21 de outubro de 2013

Oficina ensina: no teatro vivo, tudo é linguagem

 No começo, poucos tinham fé nos engomados estudantes de Direito que se apresentavam em casas da elite paulistana. Aos poucos a importância do Teatro Oficina foi tão reconhecida que a classe artística fez até uma vaquinha para o grupo inaugurar uma sede própria, em 1961. Depois de apresentar Célia Helena, José Wilker, Beatriz Segal e tantos outros em atuações inovadoras, o grupo mantém-se efervescente após mais de 50 anos.
    O “teatro vivo” chegou não apenas propondo uma linguagem atual e a interação total de atores com público. O principal é “a preocupação de fazer um teatro diretamente ligado à realidade do País”, define o diretor José Celso Martinez Corrêa.
    Nos anos 1970, O Rei da Vela, texto de Oswald de Andrade, foi o grito Tropicalista nos palcos. A montagem é encarada como parte do movimento de Gil, Caetano, Tom Zé e companhia, e também como manifesto do Oficina. O programa anunciava “um teatro na base da colagem. A literatura, a música, a conferência, o discurso, a chanchada, a obscenidade. Tudo é instrumento de expressão. Tudo é linguagem”
    Não por acaso, o grupo é referência no teatro brasileiro de vanguarda. Apesar da reformulação para Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e da saída de alguns fundadores, como Renato Borghi, os ideais seguem firmes. Pela arquitetura moderna e pelo que representa, a sede projetada por Lina Bo Bardi é tombada como patrimônio brasileiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário