16 de outubro de 2013

Envelhescência, preparação para a Velhice

 


Salete Pimenta Tavares

Sempre se ouviu dizer que a vida do homem se divide em quatro períodos: Infância, Adolescência, Maturidade e Velhice. A primeira etapa da vida humana é a infância; é o período que vai do nascimento à puberdade. Um período lúdico, de brincadeiras e divertimentos. A adolescência é o período entre a infância e a maturidade. É a fase da mocidade, da juventude; um período de sonhos, de devaneios, de paixões, de criatividade, de desejos de liberdade, onde tudo se apresenta com mais força e com mais coragem para a realização dos sonhos.
Muitos poetas e escritores enaltecem a juventude, através de poesias, de crônicas, etc.; dentre elas podemos citar trechos do poema de Olavo Bilac, “A Mocidade”.
A mocidade é como a primavera / A alma cheia de flores resplandece. / Crê no bem, ama a vida, sonha, espera / e a desventura facilmente esquece”. E no finalzinho desse poema ele ainda ressalta: “a mocidade não dá frutos como o outono / pois só dá flores como a primavera”.
Já a maturidade é uma fase mais calma, mais real, onde se busca o equilíbrio para resolução de problemas e de situações difíceis. A atriz Letícia Sabatela, no auge de sua maturidade, falando dos atuais interesses, de suas crenças, de suas aspirações, diz que vive um momento diferente, buscando mais o equilíbrio entre a sobrevivência e a transcendência. E ainda acrescenta: “Aprendi a seguir no meu tempo, no meu passo, no meu ritmo”. (vê revista Cláudia – agosto de 2013).
O escritor, dramaturgo e jornalista Mário Alberto Campos de Morais Prata, conhecido como Mário Prata, considerado um dos mais importantes escritores brasileiros, além de livros, novelas, roteiros de cinema e de teatro, iniciou o tema crônicas, convidado, que foi, pelo Diretor de redação do jornal “O Estado de São Paulo” (Estadão), na época (1993), o senhor Aluísio Maranhão, para escrever crônicas naquele jornal. Começou com uma crônica chamada “Envelhescência”, cujo sucesso assustou o próprio escritor. A Envelhescência é, pois, o período entre a maturidade e a velhice. É uma fase bastante complicada, pois o homem já passou da adolescência, atingiu a maturidade, mas ainda não chegou à velhice. Sabemos que o homem não fica velho de repente, assim da noite para o dia; vai envelhecendo aos poucos, enquanto seus cabelos vão embranquecendo, suas faces ficando flácidas e enrugadas e o seu corpo perdendo vigor e a coragem de viver uma vida ativa.
Li certa vez, um livro que falava sobre Lei Mental (infelizmente não lembro o nome), apesar de ter anotado essa frase do Artigo 25º, da referida lei: “Não tenha medo da velhice. A idade não é o passar dos anos, mas o acúmulo de sabedoria.” O certo é que o passar dos anos é mesmo inevitável. Mas ninguém envelhece pelo simples fato de viver um determinado número de anos. As pessoas só envelhecem quando abandonam seus ideais; as pessoas só envelhecem quando deixam de acreditar nos seus sonhos. Há um ditado que diz: “Os anos enrugam a pele, mas a desistência do entusiasmo é que enruga a alma.” A idade está na mente e no espírito de cada pessoa.
Madre Tereza de Calcutá, numa de suas inúmeras frases escreveu: “Tenha sempre em mente que a pele fica enrugada, que o cabelo se torna branco, que os dias se convertem em anos, mas o mais importante não muda: tua força interior e tuas convicções não tem idade.”
A Envelhescência, segundo Mário Prata é o período que vai dos 45 anos aos 65 anos, o que nada mais é do que a maturidade do envelhescente. Depois sim, vem a velhice.
A atriz global Débora Bloch, nos seus cinqüenta e poucos anos de idade, numa entrevista a revista “Cláudia” do mês de setembro de 2013, disse o seguinte: “Aos 50 anos a gente sabe quem é e o que quer ou não quer para a vida. É bem difícil envelhecer. Mas devemos aceitar esse processo e descobrir como vivê-lo da melhor maneira possível.” É na “Terceira Idade”, ou seja, na maturidade do envelhescente, que descobrimos o valor do carinho, do sorriso, de um gesto limpo de caráter, enfim, descobrimos como é fácil ser feliz. A maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade como aquela que se usufruía, quando se era menino. Quanto à velhice, ela não existe, é uma questão de opção. A velhice é quando se perde as funções, a vitalidade e a plenitude da vida. E isso só deve acontecer próximo da morte.
O Brasil sempre foi considerado um país de jovens. Mas hoje esse conceito mudou, pois segundo pesquisas realizadas atualmente, o número de idosos cresceu bastante e o Brasil está envelhecendo. A sociedade, então, começou a descobrir a importância de saber envelhecer levando o idoso a uma vida ativa e saudável. E para isso, para conquistar a longevidade, é necessário realizar atividades físicas, ter uma boa alimentação e cuidados médicos, compartilhar conhecimentos e experiências, participar de grupos da chamada Terceira Idade, proporcionando ganhos em saúde mental e física, resultando em melhoria de qualidade de vida. A velhice é, pois, um problema social dos mais relevantes e delicados, que está a exigir uma tomada de consciência das novas gerações e da sociedade como um todo para amenizá-lo.
É fundamental olhar a velhice como mais uma importante fase da vida, pois segundo Fernanda Parolari Novello, no seu livro “Idade da Sabedoria” “quem passou pela Envelhescência e alcançou a velhice é porque pôde ou porque sonha viver, ou ainda mais explicitamente, porque não foi colhido na estrada da vida por uma morte prematura.”

2 comentários:

  1. Como conviver com o idoso

    Ivone Boechat (autora)

    1- Nunca pergunte a um idoso: qual é o segredo de viver tanto assim? Porque a pessoa não vai lhe convencer ou vai dizer que não sabe a resposta. Quem vai adivinhar como se vive anos e anos, com tanta virose, corrupção, mentira, tapeação, bala perdida, exploração... ruindade!
    2- Nunca telefone ou visite um idoso entre 12:00h e 16:00h. TODO idoso gosta de descansar nesse período sagrado.
    3- Jamais conte um problema ao idoso. Ele vai poder ajudar? Também não seja o problema do idoso: é covardia. Ele não vai ter como se defender.
    4- Nunca interfira na decisão do idoso: se ele decidiu ser enterrado ou cremado. Não fique reclamando do preço da cremação, do túmulo..Nem fique agourando e perguntando o que a família deve escrever por cima do túmulo.
    5- Nunca diga ao idoso: essa história você já me contou dez vezes. Diga a ele que a história é interessante e o ajude a resumi-la. Ele vai entender que a história é conhecida!
    6- Não estimule o idoso a se lembrar de um fato que lhe cause sofrimento. Desvie sempre a tristeza para o lado bom de tudo.
    7- Não explore a disponibilidade do idoso, lembre-se que ele já trabalhou muito e hoje não tem mais resistência, saúde e vigor para tomar conta de problemas e cachorros... dos outros. Deixe em paz o cartão bancário com o pagamento da minguadíssima aposentadoria. Vai à luta!
    8- Mude o canal da TV quando o assunto é desgraça!
    9- Ao visitar o idoso, leve algo que lhe faça bem à saúde: boa conversa, estímulos, boas notícias... palavras cruzadas, linha para crochê... uma fruta que ele possa consumir... um livro. Nas festas de aniversário e Natal, seja criativo! Chega de tanto pijama e chinelo.
    10- Lembre-se: a pessoa idosa tem todo direito à felicidade e não vai ser você que vai atormentar os derradeiros dias da vida de ninguém. Exercite a gratidão, o perdão, a solidariedade e chega de despejar lixos de traumas, tristezas antigas e carências na caçamba que a vida cismou de colocar na porta de quem lutou tanto para resistir às intempéries.

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  2. Como conviver com o idoso

    Ivone Boechat (autora)

    1- Nunca pergunte a um idoso: qual é o segredo de viver tanto assim? Porque a pessoa não vai lhe convencer ou vai dizer que não sabe a resposta. Quem vai adivinhar como se vive anos e anos, com tanta virose, corrupção, mentira, tapeação, bala perdida, exploração... ruindade!
    2- Nunca telefone ou visite um idoso entre 12:00h e 16:00h. TODO idoso gosta de descansar nesse período sagrado.
    3- Jamais conte um problema ao idoso. Ele vai poder ajudar? Também não seja o problema do idoso: é covardia. Ele não vai ter como se defender.
    4- Nunca interfira na decisão do idoso: se ele decidiu ser enterrado ou cremado. Não fique reclamando do preço da cremação, do túmulo..Nem fique agourando e perguntando o que a família deve escrever por cima do túmulo.
    5- Nunca diga ao idoso: essa história você já me contou dez vezes. Diga a ele que a história é interessante e o ajude a resumi-la. Ele vai entender que a história é conhecida!
    6- Não estimule o idoso a se lembrar de um fato que lhe cause sofrimento. Desvie sempre a tristeza para o lado bom de tudo.
    7- Não explore a disponibilidade do idoso, lembre-se que ele já trabalhou muito e hoje não tem mais resistência, saúde e vigor para tomar conta de problemas e cachorros... dos outros. Deixe em paz o cartão bancário com o pagamento da minguadíssima aposentadoria. Vai à luta!
    8- Mude o canal da TV quando o assunto é desgraça!
    9- Ao visitar o idoso, leve algo que lhe faça bem à saúde: boa conversa, estímulos, boas notícias... palavras cruzadas, linha para crochê... uma fruta que ele possa consumir... um livro. Nas festas de aniversário e Natal, seja criativo! Chega de tanto pijama e chinelo.
    10- Lembre-se: a pessoa idosa tem todo direito à felicidade e não vai ser você que vai atormentar os derradeiros dias da vida de ninguém. Exercite a gratidão, o perdão, a solidariedade e chega de despejar lixos de traumas, tristezas antigas e carências na caçamba que a vida cismou de colocar na porta de quem lutou tanto para resistir às intempéries.

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