Esse aspecto histórico do lugar inspirou o título do filme “Passo da Pátria - Porto de Destinos”. Dirigido pelos
jornalistas Alex Régis e Paulo Dumaresq, o longa documentário lança um olhar
humano sobre o cotidiano da comunidade. O fotógrafo Alex Régis precisou entrar no
Passo da Pátria algumas vezes para fazer matéria.E os enfoques, quase sempre,
eram negativos, de histórias tristes, de crimes, de problemas.
“Certa vez,resolvi ir
lá para produzir a capa de um caderno especial. A intenção era capturar uma
imagem de pesca bem plástica. Tinha ali o local perfeito, com o cenário
composto por barcos e a luz do pôr do sol refletida no rio Potengi. Depois de
fazer a foto, comecei a conversar com o pescador ‘Nino do Peixe’. Ele falava do
Passo com um orgulho, um brilho no olhar que me despertou o interesse em
pesquisar a história da comunidade”, diz o fotógrafo, contando como surgiu a
ideia do documentário.
Alex Régis
saiu de lá com a foto que lhe daria o prêmio BNB de Jornalismo e também com uma
visão menos preconceituosa. “Eles sofrem discriminação. Quem passa ali na
Avenida do Contorno e olha pra comunidade, tem medo”, diz.
Com o tema definido e uma prévia ideia de que linha seguir,
convidou o jornalista e dramaturgo Paulo Jorge Dumaresq para escrever o roteiro
e o ajudar na direção. Os dois já haviam trabalhado juntos no curta de ficção "Incontinências” (2014). Entre
planejamento, pré-produção, produção, edição, finalização e mixagem de áudio, o
documentário levou um ano para ser feito — 100% com recursos próprios e a
colaboração de parceiros.
Os diretores primaram por contar a história do Passo da
Pátria, desde os primórdios até os dias atuais, pela boca de seus moradores.“Creio
que fomos fieis ao nosso intento”, avalia Dumaresq.
A ideia inicial era produzir um curta-metragem, mas, ao
entrar no Passo, eles se depararam com a riqueza humana da comunidade, a geografia
peculiar do lugar e belezas naturais. De modo que foram fortemente atraídos
pelas possibilidades que o lugar ofereceu. “Quando assistimos todas as entrevistas e as
imagens capturadas, chegamos à conclusão que o filme tinha virado um longa. Ele
ficou com 70 minutos”, diz Alex Régis.
Os realizadores optaram por uma fotografia limpa, com luz
natural e sem muitos efeitos. “Aproveitamos ao máximo as cores da comunidade.
Cor é vida. E o Passo tem sua dinâmica própria na colorida alegria de seus habitantes.
Usamos ainda a cor sépia para remeter ao passado”, fala Dumaresq.
O documentário é quase todo construído a partir das
memórias e narrativas dos moradores. Mas Paulo Dumaresq e Alex Régis tiveram
também a ideia de convidar um ator para interpretar Luís da Câmara Cascudo e
recitar seus escritos sobre os tempos áureos do Passo. O escolhido para o papel
foi o carioca Ruyter de Carvalho, com experiência no teatro, no cinema e na TV,
inclusive participações em novelas da Globo, como o folhetim “Que Rei sou eu?”.
“Os textos foram extraídos do livro História da Cidade do
Natal. Mas não quisemos mimetizar o ator de Câmara Cascudo. Apenas remeter ao
folclorista e historiador. É importante esclarecer isso”, ressalta Dumaresq.
A trilha é toda potiguar e original, composta para
o filme, com direção musical de Adriano
Azambuja. Destaque para a canção "Passo da Pátria - Porto de Destinos"
(de Antônio Ronaldo e Franklin Mário), interpretada pela cantora Antoanet
Madureira, e o rap "As margens", do projeto Éris (Artur Faustino e
Bruno Otávio). Participam ainda os músicos
Nicholas Guitarman, Dudu Campos, Isaac Ribeiro e Heudes Régis.
A equipe técnica praticamente foi a mesma de “Incontinências”,
com a adição da cineasta e montadora Suerda Morais, da CaSu Filmes, produtora
parceira. A Peron Filmes também apoiou com equipamentos. Colaboraram ainda
Camilla Natasha e Davis Josino (produção de set), Nilson Eloy (som direto e
mixagem de áudio) e Alysson Régis (platô). O filme contou com o apoio da
Secretaria Municipal de Comunicação Social da Prefeitura de Natal, Ludovicus -
Instituto Câmara Cascudo, Nalva Melo Café Salão, Bardallo’s Comida & Arte, Associação
para o Desenvolvimento de Iniciativas de Cidadania (ADIC/RN), CBTU, Estúdio
Sonorus e o jornal Tribuna do Norte.
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