16 de setembro de 2013

Necessário falar do nosso lixo

 
Salete Pimenta Tavares

O lixo é um dos grandes assuntos em debate no mundo de hoje, e que vem se presentificando consideravelmente, a cada dia, tendo em vista o crescimento populacional em todo o planeta. Esse crescimento começou a criar sérios problemas, uma vez que não existia saneamento básico, nem sequer coleta de lixo, e os habitantes jogavam seu lixo na rua. Em conseqüência, inúmeras doenças foram sendo cada vez mais freqüentes e a taxa de mortalidade provocada por elas sendo altíssimas. 
 
Os historiadores contam que antigamente a população jogava os seus dejetos nas ruas e que o cheiro das cidades e das pessoas era horrível. Nos castelos o sistema de latrinas era acoplado em paredes largas e ocas. As pessoas faziam suas necessidades nas latrinas e despejavam todo o dejeto nas paredes dos castelos. Só bem mais tarde é que começou o trabalho de procurar locais, fora dos castelos para despejar os dejetos. (v.pesquisa Internet). Os povos mais comprometidos com a limpeza das cidades eram os “gregos”. Eles contratavam pessoas que levassem o lixo da cidade para fora da muralha das cidades, dando origem aos primeiros lixões do mundo. Os “hindus” fazem até hoje a cremação dos mortos para evitar a poluição do solo. Outros povos da Europa Oriental, quando as pessoas morriam, jogavam seus corpos no oceano, amarrados em pedra para descerem até o fundo do mar e assim não poluir o solo.

Ano após ano a quantidade de resíduos e produtos que se tornam lixo aumenta. Apenas o Japão e a Alemanha diminuem a relação lixo habitante. Mas a produção de resíduos sólidos no mundo chega a milhões de toneladas por dia, somando mais ou menos 30 bilhões de toneladas ao ano. A preocupação com a destinação final do lixo foi percebida, mas infelizmente, até hoje, não vem sendo encarada com a urgência necessária. O aumento populacional nas cidades, aliado a uma sociedade extremamente consumista, faz gerar vários problemas ambientais. O lixo urbano é um deles, principalmente os de origem domiciliar: sobras de alimentos, papéis plásticos, vidros, papelão, etc. Os de origem industrial como o hospitalar com milhões de seringas, agulhas, curativos, gazes, ataduras, peças atômicas, etc. sendo jogados no lixo, e ainda os de origem tecnológica, o chamado lixo do século, como pilhas e aparelhos eletrônicos em geral, resíduos de diferentes origens, como já foi citado acima: residenciais, hospitalares, industriais e ainda os de construção civil, os quais são recebidos juntamente, pelos aterros e lixões, sem nenhuma separação dos mesmos. No Brasil, cerca de 100 milhões de pneus estão espalhados em aterros, em terrenos baldios, ou mesmo entulhados nas oficinas de consertos. A toda hora jogamos fora alguma coisa que não queremos. Muita comida é descartada. E o que chamamos de lixo geralmente é entendido como “resíduo sólido”, aquilo que sobra e não é líquido ou gasoso. Ainda não existe, regularmente, o costume de separar o “lixo, lixo”, do material reciclável.

Segundo o Ministério da Agricultura os resíduos orgânicos representam 69% do total descartado no país. São mais ou menos 14 milhões de alimentos, cujas sobras desperdiçadas poderiam alimentar 19 milhões de pessoas diariamente. Com o crescimento da população, estão se acabando as áreas desses aterros, e já não se tem mais espaço para a destinação do lixo. A solução eficiente realmente está na redução do consumo e reciclagem de materiais, além da técnica de cremação para pessoas mortas, tendo em vista os cemitérios se tornarem poluentes para o meio ambiente. O buraco na camada de ozônio e o aquecimento global da terra despertaram a população mundial para o que estava acontecendo com o meio ambiente. É, portanto, necessário trabalhar essa consciência ambiental, especialmente com as novas gerações. O livro “Seis Razões para Diminuir o Lixo no Mundo”, de Nilson José Machado e Silmara Rascalha Casadei e ilustração de Vera Andrade, da Escrituras Editoras, propõe o gerenciamento do próprio lixo, acompanhando tendência internacional de conscientização ambiental. Os autores do livro dizem que “o lixo”, às vezes, é alguém sem sorte que não achou o dono certo. E se todo mundo concorda que precisamos diminuir o lixo do mundo e reaproveitar os sólidos, este pode ser o caminho. Segundo eles 40% do que nós compramos vira lixo.

O lixo brasileiro é considerado um dos mais ricos do mundo e sua reciclagem, é, fortemente sustentada pela catação informal ou os chamados garimpeiros do lixo. Mas, infelizmente, ainda não está sendo dada a devida importância às questões relativas ao saneamento ambiental, em especial à coleta e destinação adequada dos resíduos. No entanto, há muitos exemplos de cidades, em que já foram, ou estão sendo implantados programas de reciclagem do lixo. Em Curitiba, PR, existe um programa chamado “Lixo que não é lixo”, implantado há mais ou menos dez anos, em que a reciclagem já atingiu um estado avançado.

Há poucos dias, mais precisamente no dia 25 de julho de 2013, a Rede TV Rio, apresentou uma reportagem em que a televisiva Sabrina Boing Boing declarou ser de uma família de origem super-humilde vivendo perto de um lixão, onde o cheiro era insuportável. Quando criança chegou a catar roupa, brinquedo e até mesmo comida, Já morou na rua e quando conseguiu chegar à televisão, com o primeiro dinheiro que ganhou comprou um ursinho de pelúcia, talvez pela falta de brinquedos na sua infância.




O Jornal Tudo – Ano 02 – Nº 54 – 14 a 20-04-2012- BH, afirmou: Nos próximos anos, cada vez mais as pessoas e empresas precisarão se envolver com a reciclagem e com o destino dos resíduos urbanos. As tecnologias já existem, mas o que falta é encorajar as pessoas a participarem. Solução para o lixo exige leis, mercado e novos hábitos. Existe no Brasil um programa desenvolvido pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), criado pelas empresas produtoras de agro-químicos, o qual é considerado um dos mais eficazes do mundo. Só no ano passado os agricultores brasileiros devolveram 95% das embalagens de agrotóxicos usadas por eles. Exemplo como este mostra que há solução para o lixo e o que não é reciclável pode ser usado para a geração de energia, entre outros usos. 
 
Enfim, como afirmou Lavoisier (1743 - 1794): “Na natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma”.

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