5 de setembro de 2018

Plêiade de jornalistas imortais



Além de intelectuais, historiadores, pesquisadores, educadores, po etas, cronistas, romancistas, teatrólogos, advogados, magistrados, médicos, políticos, religiosos, músicos e boêmios, todos com vocação comprovada para as atividades literárias e livros publicados, a Academia Norte-riograndense de Letras (ANL), abriga também nos seus quadros uma quantidade relevante de jornalistas.
 Entre os 40 patronos da casa, quase a metade teve o jornalismo como profissão, na maioria das vezes associada à outra atividade profissional. Entre os fundadores e os que foram sucedendo estes, até hoje a soma é igualmente alta. São nomes de destaque na vida política, social e literária do Rio Grande do Norte nos séculos 19 e 20.
Viventes de uma época em que as mentes brilhantes, invariavelmente, dirigiam seus labores para o jornalismo impresso, algumas vezes fazendo deste ofício uma profissão de fé; d’outras, apenas um meio de expressarem suas opiniões ou publicarem criações literárias – artigos, crônicas, sonetos. Interessante notar como os sacerdotes exerceram no passado influência na sociedade ao difundirem suas idéias, e as da Igreja Católica, pela imprensa. Fundaram seus próprios periódicos, e por este meio revelaram, também, o talento da escrita.
Quatro religiosos – jornalistas - tomaram assento da ANL como patronos. Dono da cadeira 31, padre Brito Guerra (18/04/1777 – 12/02/1845), nascido em Augusto Severo, é considerado o fundador da imprensa no Rio Grande do Norte ao lançar, em 1832, o primeiro jornal que se tem notícia: “O Natalense”, um semanário com conteúdo político e literário. A cadeira 11 tem como patrono o padre João Maria (23/06/1848 – 16/ 10/1905), caicoense, fundador da imprensa católica. Dirigiu e editou o jornal “Oito de Setembro”. Os outros dois sacerdotes jornalistas são: o padre natalense João Manuel (26/ 12/1841 – 30/05/1899), patrono da cadeira 28, que fundou em Natal o jornal Plêiade de jornalistas imortais literário “O Recreio” e depois colaborou com a imprensa carioca (“Correio Mercantil” e “Correio do Povo”) e paulista (“Correio Amparense”), onde se notabilizou escrevendo artigos políticos. E o Monsenhor Augusto Franklin (19/3/1842 – 8/1/1906), nascido em Goianinha, que editou um jornal católico em Recife, “Era Nova”.
 É patrono da cadeira 30. Entre os médicos com pendores literários e veia jornalística, quatro se tornaram patronos do velho casarão localizado na rua Mipibu, 443, em Petrópolis: o assuense Luis Carlos Lins Wanderley (30/8/1831 – 10/2/1890), a quem pertence a cadeira 6, reconhecido como o primeiro médico do Rio Grande do Norte, também poeta, professor e teatrólogo, colaborou em jornais na Bahia, Açu e Natal, e seu filho, também poeta e teatrólogo, o natalense Segundo Wanderley (6/4/1860 – 14/1/1909), titular da cadeira 16. Os outros dois são: o ex-governador Pedro Velho (27/11/1856 – 9/12/1907), nascido em Natal, fundador de “A República” e titular da cadeira 15, e Aurélio Pinheiro (28/1/1882 – 17/11/1938), patrono da cadeira 27, nascido em São José do Mipibu, que escreveu crônicas para “O Mossoroense”. Atuantes – O assuense Elias Souto (25/1/1848 - 17/5/1906), patrono da cadeira 10, está entre os jornalistas mais atuantes de sua época.
 É considerado por muitos como o fundador da imprensa diária no Rio Grande do Norte. Fundou jornais em Assu, Macau, São José do Mipibu e Natal, destacando-se o “Diário do Natal”, pelo qual fez oposição a Pedro Velho, que tinha a “A República” como porta-voz das idéias que apregoava. O natalense Armando Seabra (17/3/1892 – 22/8/1920), crítico literário, também fez do jornalismo sua praia, trabalhando na Bahia, Rio e Natal, onde escreveu para “A República” e fundou “O Tempo”. É o patrono da cadeira 29. Entre os poetas jornalistas destaca-se o natalense Ferreira Itajubá (21/8/1875 – 30/6/1912), que colaborou em praticamente todas as folhas e fundou o “O Eco”. É dele a cadeira 19.
Outro natalense, Gotardo Neto (24/7/1881 – 7/ 5/1911), da cadeira 24, notabilizou-se como sonetista e fundador do jornal “O Potiguar”. Vida breve teve Joaquim Fagundes (19/3/1856 – 27/8/1877), da cadeira 14, morto aos 20 anos não sem antes fundar um periódico maçônico. O poeta natalense Damasceno Bezerra (22/ 9/1902 – 14/9/1947), patrono da cadeira 39, foi redator de “A República”. Dos meios juristas com queda para o jornalismo surgem o natalense Ponciano Barbosa (19/11/1889 – 12/1/1919), patrono da cadeira 25, titular da coluna Clarescuros, n’A República; o advogado, educador e político Manuel Dantas (26/4/1867 – 15/6/1924), da cadeira 26, que dirigiu “A República”, tribuna na qual fez de tudo um pouco; e o advogado e político, nascido em Goianinha, Moreira Brandão (4/9/1828 – 16/6/1895), titular da cadeira 5 e notável polemista, que fundou jornais na província, como “O Rio Grande do Norte”, que circulou entre 1858 e 1862.


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