Baldo e Avenida Rio Branco no final da década de 50
A
cidade do Natal, no ano de 1959, estava longe de ser a “metrópole do Oriente da
América” que Manoel Dantas (1867-1924) previu na sua histórica conferência Natal
daqui a cinqüenta anos, proferida no salão nobre do palácio do Governo do
Estado, no dia 21 de março de 1909, e que segundo o poeta Jota Medeiros
constitui o marco do Futurismo, antecedendo o manifesto de Marinetti.
Com
uma população de aproximadamente 167.202 habitantes distribuídos em doze
bairros – Santos Reis, Rocas, Ribeira, Cidade Alta, Petrópolis, Tirol, Alecrim,
Lagoa Seca, Lagoa Nova, Dix-sept Rosado, Quintas e Mãe Luiza – Natal
apresentava insuficiência urbanística caracterizada pela modéstia das
edificações, precariedade da malha viária, transportes coletivos obsoletos e,
sobretudo, ausência de indústrias.
A
administração do município, que tinha 489 logradouros públicos (avenidas, ruas,
travessas, praças e vilas), era coordenada por três secretarias (Finanças,
Negócios Internos e Jurídicos, Viação e Obras) reunindo vinte e seis
repartições. Tinha o suporte da Companhia Força e Luz Nordeste do Brasil,
Serviço de Água e Esgoto de Natal, Serviço de Limpeza Pública e o Serviço de
Transportes Coletivos que supervisionava as doze linhas de auto-ônibus
(Rocas/Matadouro; Jaguarari; Petrópolis/Grande Ponto; Tirol/Grande Ponto;
Circular; Lagoa Nova/Alecrim; Avenida 4; Avenida 10; Rocas/Igapó; Grande
Ponto/Praça Augusto Leite; Circular via Alexandrino de Alencar;
Natal/Parnamirim) e treze linhas de auto-lotação e micro-ônibus, considerados
coletivos de primeira categoria, atendendo no horário das 5 às 22 horas com
pequenas modificações no percurso realizado pelos auto-ônibus que funcionavam
das 5 às 24 horas.
A
educação era ministrada por oito estabelecimentos de ensino superior (Escola de
Engenharia, Escola de Serviço Social, Faculdade de Ciências Econômicas,
Contábeis e Atuarias, Faculdade de Direito, Faculdade de Farmácia e
Odontologia, Faculdade de Filosofia, Faculdade de Medicina, Instituto
Filosófico São João Bosco); quatorze cursos secundários (Colégio Imaculada
Conceição, Colégio N. Senhora das Neves, Colégio Santo Antônio, Escola
Doméstica, Escola Industrial, Escola Normal, Escola Técnica de Comércio Alberto
Maranhão, Escola Técnica de Comércio de Natal, Escola Técnica Visconde de
Cairu, Ginásio São Luiz, Ginásio 7 de Setembro, Instituto de Educação do Rio
Grande do Norte, Seminário e Instituto Batista Bereiano, Seminário Menor de São
Pedro); cento e sessenta escolas mantidos pelo Governo do Estado e noventa e oito
“escolinhas” mantidas pela Prefeitura, além de vinte e um cursos particulares.
O
sistema de saúde tinha o atendimento de trinta e seis estabelecimentos
(hospitais, casas de saúde e ambulatórios) sendo o principal deles o Hospital
Miguel Couto, atual Hospital Universitário Onofre Lopes.
O
cemitério do Alecrim continuava a ser o nosso único Campo Santo, “onde o
cipreste chora noite e dia a música dorida de saudades pungentes”.
A
inexistência de supermercado forçava a população a fazer suas compras nos quatro
mercados (Cidade Alta, Alecrim, Quintas e Ribeira) e nas mercearias e bodegas.
O
lazer era feito nos vinte e cinco clubes recreativos existentes, no Teatro
Alberto Maranhão, e nos cinemas, Rex, Rio Grande, Nordeste, São Luiz, São
Pedro, São Sebastião, São João e Potengi, além do passeio de barco a motor e a
vela até a praia da Redinha, com saída do porto flutuante do Canto do Mangue.
Os
jornais “A República”, “Diário de Natal”, “Jornal de Natal”, “O Poti”, “Tribuna
do Norte”, e as estações de rádio, Cabugi,
Nordeste, Poti e Emissora de Educação Rural, disputavam os leitores e a
audiência da população que tinha poucos divertimentos.
Afora
os equipamentos e serviços citados existiam em Natal, “no ano da Graça de 1959” , dez bancos, três
bibliotecas, nove cartórios, seis consulados, doze cooperativas, dez agências
de correios e telégrafos, treze hotéis, seis pensões, quarenta e sete templos
católicos, vinte templos protestantes, dezessete centros espíritas, quatro
lojas maçônicas, oito “praças” de automóveis de aluguel, trinta e um
sindicatos, nove agências de transportes fluvial (Natal/Redinha), vinte e uma
agências de transportes rodoviário e a Rede Ferroviária do Nordeste, que fazia
o tráfego com municípios dos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, além da
cidade do Recife.
João Gothardo Dantas Emerenciano
Fontes: Natal
daqui a cinqüenta anos, de Manoel Dantas, Fundação José Augusto/Sebo Vermelho,
Natal 1996; Guia da Cidade do Natal de J.A. Negromonte e Etelvino Vera Cruz.
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