15 de janeiro de 2014

A HISTÓRIA DA IMPRENSA SERIDOENSE

A imprensa em solo seridoense nasce ainda no Império, e ao longo da Primeira República, a história da imprensa nas cidades de Jardim do Seridó, Acari, Florânia e, sobretudo em Caicó e Currais Novos, está pontilhada de jornais que expressam interesses religiosos ou ideologias políticas. Os periódicos da época, do ponto de vista político eram utilizados como instrumento de propagação dos ideais republicanos, patrióticos e civistas. No entanto, em meio ao jornalismo panfletário, também havia espaço para a literatura, ao mesmo tempo que também revelou para o Rio Grande do Norte o talento de jornalistas do porte de Vivaldo Pereira de Araújo e Manoel Dantas.


Em Caicó/RN, então cidade do Príncipe, no dia 09 de março de 1889 surgia o Jornal “O Povo”. Este, de tiragem semanal, conforme informava o cabeçalho de seu primeiro exemplar publicado, pertencia ao Sr. José Renaud, tendo como base de seu escritório, um sobrado do centro comercial daquela cidade sertaneja. Como redatores do Jornal estavam: Diógenes Celso da Nóbrega, Olegário de Medeiros Vale, Manoel de Medeiros Dantas e Janúncio Nóbrega Filho.
Segundo o historiador Olavo de Medeiros (1982), “A alma principal desse movimento era Olegário Vale, advogado provisionado. Homem progressista que queria que Caicó tivesse um Jornal que traduzisse os anseios e as aspirações do povo”. Sendo assim, o periódico panfletário era usado como trincheira de batalhas pelo núcleo do partido Republicano seridoense para combater o já decadente partido conservador. O Jornal era impresso em tipografia própria. Aos 06 de abril de 1989, o acadêmico Janúncio Nóbrega, incumbia-se da direção e da responsabilidade da coluna republicana, publicada em “O Povo”, ao mesmo tempo que o jornalista Manoel Dantas assumia a chefia de redação do Jornal.
O corpo redacional de “O Povo” era predominantemente composto por jovens entusiastas das ideologias do antigo Partido PR (Partido Republicano), o semanário encerra sua circulação em 19 de setembro de 1892.
Após o Jornal “O Povo”, só em 1909 vem à luz, na também cidade de Caicó, o Jornal “Correio do Seridó”,sob a direção do Dr. Augusto Carlos de Vasconselos, então Juiz da Comarca daquela cidade. Semelhantemente, este era impresso em tipografia própria e dentre seus colaboradores estavam: Celso Afonso Dantas, Dr. Pedro Odilon, Pedro Gurgel e Manoel Etelvino Pereira. O “Correio do Seridó” também foi um periódico de edições semanais, chegou até 1915, quando desaparece de uma vez, deixando uma sentida lacuna de comunicação na sociedade caicoense.
Após alguns anos, surge o “Correio Paroquial”,instrumento de comunicação oficial da paróquia de Caicó. Seu primeiro número é datado de 1º de julho de 1935 -circulando em apenas duas edições - e sendo fundado pelo Padre Luiz Teixeira de Araújo,grande incentivador da imprensa católica, no interior do Rio Grande do Norte. Conforme Manoel Rodrigues de Melo (1987) “Padre Luiz aonde chegava, fundava logo um jornal para transmitir os ensinamentos da igreja”. Contudo, esta publicação era essencialmente religiosa.
No município de Jardim do Seridó, entre 1917 a 1932, surge os ‘jornaizinhos’: “Jardim do Seridó”; ”Da Festa”; “O Labor”; “O Município” e o “Parafuso”. Na cidade de Acari despontaram: “O Acary” e o “Acarí”. “Nessa época, em Florânia, surgiu os seguintes periódicos: “Gazeta do Sertão”; “Sete de Setembro”; “A Verdade” e o “Pyrilampo”.
A imprensa em Currais Novos começa com Ulysses Talêmaco de Araújo Galvão, após colaborar com alguns jornais e almanaques no Estado, Ulysses fundou “O Echo do Norte”, como sendo, o primeiro veículo de comunicação para registrar o progresso e a evolução de sua terra. “A Voz Potiguar” tem início em 1° de Janeiro de 1905, com oficina gráfica própria. Seu corpo redacional era composto pelos jornalistas Ulysses Talêmaco, Vivaldo Pereira de Araújo e Abílio Chacon. A partir de maio de 1906 a 1925, o grupo fica constituído por: Manoel Tomaz de Araújo, Manoel Francisco, Baldômero Chacon, Vivaldo Pereira de Araújo, Tomaz Salustino, Gilberto Pinheiro, Abílio Cezar e outros.
(Ulysses Talêmaco)

O “Batel”,cujo primeiro número circulou em 17 de maio de 1913, em substituição ao jornal “O Progresso”, vinha circulando desde 1906 com algumas interrupções, tendo como redator Manoel Tomaz de Araújo e gerência de Manoel Francisco de Araújo”. Em seu número 163, ano V, datado de Abril de 1918,“O Batel” deixou o campojornalístico, voltando a ativa, “O Progresso”. Este, começou a circular sem nenhuma modificação no corpo redacional e na orientaçãopragmática, mantendo a redação e oficinas, circulandosempre aos domingos.
Nesse cenário, a ‘velha’oficina deste periódico tornou-se responsável, ao longo de mais de quase trinta anos, pelas publicações de vários jornais, revistas, livros, boletins, folhetos de cantadores, sem falar na parte comercial que abrangia parte da região do Seridó e parte da Paraíba. A revista Literária “Ninho das Letras”, impressa na tipografia “O Progresso”, de tiragem mensal, foi fundada por intelectuais e jornalistas da época, cultores da literatura e da ciência em 15 de novembro de 1925. Sob sua direção estava o Padre Pedro Paulino, secretariado pelo Dr. Tristão de Barros, Vivaldo Pereira de Araújo (que era o chefe de redação), Dr. Tomaz Salustino, Dr. Mariano Coelho, Professor Gilberto Pinheiro, Professora Olívia Melo e Baldômero Chacon. O “Ninho das Letras” se esmerava em publicar textos jornalísticos, discursos, crônicas e poesias de seus colaboradores.
Outro importante jornal foi “O Porvir”. Surgiu em 1926 e teve seu primeiro número publicado em janeiro de 1929, com Nelson Geraldo, Everton Cortez, Manoel Rodrigues de Melo e Jayme Carneiro. A ideia deste Jornal se deve ao professor Gilberto da Cunha Pinheiro, que sugeria, estimulava e instigava a produção do trabalho até ver seu sonho ser concretizado. O número zero, impresso na única tipografia existente na cidade, pertencia ao presbiteriano Manoel Tomaz de Araújo.

Finalmente, “O Galvanópolis” trata-se de um jornal literário, político e esportivo que defendia, entre outras ideias, a mudança do nome do município de Currais Novos para o topônimo “Galvanópolis” em decorrência da tradicional família da cidade. O Jornal circulou em Currais Novos de 1931 a 1934, tendo como fundadora a Jornalista Maria do Céu Fernandes, e como colaboradores, João Neto Guimarães, Sinhá Coelho e Vivaldo Pereira de Araújo. 

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