5 de setembro de 2014

As duas jóias

       Narra antiga lenda árabe, que um rabino, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família, esposa admirável e dois filhos queridos.         Certa vez, o rabino empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias. Durante sua ausência, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados. A mãe sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, sustentada pela fé e confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
         Mas uma preocupação lhe vinha a mente: como dar ao esposo a triste noticia?. Sabendo-o portador de cardiopatia grave, temia que não suportasse tamanha comoção. Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxilio para refazer a difícil questão. Alguns dias depois, num final de tarde, o rabino retornou ao lar.
       Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos... Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse seu banho, e logo depois ela falaria dos moços. Alguns minutos depois estavam ambos sentados a mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
A esposa numa atitude tanto embaraçada respondeu ao marido:
         Deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave. O marido, já um pouco preocupado perguntou:
O que aconteceu? Notei você abatida! Fale!
Resolveremos juntos, com ajuda de Deus.
-         Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas!. Jamais vi algo tão belo!. O problema é esse. Ele vem busca-las e eu não estou disposta a devolve-las, pois jamais afeiçoei a elas. O que você me diz?
-         - Ora mulher. Não estou entendo o seu comportamento. Você nunca cultivou vaidades!... por que isso agora?
-         É que nunca havia visto jóias assim! Tão maravilhosa!
-         Podem até ser mais não te pertencem. Terá que devolvê-las.
-         Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!
E o rabino respondeu com firmeza; ninguém perde o que não possui. Retê-las, equivaleria a roubo!
-         Vamos devolvê-las, eu ajudarei. Faremos isso juntos,  hoje mesmo.
-          Pois bem querido seja feito a tua vontade.  O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito As jóias preciosas eram nossos filhos.
-         Deus os confiou a nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram.
-         O rabino compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram muitas lágrimas.

-          Do livro “ Quem tem medo da morte “ – Richard Simonnet

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