Além de intelectuais, historiadores, pesquisadores,
educadores, po etas, cronistas, romancistas, teatrólogos, advogados,
magistrados, médicos, políticos, religiosos, músicos e boêmios, todos com
vocação comprovada para as atividades literárias e livros publicados, a
Academia Norte-riograndense de Letras (ANL), abriga também
nos seus quadros uma quantidade relevante de jornalistas.
Entre os 40 patronos
da casa, quase a metade teve o jornalismo como profissão, na maioria das vezes
associada à outra atividade profissional. Entre os fundadores e os que foram
sucedendo estes, até hoje a soma é igualmente alta. São nomes de destaque na
vida política, social e literária do Rio Grande do Norte nos séculos 19 e 20.
Viventes de uma época em que as mentes brilhantes,
invariavelmente, dirigiam seus labores para o jornalismo impresso, algumas
vezes fazendo deste ofício uma profissão de fé; d’outras, apenas um meio de
expressarem suas opiniões ou publicarem criações literárias – artigos,
crônicas, sonetos. Interessante notar como os sacerdotes exerceram no passado
influência na sociedade ao difundirem suas idéias, e as da Igreja Católica,
pela imprensa. Fundaram seus próprios periódicos, e por este meio revelaram,
também, o talento da escrita.
Quatro religiosos – jornalistas - tomaram assento da ANL
como patronos. Dono da cadeira 31, padre Brito Guerra (18/04/1777 –
12/02/1845), nascido em Augusto Severo, é considerado o fundador da imprensa no
Rio Grande do Norte ao lançar, em 1832, o primeiro jornal que se tem notícia:
“O Natalense”, um semanário com conteúdo político e literário. A cadeira 11 tem
como patrono o padre João Maria (23/06/1848 – 16/ 10/1905), caicoense, fundador
da imprensa católica. Dirigiu e editou o jornal “Oito de Setembro”. Os outros dois
sacerdotes jornalistas são: o padre natalense João Manuel (26/ 12/1841 –
30/05/1899), patrono da cadeira 28, que fundou em Natal o jornal Plêiade de
jornalistas imortais literário “O Recreio” e depois colaborou com a imprensa
carioca (“Correio Mercantil” e “Correio do Povo”) e paulista (“Correio
Amparense”), onde se notabilizou escrevendo artigos políticos. E o Monsenhor
Augusto Franklin (19/3/1842 – 8/1/1906), nascido em Goianinha, que editou um
jornal católico em Recife, “Era Nova”.
É patrono da cadeira
30. Entre os médicos com pendores literários e veia jornalística, quatro se
tornaram patronos do velho casarão localizado na rua Mipibu, 443, em
Petrópolis: o assuense Luis Carlos Lins Wanderley (30/8/1831 – 10/2/1890), a
quem pertence a cadeira 6, reconhecido como o primeiro médico do Rio Grande do
Norte, também poeta, professor e teatrólogo, colaborou em jornais na Bahia, Açu
e Natal, e seu filho, também poeta e teatrólogo, o natalense Segundo Wanderley
(6/4/1860 – 14/1/1909), titular da cadeira 16. Os outros dois são: o
ex-governador Pedro Velho (27/11/1856 – 9/12/1907), nascido em Natal, fundador
de “A República” e titular da cadeira 15, e Aurélio Pinheiro (28/1/1882 –
17/11/1938), patrono da cadeira 27, nascido em São José do Mipibu, que escreveu
crônicas para “O Mossoroense”. Atuantes – O assuense Elias Souto (25/1/1848 -
17/5/1906), patrono da cadeira 10, está entre os jornalistas mais atuantes de
sua época.
É considerado por
muitos como o fundador da imprensa diária no Rio Grande do Norte. Fundou jornais
em Assu, Macau, São José do Mipibu e Natal, destacando-se o “Diário do Natal”,
pelo qual fez oposição a Pedro Velho, que tinha a “A República” como porta-voz
das idéias que apregoava. O natalense Armando Seabra (17/3/1892 – 22/8/1920),
crítico literário, também fez do jornalismo sua praia, trabalhando na Bahia,
Rio e Natal, onde escreveu para “A República” e fundou “O Tempo”. É o patrono
da cadeira 29. Entre os poetas jornalistas destaca-se o natalense Ferreira
Itajubá (21/8/1875 – 30/6/1912), que colaborou em praticamente todas as folhas
e fundou o “O Eco”. É dele a cadeira 19.
Outro natalense, Gotardo Neto (24/7/1881 – 7/ 5/1911), da
cadeira 24, notabilizou-se como sonetista e fundador do jornal “O Potiguar”.
Vida breve teve Joaquim Fagundes (19/3/1856 – 27/8/1877), da cadeira 14, morto
aos 20 anos não sem antes fundar um periódico maçônico. O poeta natalense
Damasceno Bezerra (22/ 9/1902 – 14/9/1947), patrono da cadeira 39, foi redator
de “A República”. Dos meios juristas com queda para o jornalismo surgem o
natalense Ponciano Barbosa (19/11/1889 – 12/1/1919), patrono da cadeira 25,
titular da coluna Clarescuros, n’A República; o advogado, educador e político
Manuel Dantas (26/4/1867 – 15/6/1924), da cadeira 26, que dirigiu “A
República”, tribuna na qual fez de tudo um pouco; e o advogado e político,
nascido em Goianinha, Moreira Brandão (4/9/1828 – 16/6/1895), titular da
cadeira 5 e notável polemista, que fundou jornais na província, como “O Rio
Grande do Norte”, que circulou entre 1858 e 1862.
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