Salete Pimenta Tavares
O meu interesse pela chamada “Sétima
Arte” vem de anos atrás. Mesmo tendo nascido e vivido, até minha adolescência,
na cidade de Caraúbas-RN, onde, na época não existiam cinemas, televisão,
nenhum aparelho que pudesse transmitir um filme, eu procurava ler, com um
mínimo de livros, de revistas ou jornais existentes na cidade alguma coisa que
falasse sobre cinema, e ainda ouvir algum programa de rádio que tratasse desse
assunto.
Quando minha família veio fixar
residência aqui em Natal, uma das minhas preocupações era me informar sobre
filmes, e procurar as casas de espetáculos cinematográficos para poder usufruir
dessa arte, um dos mais importantes meios de comunicação. Os cinemas existentes
em Natal nessa época eram: “Cine Nordeste” na Avenida João Pessoa, “Cine Rex”
na Avenida Rio Branco, “Cine Rio Grande” e “Cine Poti” na Avenida Deodoro da
Fonseca e “Cine São Pedro”, no Alecrim. Mais tarde foi inaugurado o “Cine Panorama”
no bairro das Rocas.
A nossa chegada em Natal deu-se no dia
21 de abril de 1960, dia este onde se comemorava em todo o país a inauguração
de Brasília, construída no Planalto Central do Brasil para ser a sede do
Governo Federal. Logo no dia 08 de maio desse mesmo ano, fui assistir no Cine
Rio Grande, o filme “Stefanie”, um gênero comédia-romance, sob a direção de
Josef Von Baki, cuja protagonista tinha o mesmo nome do filme.
Eu gosto de filmes do gênero romance,
mas, mencionando vários filmes de outros gêneros a que assisti em Natal,
demonstro que não sou avessa a outros gêneros.
Já no dia 14 desse mesmo mês, fui assistir no Cine Nordeste o filme
“Garota Enxuta”, (Chanchada Nacional), no dia 22, no Cine Rex, “Saeta o Canto
do Rouxinol” e no dia 29, também no Cine Rex, o filme “Tua Para Sempre”. Daí,
passei a ser uma expectadora assídua nas salas dos cinemas. Anotava todos os
filmes assistidos, colocando dia, mês, ano e o local de sua exibição.
De maio de 1960 até outubro de 1972,
foram 698 filmes assistidos e anotados, pois a partir dessa data, apesar de
continuar assistindo filmes, não houve mais registros. Muitos foram os filmes
bons que eu assisti (comédia, romance, suspense, históricos, etc.), entre eles
vale à pena citar alguns: “Meu Tio”, onde o cineasta Jacques Tati fez uma
crítica à modernidade, tendo poucos diálogos e muita sutileza; venceu o Oscar
de Melhor Filme Estrangeiro e o Prêmio Especial do Júri, num desses Festivais
de Cinema de Cannes. “Orfeu do Carnaval”, na época apontado como um dos filmes
mais polêmicos já feitos.
A série “Sissi”, “Sissi a Imperatriz” e
“Sissi e seu Destino”, três filmes sobre a vida da Imperatriz Elisabeth da
Áustria, tendo como protagonista a atriz Romy Schneider. “As Férias do Senhor
Hulot”, um ótimo filme, tendo o mesmo Jacques Tati como ator e diretor. “O
Grande Ditador”, um filme belíssimo de Charles Chaplin; nesse filme ele faz o
chamado “O Último Discurso”, onde incentiva o povo para lutar pela liberdade e
por um mundo novo.
Outro filme de Charles Chaplin, “Luzes da
Ribalta”, tanto o filme como a música, que tem o mesmo nome, são belíssimos.
“Suplício de uma Saudade”, considerada uma das mais lindas e famosas histórias
de amor das telas cinematográficas. E mais, “Testemunha de Acusação”, “O Vento
não sabe Ler”, “A Balada do Soldado”, “O Sol por Testemunha”, “E o Vento
Levou”, “Se meu Apartamento Falasse”, “Amor, Sublime Amor”, “A um Passo da
Eternidade”, “Um Lugar ao Sol”, “A Princesa e o Plebeu”, “Doutor Jivago”,
“Romeu e Julieta”, “Bonequinha de Luxo”, “O Último Tango em Paris”, “Um Homem e
uma Mulher”, “O Maior Espetáculo da Terra”, “Por Quem os Sinos Dobram”, “A Bela
da Tarde”, “Quando Setembro Vier”, “Candelabro Italiano”, “Assim Caminha a
Humanidade”, “Ao Mestre com Carinho”, “A Noviça Rebelde”, “A Pantera Cor de
Rosa” e “O Professor Aloprado”. Do
mestre Alfred Hitchcook, “O Homem que Sabia Demais”, “Marnie, Confissões de uma
Ladra” e “Um Corpo que Cai”, considerado a obra prima desse diretor. Os faroestes,
“Os Brutos também Amam”, “A Árvore dos Enforcados”, “A Face Oculta”. Os históricos,
“Os Dez Mandamentos”, “Bem-Hur”, “A Bíblia”, “Cleópatra”, “Sansão e Dalila”, “O
Evangelho Segundo São Mateus”, “Paixão de Cristo”, “El Cid”, etc.
Os brasileiros, “Independência ou Morte”,
“Baía de Todos os Santos”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “O Pagador de
Promessas”, um drama escrito e dirigido por Anselmo Duarte; este filme foi
indicado como o Melhor Filme Estrangeiro no Festival de Cannes (França 1962) e
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cartagena (Colômbia 1962). Alguns da
Série 007, outros tendo Roberto Carlos como protagonista do filme e outros
ainda, inesquecíveis como: “Zorba o Grego”, um clássico maravilhoso com uma
atuação impecável do ator Anthony Quinn; “A Ponte do Rio Kwai” vencedor de 07
Óscares; “Laurence da Arábia” venceu nas categorias: melhor filme, melhor
diretor, melhor fotografia, melhor trilha sonora e melhor direção de artes. E
tantos outros como “O Último Imperador”, “A Lista de Schindler”, “A Casa de Chá
do Luar de Agosto”, “Os Girassóis da Rússia”, “Descalços no Parque”, “As
Sandálias do Pescador”...
Com a chegada da televisão, nos anos 60, a exibição de filmes nos
cinemas foi diminuindo, uma vez que, essa exibição podia ser vista em casa, de
graça, evitando o deslocamento da família até as salas dos cinemas. Atualmente
com os novos e modernos “shopyngs”, o cinema voltou a atrair o público com uma
imensa variedade de filmes apresentados, com salas de espetáculos lotadas e
criando também um novo tipo de expectador
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