exploradores. A região do Seridó, principalmente Caicó e Timbaúba dos Batistas, são as cidades que mais refletem essa tradição lusa, apresentando características semelhantes ao bordado típico da Ilha da Madeira, em Portugal. O que pode ser comprovado através das estampas atuais, flores e pistilos.  Porém as mulheres seridoenses deram características bem nordestinas a essa arte, utilizando de cores vivas, representando a fauna e flora da região.
            Além da feira de artesanato, Caicó no seu calendário  anual, conta com uma diversa quantidade de eventos. Entre eles, destacam-se o Carnaval no mês  de fevereiro, que atrae uma multidão de foliões não só do município  como de outros estados. Existe ainda o Caicó Fest no mês de maio, sendo este evento não  apenas uma Micareta da cidade e sim de toda Região de Seridó. Além destes  acontecimentos existem as vaqueijadas e a tradicional Festa de Sant'Ana ,padroeira caicoense, realizada no mês de julho,  que em 2010 foi tombada como patrimônio espiritual  do Brasil. Tem  também a Festa do Rosário, que é realizada no mês de outubro e a festa de emancipação política de Caicó, celebrada no mês de dezembro.
             Sendo a principal cidade da região do Seridó e o quinto município com maior extensão do Rio Grande do Norte, Caicó possui diversos pontos turísticos espalhados por seu território. Entre alguns estão, a Casa da Cultura, localizada no sobrado do Padre Brito Guerra, prédio histórico da cidade, é dos mais atuantes quanto à presença de manifestações culturais. Tem também o Centro Cultural Dep. Adjuto Dias, que foi inaugurado em 2002 e destina-se a apresentação de expressões artísticas, como teatro, música, dança e artes plásticas. Possui ainda o Museu do Seridó, que é uma instituição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sendo uma unidade de preservação, conservação e divulgação da memória e da história seridoense.
           Outro ponto turístico é o Castelo de Engady, que é uma edificação localizada nos arredores da cidade e construída pelo Monsenhor Antenor Salvino de Araújo. Trata-se de um local de recolhimento, estudos, meditação e oração. Outras atrações são o Largo de Santana, os Balneários do Iate Clube, a Estação de Piscicultura do Açude Itans. Existe também a Catedral de Sant'Ana, que é um patrimônio histórico assim como  o Mercado Público Municipal, que representa um marco na cidade. O município ainda conta com grandes atrações, que são a Ilha de Sant'Ana, a Casa de Pedra, o Santuário do Rosário, o Arco do Triunfo, a Praça da Liberdade e o Antigo Casario Caicoense.
            O município  ainda é lembrada pela sua rica culinária típica, onde se destacam o tradicional queijo e a carne de sol. Os dois maiores produtos conhecidos da região seridoense são característicos da cidade e revendidos não só no lugar como exportados para Natal e também  para outros estados do Nordeste. Na sua gastronomia também preserva nos principais locais da região as comidas tradicionais como, a buchada e o picado. Ainda sobre a culinária, o município foi destaque em reportagem do Globo Rural, da Rede Globo, com duas saborosas e curiosas iguarias habituais da região seridoense, Caviar de Caju e Caju Metido a Besta, apresentada em um restaurante local.
            O esporte mais popular no município é o futebol, onde os jogos são sediados no estádio Senador Dinarte Mariz. Existem dois clubes profissionais na cidade, o Atlético Clube Corintians, que se sagrou campeão estadual no campeonato de futebol do RN no ano de 1981 e o Caicó Esporte Clube . Ainda na área esportiva a cidade realiza anualmente a Corrida de Santana,   principal acontecimento de atletismo. Além de possuir tradição em sediar eventos de outros esportes, como MMA ( Artes Marciais Misturadas),  MotoCross  e uma das etapas do Rally dos Sertões. Assim como há uma procura muito grande quando se realizam as tradicionais vaqueijadas. A cidade é sede anualmente dos JERN's - Jogos Escolares do Rio Grande do Norte, onde congrega os municípios da região polarizados por Caicó.
Sua população em 2011 era de 63. 147 habitantes, o que a coloca como a sétima cidade mais populosa do estado do RN.  Ela apresenta o mais alto índice de desenvolvimento humano do interior e semiárido nordestino, alcançando o maior indicador de longevidade do Rio Grande do Norte. Se destaca também por possuir o menor índice de exclusão social do estado.     Origem do nome do município tem várias versões. No dicionário da língua tupi-guarani, Lemos Barbosa diz que a palavra Caicó deriva da língua cariri e que significa "mato ralo". Acredita-se que a região fosse habitada pelos índios caiacós, da família dos cariris e que os mesmos denominaram a região de Cai-icó, que significaria "macaco esfolado” por causa dos serrotes no qual a vegetação era desmatada.
            Segundo o pesquisador Olavo de Medeiros Filho, o topônimo vinha de uma ave agourenta, comedora de cobras e que havia em abundância no curso d'água que passava próximo a casa-forte do cuó, chamado rio Acauã. Os topônimos "acauã" e "cuó" seriam sinônimos, sendo a primeira forma em tupi e a segunda em tarairiu e ambas as formas designavam o pássaro que dava nome ao rio e à região. Considerando a partícula "quei" como sendo "rio", o rio Acauã seria o mesmo que "Queicuó", posteriormente Caicó. Porém a versão mais aceitável é defendida por Câmara Cascudo, que refere sua gênese a partir dos termos "Acauã" e "Cuó", que servem à designação de acidentes geográficos (rio e serra, respectivamente). "Acauã" pertence à língua Tupi e "Cuó", ao dialeto dos tapuias e tarairius. Tais tribos ainda identificavam o rio pelo termo "quei", o que sugere que Caicó, seja uma corruptela de “Queicuó” o mesmo que  rio cuó” .

            Sobre o patrimônio arquitetônico da cidade vai do estilo colonial ao moderno. A arquitetura colonial presente no município foi construída após tal período, no entanto, houve preservação dessa linha, como pode ser vista na Casa de Pedra do português Gama, considerada primeira residência caicoense, e na antiga cadeia, atual Museu do Seridó. Com o desenvolvimento da cidade, mediante a expansão da cotonicultura, Caicó investiu em sua urbanização inspirada nas cidades maiores de Pernambuco e Paraíba, de onde foram trazidos mestres para a elaboração de fachadas e beirais. A cidade sofreu inspiração européia, trazida pelos arquitetos italianos "Irmãos Giffoni", que se estabeleceram na cidade durante a segunda metade do século XIX. Nessa época vigorou a arquitetura eclética, vista em residências espalhadas pelo centro da cidade e no Mercado Público Municipal.

             

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