13 de dezembro de 2012

O DOCE PASSO DA JUVENTUDE





          Bené Chaves
          Maria foi outra de minhas namoradas no período da iniciada adolescência. E depois, acredito que sim (ou não?), parece ter sido vítima de  alguma estorinha sem o mínimo de fundamento. Talvez uma intriga escabrosa, de inveja mesmo e sem piedade na sua condição de moçoila. Eu e ela éramos bastante ingênuos para pensarmos que alguém fosse capaz de acabar nosso namoro. Inclusive levando-a com facilidade e perícia para este fim.
          O intuito, então, foi conseguido e a intriga feita e desfeita uma relação que poderia ter se desdobrado alguns anos mais. Pois estávamos querendo aproveitar um momento (e que belo instante o da juventude!) de nossas iniciais existências. Tímido que eu era, tímida que ela era.
          Mas, ele, o momento, foi atacado imprevistamente e sem chance de qualquer contestação. Arre! Culpa minha? Dela? Não, acho que foi um delito do destino, se assim posso dizer.
A vida tem suas ironias e seus mistérios e também seus acasos. Sorte ou azar? Eis aí o enigma de que não posso saber...
          E quanto a Maria e a partir desse episódio a vi poucas vezes, porém ficou evidente que ela desaparecera de minha vida. Restaram as sombras de um passado. Um passado que ficou cinzelado também como o de Alba, aquela que foi minha primeira experiência no aspecto amoroso. O lado difícil e sem dúvida de se entender do ser humano.
          (Soube tempos depois que as mesmas aparentavam belas feições,  casaram, tiveram filhos e seguiram evidentemente suas sinas. Atualmente de nenhuma notícia sabia, talvez já estivessem no curso declinável da vida. Como todos nós que tínhamos mais ou menos a mesma idade no período).
          Das voltas e reviravoltas que houve no caso citado, nada pude fazer para desvendar os tristonhos acontecimentos quanto ao relacionamento com a Maria. E tudo terminou como um bom resultado para o autor ou autora da imaginada mentira. Ou será que a mesma inventou tal estória? Isso talvez nunca vá saber.
          E atravessando anos seguintes pelas ruas que as mesmas moraram observei mostrengos sendo erguidos, prédios gigantescos que transformavam e esfumaçavam a nova cidade. A minha Gupiara fechava-se para um progresso que enfeava nossas lembranças.
          Ela ia se perdendo de encontro ao porvir, inclusive uma imensa avenida tomou conta dos antes estreitos lugares. Na certa até fazendo com que minhas ex-namoradas sumissem entre as coisas bonitas que fizeram parte do trecho antes percorrido com amor e carinho. Enfim, desvaneceu-se outra ilusão e mais uma decepção.
         Lembro aqui de um instante lúdico no meu último encontro com a Maria. Descrevo-o com saudade e terna lembrança:
         Quando uma vez estávamos a passear, fomos nos esconder - numa distração de sua acompanhante - atrás de uma pilastra de um velho edifício abandonado. Parecíamos duas crianças a brincar de esconde-esconde. Ali, numa demonstração de afeto, consegui segurá-la e satisfazer um pouco do ardor juvenil que nos instigava.
          Desci suas vestes e a vi ligeiramente nua, seu corpo moreno a tremer de medo e inquietação. Uma visão que me balançou, apesar da penumbra do local. Foi um curto momento de prazer em que cheguei a quase boliná-la num frêmito de um orgasmo.  
         Saíamos depois desconfiados como se tivéssemos cometido algum ato vergonhoso. Para a época era um verdadeiro escândalo você tentar algo dessa natureza. E ela depois se afastou encobrindo seu suave rosto, eu a me ajeitar rapidamente com receio de que algum vulto aparecesse nas sombras daquele passado.                                               

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