Anchieta
Fernandes
A História da
Imprensa, no mundo todo, sempre reservou um papel essencial à necessidade de um
serviço de impressão para publicação dos atos administrativos. A 10 de setembro
de 1808, por iniciativa de “funcionários superiores” da Secretaria de Estado
dos Negócios Estrangeiros, surgiu a “Gazeta do Rio de Janeiro”, um veículo
oficioso, primeiro do jornalismo brasileiro circulando mesmo em território
nacional. Demoraria um pouco para surgir o “Diário Oficial do Império”, cujo
primeiro número só circularia a 1º de outubro de 1862.
Desde então, ou até antes, paulatinamente, as
imprensas oficiais foram também dando as caras nas províncias, publicando os
veículos jornalísticos do governo, seja sob o nome simples de “Diário Oficial”,
seja sob o pretensioso nome “A Aurora Pernambucana” (que em 1821 se
caracterizou não somente como o primeiro jornal a circular em Pernambuco, mas
também como o primeiro órgão oficial do governo daquele Estado). E o mesmo
ocorreu no Rio Grande do Norte, em relação ao jornal “A República”.
Quando foi
lançado, a 1º de julho de 1889, por Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, o
objetivo inicial era defender as idéias do Partido Republicano, tanto é assim
que o primeiro número foi quase todo uma publicidade partidária (de divulgação
dos ideais republicanos antes mesmo do regime republicano ser proclamado no
país pelo Marechal Deodoro da Fonseca), com um editorial-programa assinado por
Pedro Velho (“Pela Pátria”) e outros artigos e noticiário político (matérias
sobre Rui Barbosa, Gastão de Orleãs e Silva Jardim).
E como o jornal “A República” se tornou o
órgão-matriz da nossa imprensa oficial? É uma historinha breve. Quando o Estado
do Rio Grande do Norte aderiu à República, a 17 de novembro de 1889, Pedro
Velho foi aclamado governador do Estado. Mas governou por pouco tempo, até 6 de
dezembro, quando passou a governar o nosso Estado o paulista Adolfo Gordo,
nomeado pelo Presidente da República. Este, contudo, só governou até 8 de
fevereiro de 1890, passando neste dia o governo ao Dr. Jerônimo Américo Raposo
da Câmara. Dr. Jerônimo era amicíssimo de Pedro Velho.
Que combinou o contrato para a publicação de todos
os atos oficiais no jornal “A República”. O contrato foi assinado a 14 de
fevereiro de 1890, e publicado em “A República” a 21 de fevereiro de 1890.
Desde então, o jornal “A República” passou a publicar na primeira página a
“Parte Oficial” e os “Atos Oficiais”, com seções e colunas específicas:
“Polícia”, “Instrução Pública”, “Editais”. Eram publicadas sempre as mensagens
anuais dos governadores (ou Presidentes da Província).
Desta
maneira, o jornal de Pedro Velho se tornou o órgão oficial do governo. Com o
passar do tempo, esta parte onde se publicavam os atos do governo recebeu o
título geral de “Diário Oficial”. E o jornal “A República” foi se fixando,
fortalecendo seu perfil oficial, mas ao mesmo tempo, nas páginas com material
não oficial se tornando escola de jornalismo, abrigando os textos produzidos
por grandes jornalistas, seja na reportagem, no articulismo em prol do cidadão,
na crônica, no colunismo social (a 8 de junho de 1928, Aderbal de França
iniciaria este tipo de colunismo na imprensa do RN, através da coluna “Vida
Social” no velho jornal fundado por Pedro Velho).
Também na
parte literária, criando suplementos importantes, publicando romances em
capítulos. As epígrafes, no cabeçalho ou no espaço do endereço e nomes de
diretores, como em outros jornais, em “A República” serviram para indicar a
ideologia, o programa político do jornal, e por vezes, simultaneamente, sua
periodicidade. “Órgão do Partido Republicano” – foi a primeira epígrafe.
Depois, tiveram outras: “Periódico Político & Noticioso”, “Órgão Diário
Matutino”, etc. Em 1924, passou a ter a epígrafe que o definiria em sua condição
oficial: “Órgão Oficial dos Poderes do Estado”.
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