Um século de existência
Por:
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
A Cidade Alta foi o berço da povoação da terra de
Poty. Ainda província, suportou as agruras decorrentes do Primeiro Grande
Conflito Mundial, onde o cenário emocional que prevalecia era o das sequelas
decorrentes da guerra iniciada em 1914 e só terminada em 1918, caracterizada
pela falta de suprimentos, dificuldade de crédito e incerteza política.
Nessa contingência histórica pouco havia em que se
ocupar e o esporte passou a ser motivação da nossa juventude, já acostumada ao
remo no Potengi.
E foi no corredor histórico da cidade
que surgiu o primeiro movimento visando a concretização da vida esportiva em
nova modalidade – o futebol. Diria que para isso teve um incentivo a mais, o
conhecimento de um artefato de couro chamado “ bola” quando em 1872 aqui
aportaram marinheiros do navio Criméia. Posteriormente houve a introdução no
Brasil do jogo de futebol, por inspiração a Charles Muller, em 1894, que trouxe
modelos de regulamentos do velho continente.
Aqui em Natal ela chegou pelas mãos dos estudantes que vinham da Europa,
integrantes da família Pedroza, que criou o Sport Club Natalense (ou Natal
Sport Club) em 1907, através de Fabrício Pedroza Filho
Por
conseguinte, havia na cidade um verdadeiro clamor pela formação de equipes e a
concretização começou com o ABC, por iniciativa de jovens atletas residentes
nos bairros da Ribeira e Rocas, conhecidos como “canguleiros”, em 29 de março, na parte baixa da avenida Rio Branco, aos fundos do
Teatro Carlos Gomes, hoje Alberto Maranhão, na residência do coronel Avelino Alves Freire -
respeitado comerciante e presidente da Associação Comercial do RN.
Seguindo idealismo semelhante e sem nenhum espírito de
dissidência, jovens atletas do bairro da Cidade Alta e cercanias fizeram uma
reunião preparatória no dia 11 de julho de 1915, coincidentemente também na Rua
Nova (atualmente Av. Rio Branco), porém na parte alta (centro da cidade)
na residência do Senhor Manoel Coelho de Souza (Inspetor da Alfândega), local
que corresponde à proximidade do prédio onde funcionou, por muito tempo, a
Livraria Universitária, aprazando-se a reunião oficial para fundação do novo
clube no dia 14 de julho de 1915, feriado nacional comemorativo da “Queda da
Bastilha”, na França, fato ocorrido na residência do Desembargador Joaquim
Homem de Siqueira Cavalcanti, situada na Rua Vigário Bartolomeu, possivelmente
nº 565, antiga Rua da Palha na Cidade Alta, precisamente em uma dependência
onde ocupavam os irmãos Carlos e Oscar, que dava para o Beco da Lama, depois
Rua Vaz Gondim e hoje Rua Professor José Ivo, que recebeu inicialmente o nome
de América Foot Ball Club, expressão inglesa muito em voga, quinze dias depois
da fundação do ABC que, no futuro, tornar-se-ia o seu principal adversário.
Numa
sequencia cronológica, a mesma intenção ocorreu com um grupo de rapazes
atletas, formado por Lauro
Medeiros, Pedro Dantas, Cel. Solon Andrade, José Firmino, Café Filho (ex-goleiro do Alecrim em 1918 e 1919), que foi Presidente da República, e ainda: Lauro e
Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinoco, Juvenal Pimentel e Miguel
Firmino, que em reunião realizada na casa do Cel. Solon Andrade, no dia 15 de agosto de 1915 fundaram, no então longínquo bairro do Alecrim o clube piriquito (cor verde), então denominado ALECRIM
F.C. com um objetivo a mais - ajudar de forma filantrópica as crianças pobres
do bairro que lhe deu origem.
Sobre o Mecão
centenário existem informações que, antes de se pensar sejam conflitantes, em
verdade se completam num racioscínio lógico, uma vez que a cada reunião
compareciam os rapazes, não necessariamente todos numa mesma sessão, mas numas
e noutras. Inicialmente foram 15, depois 27, ainda 36. Enfim, após pesquisas e
informações adicionais chegamos ao número de 38, (versões
comparadas de Gil Soares, Oscar Siqueira, José Rodrigues de Oliveira, Miguel
Leandro, Carlos Barros, Lauro Lustosa, Fernando Nesi e Luiz G.M.Bezerra):
1
– ABEL VIANA, estudante e foi proprietário de uma das mais tradicionais
padarias de Natal;
2
– AGUINALDO CÂMARA, conhecido por “Barba Azul”, irmão da Profª Belém Câmara;
3
– AGUINALDO FERNANDES DE OLIVEIRA, filho do Des. Luiz Fernandes;
4
– AGUINALDO TINOCO, filho do Cel. João Juvenal Pedrosa Tinoco, chefe da firma
Pedrosa & Tinoco & Cia.;
5
– ANIBAL ATALIBA, filho do velho Ataliba, da Estrada de Ferro Central /RN e
grande amigo do trovador João Carlos de Vasconcelos;
6
– ANTONIO BRAGA FILHO, empregado da “Casa Lotérica”, de Cussy de Almeida;
7
– ANTONIO DA ROCHA SILVA (Bidó), cunhado do falecido Aurélio Machado França,
funcionário federal;
8
– ANTONIO TRIGUEIRO, empregado da Loja “O Amigo do Povo”, de Felinto Manso, na
Praça do Mercado, Cidade Alta;
9
- ARARY DA SILVA BRITO, funcionário do Ministério da Fazenda, Oficial
Administrativo da Alfândega/Natal e de Tributos Federais da Alfândega/RJ;
10
- ARMANDO DA CUNHA PINHEIRO, filho do Prof° João Tibúrcio e falecido como
tenente do Exército;
11
– AUGUSTO SERVITA PEREIRA DE BRITO (Pigusto), funcionário do Departamento de
Segurança Pública do Estado;
12
– CAETANO SOARES FERREIRA, amazonense e irmão do 2° Presidente Getúlio Soares
Ferreira;
13
– CARLOS DE LAET, filho de João Antonio,
da Brigada do Exército;
14 – CARLOS FERNANDES BARROS, fiscal de
Consumo, aposentado;
15
– CARLOS HOMEM DE SIQUEIRA, funcionário da Estrada de Ferro Central do
Brasil/RN;
16
– CLINIO BENFICA, estudante, nascido em Baixa Verde (hoje João Câmara);
17
– CLOVIS FERNANDES BARROS, comerciário, passou a residir em Recife/PE;
18
– CLODOALDO BAKKER, estudante e funcionário federal;
19
- EDGAR BRITO;
20
- EUCLIDES OLIVEIRA, nome acrescentado pelo tabelião Miguel Leandro;
21
- FRANCISCO LOPES DE FREITAS, chefe do expediente da Prefeitura de Natal e do
Dep. De Finanças e campeão de bilhar em Natal, amante do remo e apontado como
1º Presidente do América no período de 14/7 a 14/12/1915. Assinala-se o nome de FRANCISCO LOPES
TEIXEIRA também apontado como 1º Presidente. Contudo, pela similitude do nome,
cremos que se trate da mesma pessoa;
22
– FRANCISCO PEREIRA DE PAULA (Canela de Ferro), estudante e funcionário
público;
23
– FRANCISCO REIS LISBÔA, estudante falecido ainda jovem;
24
– GETULIO SOARES FERREIRA, 2° Presidente do América por eleição direta por
aclamação (15/12/15 a 14/12/16). Era campeão de Natação pelo Centro Náutico
Potengi, tendo treinado para uma das Olimpíadas. Amazonense, ingressou no Banco
do Brasil e serviu em Natal;
25
- JOAQUIM REVOREDO, nome apontado pelo tabelião Miguel Leandro;
26
– JOÃO BATISTA FOSTER GOMES SILVA (Padaria), funcionário de “A República” e
responsável pela cobrança/América;
27
– JOSÉ ARAGÃO, estudante e funcionário público;
28
– JOSÉ ARTUR DOS REIS LISBÔA, estudante, irmão de Francisco, ambos filhos do
Capitão do Porto, Reis Lisboa, intelectual, foi Delegado de Policia em Recife;
29
– JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA (Lélio), estudante. A família residia no “chalet”
da av. Rio Branco, onde morou o Dr. Solon Galvão, esquina com a rua Apodi;
30
– JOSÉ LOPES TEIXEIRA, comerciário e irmão de Francisco Lopes Teixeira (de
Freitas), 1° Presidente eleito, por aclamação, na reunião de fundação;
31
– LAURO DE ANDRADE LUSTOSA, empregado da firma Olimpio Tavares & Cia.;
32
– LUCIANO GARCIA, estudante, posteriormente funcionário público;
33
– MANOEL COELHO DE SOUZA FILHO, estudante, que muito se esforçou para as
atividades do clube. Faleceu no Rio de Janeiro;
34
– MARIO MONTEIRO, irmão do falecido telegrafista Orlando Monteiro. Trabalhava no semáforo da torre da Catedral;
35
– NAPOLEÃO SOARES FERREIRA, irmão de Getúlio e Caetano Soares Ferreira;
36
– OSCAR HOMEM DE SIQUEIRA, estudante, atleta e Presidente do América, que
alcançou o alto posto de Desembargador, como seu pai Joaquim Homem de Siqueira;
37
– SIDRACK CALDAS, irmão de Abdenego Caldas, figura ilustre da cidade;
38
– VITAL BARROCA, eleito Vice-Presidente para a segunda gestão, iniciada em
15/12/1915.
DIRIGENTES:
GALERIA DE
PRESIDENTES
14/7
a 14/12/1915 - Francisco Lopes de
Freitas
15/12/1915
a 1928 - Getúlio Soares, com
circunstanciais convocações dos auxiliares Vital
Barroca, Aníbal Barata, Oscar Homem de Siqueira, Aníbal Ataliba, Clidenor Lago,
Carlos Fernandes Barros, Afonso Joffily, Zélio Perouse Pontes, Oswaldo da Costa
Pereira e Clóvis Fernandes Barros;
1928
a 1930 José Gomes da Costa;
1931
a 1932 Edgar Homem de Siqueira e Álvaro Pires;
1933
a 1934 Osório Bezerra Dantas;
1934
a 1935 João Tinoco Filho, com
eventuais convocações de Humberto de Oliveira, João Bezerra de Melo, José
Otoch e Oscar Homem de Siqueira;
1935
a 1936 Afonso Ligório Pinheiro;
1937
a 1938 Clóvis Fernandes Barros;
1938
a 1941 Rui Moreira Paiva;
1942
a 1943 Humberto de Oliveira Fernandes;
1944
a 1945 Humberto Nesi;
1945
a 1947 Rui Barreto de Paiva;
1947
a 1950 José Rodrigues de Oliveira;
1951
a 1953 - Miguel Carrilho de Oliveira;
1953
a 1956 Jeremias Pinheiro da C. Filho;
1956
– 1958 Murilo Tinoco Carvalho;
1958
a 1961 Heriberto Ferreira Bezerra;
1961 a 1964 Ulisses Cavalcanti;
1965
a 1970 Humberto Pignataro;
1970
a 1972 Hugo Manso;
1972
a 1974 Dilermando Machado;
1974 a 1976 José Vasconcelos da Rocha;
1976
a 1978 Carlos Jussier Trindade Santos
1979
a 1980 Dilermano Machado;
1980
a 1984 Henrique Arnaldo Gaspar;
1985
Amando Homem de Siqueira, falecido
no curso do mandato e sucedido por
Adroaldo Fonseca até o final do mandato;
1985
a 1992 Carlos Jussier Trindade Santos
1993
a 1994 Fernando José de Resende Nesi, que renunciou em 23/02/94 (dia do seu aniversário), sucedido de
fev. a dez. 1994 por uma Junta Governativa formada por Cláudio
Bezerra, Rogério Vilar, Walter Nunes da Silva, Zacheu Santos e Marcos Antônio
B. Cavalcanti;
1994
(01/12) a (01.04.1996) Marcos Antônio B. Cavalcanti, sucedido, por sua renúncia por José Maria Barreto de Figueiredo;
1997
a 1998 Eduardo Serrano da Rocha;
1998
a 1999 Roberto Bezerra (dez. 98 a
maio de 99), sucedido por Cláudio
Negreiros Bezerra e Carlos Jussier Santos (60 dias);
1999
e 2000 Pio Marinheiro, renunciou com
45 dias, assumindo Jerônimo Câmara Ferreira de Melo;
2001
a 2003 José Vasconcelos da Rocha;
2003
a 2005 Francisco Soares de Melo, Roberto Bezerra Fernandes, a partir de janeiro de 2005 e por 45 dias, e
depois José Vasconcelos da Rocha;
2006 a 2007 Gustavo Henrique Lima de Carvalho;
2008
a 2009 José Vasconcelos da Rocha;
2010
a 2011 José Maria Barreto de Figueiredo
(12/01/2010 a 20/10/2010), com sua renúncia assume Clóvis Antônio Tavares Emídio (21/10/2010 a 10/5/2011) e a partir de
maio de 2011 assume Hermano da Costa Moraes;
2012 a 08/01/2014 Alex
Sandro Ferreira de Melo (Padang);
2014 a 2015 Gustavo Henrique Lima de Carvalho,
licenciado em 19/5/2015 e Hermano da Costa Moraes, em exercício.
Nos
primitivos registros verbais obtidos dos mais antigos, a Primeira Diretoria Provisória
para o período de 14/7 a 14/12/1915 contava com Francisco Lopes de Freitas na Presidência; Vice-Presidente Oscar
Homem de Siqueira, Orador Getúlio Soares
Ferreira, depois escolhido por aclamação como novo Presidente (período
15/12/15 a 14/12/16), e mais Manoel Coelho – Secretário, Napoleão
Soares Ferreira – 2º Secretário, José Fernandes de Oliveira (Lélio)
– Diretor de Esportes, José Lopes Teixeira – Tesoureiro e João
Batista Foster Gomes da Silva (Padaria) como Cobrador. Na gestão do 2º
Presidente foram escolhidos outros dirigentes nas pessoas de Vital Barroca,
Vice-Presidente (este não consta em nenhuma das versões entre os fundadores); Mário
Monteiro, Secretário; Clóvis Fernandes Barros, Tesoureiro; Francisco
Lopes de Freitas, Diretor Técnico e Manoel Coelho Filho, Guardião de
Materiais.
Sob
o prisma legal, no entanto, o
América é o clube mais antigo do Rio Grande do Norte, haja vista que a
publicação do seu primeiro estatuto ocorreu no dia 02 de julho de 1918 no
jornal A República de nº 144, 2ª página e o seu registro em Cartório aconteceu
no dia 03 de julho de 1918, enquanto nosso maior e respeitável rival só
providenciou o seu registro em 13 de dezembro de 1927.
O
fato de ordem legal que gerou a oficialização do clube, narrada pelo velho
americano Lauro Lustosa, diz que foi em razão de um acontecimento inusitado, quando
num treino no campo da praça onde hoje é a Catedral: “o então Coronel Júlio
Canavarro de Negreiros Melo, Comandante do 40º Batalhão de Caçadores, que ali
passava no dia 3 de junho de 1918, foi atingido por um chute, o que motivou a
determinação dada ao seu ordenança armado com um sabre, para furar a única bola
que o clube tinha para treinar e jogar, tendo sido o América obrigado a buscar
sua personalidade jurídica para poder entrar com uma ação indenizatória,
através do advogado Bruno Pereira em nome do então Presidente Oswaldo da Costa
Pereira. Para tanto, os estatutos foram registrados pela primeira vez no dia 3
de julho de 1919, no Primeiro Ofício de Notas, em documento assinado pelo então
presidente Oswaldo da Costa Pereira.” Nessa narrativa há o equívoco do
ano do registro, que deve ser considerado como 1918, isto é, no dia que se
seguiu ao da publicação do estatuto. Essa ação intentada não chegou a ser
julgada porque o Governador Ferreira Chaves resolveu indenizar o clube, evitando
maiores consequências do incidente em razão do que foi adquirida nova bola,
marca “olimpic”, e uma sobra ficou para as comemorações. Mas, de qualquer
forma, o América ganhou existência legal.
Seu uniforme, inicialmente ao tempo da
fundação era azul (camisa) e branco (calção), porquanto existia um
antigo clube denominado Sport Club Natalense (Natal Sport Club), onde alguns
dos fundadores nele atuavam e já usava as cores branca e vermelha. Com a
extinção deste, o América trocou as suas cores, que eram as preferidas desde a
fundação, coincidindo com o que adotavam outros times com o mesmo nome em
outros estados, isto é, “encarnado e
branco”, como já constou no registro do estatuto. Obviamente que as
bandeiras guardaram as cores de cada época. De qualquer forma essas cores
findaram coincidindo com as cores da bandeira da França.
Meus
estimados americanos e americanas a história é muito longa e tive o cuidado de
fazer uma modesta publicação com vários outros valiosos detalhes, de onde
resumo os que reputo mais importantes.
Aqui
e agora relembro alguns momentos
marcantes:
1.
O
TERRENO E AS SEDES
(fl.
38 do registro da escritura de aquisição do terreno)
TERRENO:
Graças
à generosidade dos amigos Manuel Fagundes e Jairo Procópio, tive acesso aos
documentos referentes à compra do terreno (quarteirão limitado pelas ruas
Rodrigues Alves, Maxaranguape, Campos Sales e Ceará-Mirim), naquele tempo
considerado como do Quarteirão da Av. Campos Sales, bairro de Cidade Nova,
constatando que foi adquirido ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte, ao
tempo do Governador Juvenal Lamartine e na gestão do meu pai José Gomes da
Costa, então Presidente americano no período 1928 a 1930, conforme inúmeros
artigos e livros sobre o fato, pela quantia de nove contos de réis, em moeda corrente e legal, conforme
autorização feita pelo Ofício nº 368, datado de 21 de maio de 1929, emitido no
Palácio da Presidência, tendo sido objeto de escritura pública lavrada no livro
134, fls. 36 a 38, em 02 de julho daquele ano, no Cartório de Notas do tabelião
Miguel Leandro, hoje pertencente ao acervo do 1º Ofício de Notas desta Capital,
a escritura assinada em nome do América, pelo Tenente Júlio Perouse Pontes,
Vice-Presidente, em exercício da Presidência (o Presidente estava ausente por
haver assumido o cargo de Promotor da Comarca de Caicó), e pelo Governo do
Estado o Procurador Fiscal do Departamento da Fazenda e do Tesouro Doutor
Bellarmino de Lemos, sendo objeto da Carta de Aforamento nº 429, da
Municipalidade de Natal, medindo uma área de 15.100 m2. Como testemunhas
assinaram Orestes Silva e Osmar Lopes Cardoso, perante o escrivão substituto
Crispim Leandro, tendo sido efetuado o pagamento em moeda corrente e o Imposto
de Transmissão pago em 26 de junho de 1929 ao Dr. Aldo Fernandes, Administrador
e Sr. F. Pignataro, Tesoureiro, sendo registrado no Livro “3-C”, de Transcrição
das Transmissões, sob o nº 24, fl. 61v. s 62, presentemente do acervo do 3º
Ofício de Notas, com o nº de matrícula 828.
Com
estes registros, podemos concluir que são verdadeiros os relatos de Luiz G.M.
Bezerra, no artigo do jornal “O Potiguar” nº 42 (março/abril/2005) de que o
terreno fora adquirido com a ajuda de abnegados como Orestes Silva, José Gomes da
Costa, Tenente Júlio Perouse Pontes,
Clóvis Fernandes Barros e Osmar Lopes Cardoso com recursos dos
mesmos e doados ao América, pois recusaram o recebimento do valor “emprestado”.
O
terreno só foi murado alguns anos depois graças ao grande esforço do diretor Tenente Armando Pinheiro local onde o
América Futebol Clube ergueu as suas duas sedes, a primeira pela Rua
Maxaranguape e a segunda com frente para a Av. Rodrigues Alves nº 950, bairro
do Tirol.
A primeira sede
foi um prédio simples, aliás, o primeiro clube de futebol do Estado a possuir
uma sede social própria, fato ocorrido na gestão do Presidente Humberto Nesi, figura que merece
destaque especial em razão de sua permanente dedicação. Contou com a firme
colaboração do seu 1º Secretário Rui
Barreto de Paiva, que o sucedeu em 1945.
Sobre
a construção registramos que foi fincada a primeira pedra no dia 14 de julho de
1945, com entrada pela Rua Maxaranguape, nela incluído um campo de futebol e
espaço para outras modalidades esportivas. A inauguração ocorreu na gestão do Presidente José Rodrigues de
Oliveira, com um jogo amistoso frente ao ABC, ganho pelo América por 6 x 2
(gols de Marinho, Pernambuco - duas vezes, Alínio, Tico e Gargeiro contra,
descontando Albano duas vezes para o ABC) no dia 10/07/1948.
Segunda sede decorreu
da insuficiência do espaço da antiga sede social e no mesmo terreno adquirido
em 1929, mas agora com entrada para a Rodrigues Alves e aproveitando o espaço
do campo de futebol. Para possibilitar esse empreendimento o América esteve
licenciado do futebol no período de 1960 a 1965.
Com
enorme sacrifício e mercê da substancial ajuda dos seus sempre abnegados
sócios, a exemplo de Humberto Nesi, Osório
Dantas, Heriberto Bezerra, Rui Barreto de Paiva, Humberto Pignataro, Antonio
Soares Filho, Manoel Carlos Noronha, Aldair Villar de Melo, José Penha, João
Carneiro de Morais (Ferreirinha), Hermita Cansanção, Amaro Mesquita, Adalberto
Costa, Carlos José Silva, Luciano Toscano e outros americanos de fibra, que
enfrentaram esse novo desafio. Eis que afinal nasceu a “Babilônia Rubra”, como
é carinhosamente chamada, ficando pronta na gestão de Humberto Pignataro (maior
responsável por sua construção) em 14/07/1967, num dia festivo para cidade do
Natal e, especialmente, para Torcida Americana, ali realizando memoráveis
festas, inclusive nos carnavais, concorrendo com outras semelhantes do querido
Aero Clube. Ajudas substanciais ocorreram com a participação do Senador Dinarte
Mariz liberando a realização de um “bingo”, verdadeira redenção, notadamente
pela excelente administração dos recursos oriundos, a cargo dos competentes
Carlos José da Silva e Paulo Bezerra, responsáveis pelas finanças do clube e o
então Prefeito Agnelo Alves, que resolveu os problemas da iluminação do prédio.
Em
agosto de 1973 inaugura-se a Pousada do Atleta “Renato Teixeira da Mota”
(Nenem), no terreno adquirido por Humberto Pignataro, com benfeitorias
realizadas ao tempo da gestão de Dilermano Machado, onde funcionou o Estádio
General Everardo, posteriormente vendida para saudar dívidas.
Outra
visão de futuro foi a aquisição do terreno de Parnamirim, depois adaptado para
ser o CT do Clube, outro empreendimento fundamental, que teve à frente os
mesmos abnegados Carlos Silva, Pedro Paulo Bezerra e Oscar da Cunha Medeiros,
com melhorias realizadas na gestão do Presidente Carlos Jussier
Trindade Santos, que
recebeu o nome de “CT Dr. Abílio Medeiros”, em homenagem ao dirigente que foi
baluarte na aquisição do terreno e onde está sendo construída a “Arena do
Dragão”.
É
bem de ver que cada Presidente colocou uma pedra no alicerce do glorioso
América, seja na construção e manutenção do seu patrimônio ou na preservação do
seu valor esportivo e confraternização social, contornando crises e garantindo
altaneira a bandeira alvi-rubra.
Contudo,
tendo em vista as dificuldades, sempre crescentes, de manter íntegras as
finanças do tradicional clube, o América se viu obrigado a fazer negociações
com parte do terreno, mantendo a propriedade de parte dos empreendimentos e
continuando a galgar vitórias e glórias, enchendo a sua torcida de justificado
orgulho.Agora, graças à liderança do Conselheiro José Rocha, acalenta-se o
sonho, quase realidade já, da “Arena do Dragão”.
1. O alvi-rubro começou glorioso, como primeiro campeão oficial da Liga de
Desportos Terrestres da cidade, fundada, também, em 1918, sendo o
campeonato realizado em 1919. Nesse
intervalo de tempo (1919 a 1927), o América ganhou todos os títulos disputados,
exceto no ano de 1925, que foi ganho pelo Alecrim Futebol Clube.
2.
Ganhou o campeonato de 1922 na disputa da Taça em homenagem ao
centenário da Independência do Brasil.
Na final, João Maria Furtado, conhecido como "De Maria" fez o único
gol da partida frente aos eternos rivais dos americanos, o ABC Futebol Clube.
Não
poderia deixar de registrar um fato particular da minha família: O desportista
José Gomes da Costa, peladeiro no Colégio Marista e nas ruas, quando estudante
na Faculdade de Direito do Recife jogou no time do Náutico, depois jogou no America, ao lado de Nilo Murtinho
Braga, mais tarde grande jogador do Botafogo carioca e da seleção brasileira,
integrou essa equipe de 1922 ao lado de Nilo, Oscar Siqueira, Chiquinho, João
Maria Furtado, Benfica, Canela de Ferro, João Ricardo, Américo, Ararí,
Aguinaldo e Cazuza, conforme se vê em foto daquele tempo, em uma das partidas,
verdadeira relíquia histórica. Quando deixou o futebol foi presidente do seu
clube do coração e responsável, junto a outros membros da diretoria, pela aquisição
do terreno onde foram erguidas as duas sedes, da Rua Maxaranguape e da Av.
Rodrigues Alves.
3. Sagrou-se VENCEDOR, em 1974, do primeiro
campeonato estadual de futebol realizado pela Federação Norte-Rio-Grandense de
Desportos.
4. Campeão do Centenário da República, em 1989. Essa vitória também
levou à conquista do seu segundo tricampeonato (Machadão), com a equipe formada
por César, Baéca (ou Lima), Medeiros, De Leon e Soares, Indio, Baíca e Demair
(Fábio), Lico, Casquinha (Edson) e Edmilson. Técnico Ferdinando Teixeira.
Outros jogadores que ajudaram em outras partidas: Eugênio, Baltazar, Edson,
Alfinete, Lauro, Marcelo José, Nunes, Guetener e Almir.
5. Campeão da Copa do Nordeste
de 1998, derrotando o Vitória na final por 3 a 1, gols de Kobayashi, Biro Biro
e Carioca.
6. E agora AMÉRICA FUTEBOL CLUBE
CAMPEÃO DO CENTENÁRIO DE FUNDAÇÃO
1. Desembargador
José Gomes da Costa
2. Humberto
Nesi
3. Grupo
que obtiveram os primeiros tijolos: Humberto Nesi, Hugo de Castro, Aldair
Villar, Murilo Carvalho, Odilon Garcia e José Herôncio
4. Portão
de entrada do Parque Esportivo do América localizado na esquina entre a Rua
Maxaranguape e a Rodrigues Alves
5. Fachada
da primeira sede do América, após algumas reformas e modernizações (Ribamar
Cavalcante)
6. Visão
da parte lateral da antiga sede
7. Rui
Barreto trabalhou para a construção das duas sedes
8. Humberto
Pignataro liderou a construção da nova sede
9. Carlos
Jussier Trindade Santos adquiriu o terreno onde hoje está funcionando o CT
Abílio Medeiros
10. Hermano
Moraes, Presidente em exercício
11. José
Rocha atual Presidente do Conselho Deliberativo e ex-Presidente do Clube.
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